Governo gaúcho anuncia R$ 301 milhõdes para obras rodoviárias


O governador Eduardo Leite lançou, nesta segunda-feira (17/6), um pacote de investimentos em estradas, com recursos disponibilizados pelo Estado e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Serão R$ 301,4 milhões aplicados em 2019 para qualificar o sistema rodoviário estadual.

“Temos um orçamento comprimido pelas dificuldades fiscais e, mesmo assim, estamos trabalhando muito fortemente para darmos respostas à nossa sociedade. Tivemos como prioridade, nos primeiros meses de governo, aquilo que mais nos toca, que é a saúde. Agora, depois de assistirmos muitas reclamações das condições das nossas estradas, vamos priorizar essa área tão sensível e ao mesmo tão importante para o desenvolvimento do nosso Estado”, destacou o governador.

Após análise por técnicos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), foram priorizados trechos em piores condições, demandas judiciais, pagamento de dívidas do exercício anterior e a continuidade de obras mais próximas da conclusão.

Mais da metade dos investimentos, cerca de R$ 170 milhões, sendo parte liberado pelo Tesouro do Estado (R$ 136 milhões) e outra via Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico, a Cide (R$ 34,4 milhões), estão distribuídos entre as 17 superintendências regionais do Daer.

O montante inclui recuperação e conservação de rodovias estaduais e pontes, acessos municipais, sinalização, melhorias em vias urbanas por meio de convênios municipais, fiscalização de obras, equipamentos e veículos para o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM).

“Elencamos prioridades, mas os investimentos não se esgotam nelas. Há recursos nas superintendências regionais que serão revertidos em conservação, em tapa-buracos, para dar condições mínimas de logística e transporte”, disse o governador.

Os R$ 131 milhões restantes serão investidos na retomada de uma das obras prioritárias do Estado: a duplicação da ERS-118. O recurso foi descontingenciado pelo governo junto ao BNDES graças ao investimento anunciado pelo Estado na conclusão de acessos municipais.

A rodovia é considerada fundamental para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul e a mobilidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. Até agora, já foram investidos mais de R$ 200 milhões na duplicação e cerca de 70% das obras estão finalizadas.

“Estamos recém no sexto mês de governo e já estamos agindo. Sabemos que essas obras não resolvam nossos problemas de infraestrutura rodoviária e há muito por fazer. Por isso, é fundamental que sigamos encaminhando os projetos de reforma no RS e as parcerias com o setor privado para que tenhamos condições de encaminhar as soluções de infraestrutura, com rodovias seguras e eficientes. Aí sim, teremos um Estado à altura do que nosso povo produz”, disse o governador.

“Os passos futuros na área de infraestrutura de transportes dependem do governo do Estado, é claro, mas inegavelmente exigem, também, uma forte aliança de toda a sociedade para que encontremos, juntos, as soluções para o setor”, afirmou o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, citando o RS Parcerias, que vai incluir as estradas atualmente sob gestão da EGR, e as concessões em andamento da RSC-287 e da ERS-324.

“São bons exemplos que ilustram o objetivo de sermos mais efetivos e darmos respostas mais ágeis para a população, sem dependermos tanto das amarras e burocracias que ainda limitam o poder público”, concluiu Costella.

Clique aqui e acesse a apresentação dos investimentos.

Veja para onde serão destinados os recursos:

Melhorias
O quê: recuperação e conservação de rodovias estaduais e pontes, acessos municipais, sinalização, melhorias em vias urbanas por meio de convênios municipais, fiscalização de obras, conforme as regiões:

