Você.
Donald Trump, Mauricio Macri e João Dória são empresários
que migraram para a política, representam uma ruptura do status quo neste setor
e traduzem, por isso, uma forte percepção de mudança. Mas isso tudo é notório.
O que não é óbvio e me pareceu decisivo nessas três eleições é: elas são um
retrato perfeito da revolução digital. E VOCÊ está no centro disso.
Explico.
Você quer renovação na política. Você se importa pouco
com ideologias. Está permanentemente conectado. Recebe informações de todos os
lados, por todas as redes, o tempo inteiro. É com essa consciência que você
vota. Ou decide se vai, ou não, votar. É com esse empoderamento, criado a
partir das informações a que tem acesso, que cria sua própria convicção e
escolhe. É uma lógica completamente diferente – e não quero aqui
falar sobre as posições ou ideias dos candidatos.
Não mais adianta Madonna pedir para o eleitor votar em
Hillary Clinton. Ele pode até gostar de Madonna, mas se não quiser votar em
Hillary, não vota. Madonna não manda neste eleitor. Partido político não manda
neste eleitor. Ninguém mais manda neste eleitor. Ele forma sua convicção e
decide sozinho, a partir de tudo que vê, ouve, lê e conversa. É uma
autonomia jamais vista.
É por isso que nem todo latino sente-se obrigado a votar
em Hillary. Porque ele quer votar em quem ELE quiser. Em quem ELE acha que é
bom para ele. E, assim, criam-se oportunidades para novos líderes surgirem,
para novas pessoas apresentarem suas propostas, para representantes
diferenciados, de setores ou formações nunca pensados, fazerem carreira.
Porque, se o eleitor quiser, qualquer um deles poderá ser o novo presidente.
Essas escolhas traduzem uma identificação pessoal desses
eleitores americanos, argentinos e paulistanos. Eles são influenciados por este
mundo novo, conectado, e não mais por promessas vazias, ideias questionáveis ou
posições polêmicas. Este eleitor pode nem concordar com tudo que o candidato
expressa, mas ao se identificar com algum aspecto, e por sentir-se empoderado
para decidir, ele faz a sua escolha. E este protagonismo, acredito, é uma
percepção recente que deve sua intensidade às redes sociais e às novas formas
de comunicação. É neste ambiente que as pessoas vivem, opinam sobre o mundo,
questionam e se posicionam. Elas percebem que sua própria convicção tem
valor.
O que resulta disso?
Para mim, várias coisas: acabou o voto por influência.
Acabou a ideologia do voto. Acabou direita e esquerda. O que fica