1ª Superintendência Regional – Esteio: R$ 8,9 milhões
2ª Superintendência Regional – Bento Gonçalves: R$ 12,4 milhões
3ª Superintendência Regional – Santa Cruz do Sul: R$ 15,3 milhões
4ª Superintendência Regional – Santa Maria: R$ 4,1 milhões
5ª Superintendência Regional – Cruz Alta: R$ 10,1 milhões
6ª Superintendência Regional – Passo Fundo: R$ 8,9 milhões
7ª Superintendência Regional – Pelotas: R$ 9,2 milhões
8ª Superintendência Regional – Bagé: R$ 2,4 milhões
9ª Superintendência Regional – Alegrete: R$ 7,2 milhões
10ª Superintendência Regional – Cachoeira do Sul: R$ 4 milhões
11ª Superintendência Regional – Lajeado: R$ 26,7 milhões
12ª Superintendência Regional – Santiago: R$ 8,5 milhões
13ª Superintendência Regional – Erechim: R$ 9,4 milhões
14ª Superintendência Regional – Santa Rosa: R$ 17,9 milhões
15ª Superintendência Regional – São Francisco de Paula: R$ 6,2 milhões
16ª Superintendência Regional – Osório: R$ 6,9 milhões
17ª Superintendência Regional – Palmeira das Missões: R$ 7,4 milhões

Comando Rodoviário da Brigada Militar
O quê: equipamentos e veículos para monitoramento das estradas estaduais de todo o RS. Investimento será de R$ 5 milhões.

Duplicação da ERS-118
O quê: a obra tem um total de 21,5 quilômetros e se inicia no entroncamento da 118 com a BR-116, em Sapucaia do Sul, e se estende até o entroncamento com a BR-290 (freeway), em Gravataí. O valor a ser destinado para conclusão da obra é R$ 131 milhões, financiados pelo BNDES.

Artigo, Luís Carlos Dias Torres, Estadão - Brasil: futebol, carnaval, samba e inversão de valores


Artigo, Luís Carlos Dias Torres, Estadão - Brasil: futebol, carnaval, samba e inversão de valores
Tenho acompanhado essa polêmica toda a respeito das mensagens trocadas entre a força-tarefa da Lava Jato com o então juiz e atual ministro da Justiça, Dr. Sérgio Moro. Estou absolutamente surpreso! Porém, a última coisa que me surpreende é o teor das mensagens trocadas entre o MPF e o juiz da causa.
Quem advoga na área criminal está mais do que acostumado com essa proximidade entre o juiz e o promotor. Ela é até natural. Afinal, ambos trabalham juntos, fazem audiências todos os dias, durante tardes inteiras. Tanto juiz como promotor são funcionários públicos. Normalmente são pessoas que optaram por essas carreiras com ideais de contribuir para um país e um mundo mais justo; que, em muitas vezes, se traduz em punir os culpados.
Aliás, isso não é de hoje. Desde muito existe esse tipo de entendimento entre o acusador e o julgador. Só que antes, ela acontecia presencialmente, na sala de audiências, no gabinete do juiz, no cafezinho do Fórum, etc. Hoje em dia, com os avanços da tecnologia, ela ocorre pelos aplicativos de mensagem.
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O problema maior se dá quando essa proximidade e essa identidade de ideias e ideais contamina a imparcialidade do juiz. Novamente: quem advoga na área criminal está muito habituado a esse tipo de situação, onde a imparcialidade do juiz está totalmente comprometida por essa proximidade com o órgão da acusação, que é tão parte quanto a defesa no processo criminal.
Não é o caso do juiz Sérgio Moro. Tive a oportunidade de atuar em vários casos da chamada Operação Lava Jato, de casos relativamente comuns até casos mais sensíveis, como o do triplex e o do sítio de Atibaia.
Nosso primeiro cliente era uma pessoa ligada a uma das figuras centrais dessa história – o doleiro Alberto Youssef, velho conhecido da Justiça Criminal do Paraná.
O Ministério Público Federal denunciou e, nas alegações finais, pediu a condenação do nosso cliente. O Dr. Sérgio Moro, de forma independente e imparcial, absolveu nosso cliente.
Depois, representamos um importante executivo da OAS em vários processos.
No caso do triplex, mesmo sem acordo de colaboração firmado com o MPF, o Dr. Sérgio moro reconheceu a contribuição de nosso cliente para o esclarecimento da verdade e aplicou os benefícios da colaboração. O MPF teve de recorrer da decisão.
Mais para frente, foi a vez do processo que versava sobre as obras do Cenpes no RJ. Novamente, o Dr. Sérgio Moro, contrariando os pleitos da acusação, reduziu a pena de nosso cliente ante a sua contribuição para o esclarecimento da verdade, mesmo sem um acordo de colaboração firmado com o MPF. Novamente o MPF teve que recorrer dessa decisão.
Mudou o juiz, mas não mudou a independência e imparcialidade do Juízo da 13.ª Vara Federal de Curitiba. No caso do sítio de Atibaia, a Dra. Gabriela Hardt, inobstante o pedido de condenação formulado pelo MPF, absolveu nosso cliente de uma das acusações e extinguiu o processo em relação à outra acusação. Novamente o MPF recorreu da decisão. Lamentavelmente, vi pouca ou quase nenhuma repercussão dessa decisão na imprensa…
Assim, pelo menos na minha experiência, nunca houve comprometimento da imparcialidade do juiz nos casos da Lava Jato em que atuei. E toda vez que procurei o Dr. Sérgio Moro para despachar, sempre fui recebido com atenção e respeito. Nunca precisei do Telegram do juiz Sérgio Moro para poder falar com ele.
O que ficou muito evidente para mim na conduta do Dr. Sérgio Moro foi sua obsessão pela apuração da verdade. E, afinal de contas, é para isso que serve o processo penal.
Todo processualista sabe que a verdade real está acima da verdade formal. E foi por fazer essa leitura do juiz que definimos que a melhor tática de defesa seria contribuir para o esclarecimento da verdade, que, diga-se de passagem, veio à tona por muitos e muitos outros elementos de prova, tais como perícias, testemunhos, documentos, informações decorrentes de quebra de sigilo telemático, telefônico e bancário, etc.
Nessa história toda, me causa grande perplexidade ver que algum hacker tem a coragem e a petulância de invadir a privacidade do ministro da Justiça e de integrantes da força-tarefa da Lava Jato e que essa questão fique em segundo plano! Isso é gravíssimo! Autoridades da maior importância tiveram seus telefones invadidos e as pessoas parecem não se aperceber da seriedade disso. Trata-se de crime grave e a identificação e punição dos envolvidos deveria estar em primeiro lugar na ordem do dia.
Hoje, um site qualquer que tenha ligação com o mundo do crime – e hackers são criminosos, não nos esqueçamos disso – dá voz irrestrita àqueles que têm a audácia de hackear os celulares do ministro da Justiça e de procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato.
Quem passou essas informações para o jornalista? Como ele teve acesso a elas? Se o jornalista for perguntado, certamente vai e deve alegar que tem direito ao sigilo da fonte.
A inversão de valores que estamos vivendo é de deixar qualquer pessoa de bem completamente estarrecida. As pessoas que trabalham para fazer com que os criminosos paguem por seus crimes, são condenadas. Enquanto isso, o sigilo (da fonte) vale para proteger a identidade de criminosos audazes, mas o sigilo (das comunicações) pode ser atropelado se for para expor autoridades altamente respeitadas ao juízo (leigo) da opinião pública. É isso mesmo ou eu perdi alguma parte dessa história?!?
O que mais me deixa espantado nisso tudo é que a imprensa supostamente séria presta mais atenção no conteúdo das mensagens trocadas – que revelam nada mais do que a praxe forense de sempre – do que no crime praticado contra importantes autoridades da República.
No fim, realmente tem muita coisa surpreendente nesse episódio todo. A única coisa que não causa surpresa alguma é o teor das mensagens trocadas entre a força-tarefa da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro.
*Luís Carlos Dias Torres é advogado do Torres Falavigna Advogados


Artigo, César Gruendling, Gazeta do Sul - The Intercept e o desmame

Você já teve aquela sensação, quando criança, de ir todos os dias na geladeira e pegar um Danoninho? Você vai de novo e de novo e sempre quando abre a porta, seus olhos brilham diante do Danoninho em abundância. Então, algo incomum acontece, você abre o refrigerador com toda convicção e, pimba, não há mais Danoninho lá. A primeira sensação é de vazio, a próxima, de revolta. Ao ser informado que as coisas estão mudando dentro de casa e não haverá mais Danoninho porque a justiça, digo, seus pais interromperam seu “esquema” com o refrigerador, seu sentimento de revolta vai aumentar sob uma indignação inconsolável gerada pelo “desmame” de Danoninho. Afinal, ele sempre esteve lá, era tão natural e fazia parte do seu modus operandi desde sempre. Você, então, vai tentar qualquer coisa para reverter essa desconfortável condição.
Portanto, The Intercept representa toda essa gente abstinente de Danoninho, digo, de porcentagens, desvios, comissões e propinas. The Intercept são todas as “vítimas” do desmame que a lava Jato tem produzido nos últimos anos. Um autêntico exército de órfãos da velha corrupção sistêmica ainda incrédulos que seus naturais esquemas os estão levando em cana e, pior, fazendo devolver a grana. The Intercept são todos aqueles que apertam a teta que não dá mais leite. The intercept é o stablishment consolidado nos últimos trinta anos de “democracia madura”, The Intercept é o medo da cadeia, é o deputado que você votou, é o juiz de tribunal superior indicado pelo crime organizado, The Intercept é a grande mídia que viu seus recursos bilionários secarem em publicidade, The intercept são os lobistas, empresários, atravessadores, doleiros assistindo sua demanda suprimir, The intercept são todas as vítimas do desmame esperneando. Uma máfia interessada em enterrar a maior operação anticorrupção do mundo moderno.
Então, The Intercept é robusto e vai desde o vereador da sua cidade até os canalhas mais clássicos da república desejando o caos institucional a fim de reestabelecer seus cartéis lucrativos. Em contrapartida, The Intercept, não representa os milhões de pequenos e médios empresários, prestadores de serviço e trabalhadores que que funcionam 5 meses por ano pra manter a roda girando, temendo pela segurança e saúde de seus familiares. Mas se todos sabemos quem, de fato, é The Intercept, cabe saber se vamos permitir nos entregar de novo à nefasta “democracia de coalizão”, do toma lá cá, dos meios de comunicação cheios de verbas públicas propagandeando as “fake News” do governo, da indisciplina fiscal, de Lula, Temer, Cunha, Sarney, FHC, Aécio e quem mais quiserem.
Pare de protestar no seu grupo fechado de whattsapp, comece a pensar em expressar um apoio massivo ao combate à corrupção. Se você não gosta de se envolver, pelo menos, faça pelo seu filho antes que The Intercept lhe engula pela segunda vez. Pense sobre sair do casulo, pois, é isso que The Intercept mais teme...
*  Cirurgião-Dentista e Professor.
** Publicado originalmente na Gazeta do Sul de Santa Cruz e no Facebook do autor

Artigo, Marcelo Aiquel - As conversas entre Moro e Dallagnol

                    As pessoas ideologicamente viradas à esquerda exultaram, ensandecidas – esta semana – com a divulgação maciça (blogs, emissoras e gente, frontalmente favorável a fofocas e muita parcialidade) das “escandalosas” conversas captadas ilegalmente por um HACKER.
                   Ora, inicialmente cabe-me, na condição de advogado militante, que sou há mais de 40 anos, esclarecer duas coisas por demais importantes e relevantes para compreensão desta matéria:
                   1ª = o que é um hacker?
                   Tido (por todos!) como alguém que pratica delitos cibernéticos, um pirata digital, não é nada mais do que um bandido. E, como tal deve ser considerado.
                   2ª = o que o CPP (Código de Processo Penal) em vigor, diz sobre prova ilegal?
                            Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

                               

                   Esclarecida a regra legal, pergunto: Restou alguma dúvida quanto à ilicitude da “prova bomba”(bomba, unicamente para as desesperadas viúvas do foro de SP)?
                   É óbvio que a pergunta acima só vale para quem – realmente – sabe viver uma democracia plena, sem interesses pessoais. Que, absolutamente, não é o caso dos esquerdopatas e Lulopetistas.
                   Prosseguindo no tema, permito-me questionar aos milhares de “palpiteiros” que – desvairados – antecipadamente julgaram o Ministro Moro: quantos, dos “comentaristas de plantão”, teriam alguma (por mais leve que seja) noção de como funciona (e olha que sempre funcionou assim!) o processo criminal no Brasil?
                   Ora, quase sempre promovido pelo Estado, como in casu, é unicamente ao autor da ação sobre quem recai o ônus da prova. Daí que o juiz (pago pelo Estado, parte da causa) tem total interesse no deslinde do processo. E, com quem ele (juiz) conversa normalmente sobre o caso? Com o seu vizinho? Claro que não! Ele conversa com o promotor, é óbvio. Não é por outra razão que geralmente o gabinete de um fica próximo do outro.                        
                   Daí, que a coisa mais natural do mundo é o Estado buscar desincumbir-se do ônus da prova.
                   Entenderam o desenho, ou não adianta nem desenhar? Pra bom entendedor quase sempre um “DESENHO” basta. Para os fanáticos cegos, não sei...
          O que eu vi, não passou de um “temporal em copo d’água”. Só isso!
                   No mais, foi apenas a tentativa de fazer “carnaval” fora de época. Que, mais uma vez, fracassou. Um novo tiro no pé.

Artigo, Guilherme Fiuza, Gazeta do Povo - Os arapongas de bordel

Pegaram Sergio Moro. Ele foi flagrado sentenciando o ladrão mais querido do país – e isso não se faz. O pessoal da mídia transformista – a militância fantasiada de jornalismo – não gostou do que o principal juiz da Lava Jato falava em privado durante o processo que condenou o bom ladrão. Jean Wyllys (por acaso amigo dos arapongas em questão) já tinha reclamado que a voz de Moro é fina. Agora veio a queixa sobre os modos para se referir ao ladrão amigo.

Ok, cada um na sua – e se a sua é a militância delinquente com maquiagem de jornalismo investigativo, você tem mesmo que caçar quem defende a lei. Ainda assim, se coloque no lugar de Sergio Moro por um instante.

Ele estava liderando a força tarefa que capturou a quadrilha mais simpática e voraz da história. Já tem gente até dizendo que ele não poderia ter liderado Lava Jato nenhuma, que tinha que ficar lá no gabinete dele canetando os processos e ponto. Normal: no mundo encantado dos legalistas de almanaque, a justiça se faz praticamente com uma varinha de condão. O juiz é um burocrata que não precisa nem lavar as mãos no fim do expediente, tal o seu isolamento virtuoso.

Voltando ao mundo real e sua desobediência aos almanaques, Moro tinha entendido que o filho do Brasil – uma figura a caminho da canonização em vida – aproveitara sua santificação na Terra para se associar a santidades menos conhecidas que ele, mas igualmente puras – que viviam no altar das empreiteiras. Tudo em nome da amizade e da camaradagem, num clima tão fraterno e altruísta que ali a gula nem era pecado. Sendo assim, saíram devorando tudo (sem culpa).

Sergio Moro foi o estraga prazeres que apareceu para atrapalhar essa história bonita. O final terrível de tudo isso – se é que se pode falar em final – foi a condenação e prisão inédita no país de empreiteiros bilionários que só queriam fazer o bem, junto com ídolos do PT que tomaram o dinheiro do povo só para impedir que ele gastasse tudo com cachaça.

Agora imagine a cena: Moro decreta a prisão de Lula e ele simplesmente não obedece. Se tranca num sindicato cercado de fiéis transtornados esbofeteando jornalistas e dizendo que o grande líder só sairia dali sobre seus cadáveres. A companheira Gleisi já tinha avisado que ia morrer gente se ousassem tentar prender Lula.

Vários desses intelectuais de almanaque – os que dizem que juiz bom é juiz de gabinete – ali já diziam que Moro tinha dado vexame: sua sentença precipitada e inócua iria para a lata de lixo da história.

Os legalistas sabem admirar um bom drible marginal nas instituições.

Além deles, na torcida – e na fé – pelo baile de Lula na Justiça e na lei, estavam celebridades, famosas entidades de classe, parte da imprensa internacional, instituições multilaterais de direitos humanos (sic), etc. E Moro jogando xadrez com essa tsunami “progressista” em sentido contrário, fora os insultos de quem estava a favor dele mas já o chamava de arregão nas redes sociais. “Manda a polícia logo!” “Morreu na praia!” etc.

Ao contrário do que fingem querer os legalistas de almanaque, nesse momento Sergio Moro não estava sozinho em seu gabinete esperando a justiça se fazer pela providência divina. Certamente estava conversando não só com procuradores, mas com delegados, agentes, desembargadores e outros. Estava fazendo o que não estava em nenhum script e contrariava todos os convites das circunstâncias: evitar um banho de sangue e desmontar um teatro que salvaria um criminoso.

Se os arapongas fantasiados de jornalistas capturarem alguma mensagem telefônica desse famoso 7 de abril de 2018, informarão, depois daquela edição caprichada, que Moro estava combinando com seus comparsas como capturar um inocente perseguido por ele.

Como diria Cazuza: transformam um país inteiro num puteiro pra ganhar mais dinheiro – e (complementamos) querem que o xerife seja a virgem.

Artigo, Renato Sant'Ana - Desarmando confusões

         Uma coisa é não gostar de armas. Outra é ser contra o direito de autodefesa daqueles que, aptos a fazê-lo, optam por ter uma arma. Você pode falar "jamais terei arma", é seu direito de escolha. Nem por isso terá razão de querer que todos estejam obrigados a fazer o mesmo.
          Está visto que o governo é muito competente para desarmar quem vive na legalidade, ao passo que simplesmente não consegue desarmar o crime. Quando, em 2005, a população honesta ficou proibida de se defender, o que o governo Lula fez foi dar, à bandidagem, o "monopólio das armas", tornando o crime uma "profissão" de baixíssimo risco. Haverá dúvidas de que criminosos preferem manter a proibição?
          O pessoalzinho do grêmio estudantil logo vai ironizar: "Ah, vamos dar uma arma pra cada um..." Não! Ninguém (ninguém!) está propondo uma irrestrita distribuição de armas. O que se pretende é, por um lado, que pessoas aptas, assim desejando, possam prover sua defesa. E, por outro, que os bandidos não tenham mais a segurança de saber que as vítimas estão desarmadas e vulneráveis.
          De sã consciência, ninguém acredita que se ataca a complexidade da violência apenas armando os cidadãos. Entretanto, não há como negar que, por exemplo, assaltos e roubos a propriedades rurais (onde policiamento não há) vão diminuir drasticamente quando as vítimas potenciais recuperarem o direito de se defender.
          O fato inelutável é que, hoje, assaltantes e ladrões em geral agem na presunção de que as vítimas estão indefesas e não oferecem risco, impedidas de reagir. Por enquanto, bandidos não têm muito a temer.
          E como chegamos a isso? Em 2005, houve o Referendo Nacional Pelo Comércio de Armas e Munição. O povo votou contra o desarmamento (e a favor do direito de autodefesa). Mas o governo petista, como sempre, mandou o povo às favas, desarmou a população e fez do banditismo uma "profissão" de baixo risco.
          E aqui está uma verdade que não aparece nos jornalões: o desarmamento de 2005 foi a aplicação de diretrizes de uma organização internacional, o nefasto Foro de São Paulo (FSP). Para que se tenha ideia, o mesmo ocorreu na Venezuela, onde, como aqui, contrariando o discurso dos governos bolivarianos, a violência só aumentou.
          Na Venezuela, aliás, o projeto do FSP foi mais longe: hoje a população desarmada tem de suportar as "milícias chavistas", militantes do partido governista, bandidos oficiais que, portando armas longas e pilotando motocicletas, controlam a população.
          Felizmente, a venezuelização do Brasil ficou pela metade. Mas é fato que muitas pessoas de boa-fé e alheias ao FSP ainda alimentam crenças que a propaganda governista de 2005 lhes enfiou na cabeça.
          Apesar disso, embora contra a proibição em vigor, a maior parte da população não pretende armar-se. E é bom que assim seja. Inadmissível é que, não havendo suficiente proteção estatal, as pessoas aptas não possam defender-se a si nem aos seus (com os bandidos sabendo disso!).
          Mas convém, sim, que o assunto seja tratado com rigor: nem todo mundo tem condições de portar uma arma. O que é repudiável é a proibição indiscriminada, que, ao contrário do que afirma o esquerdismo, tornou o Brasil um dos países mais violentos.

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo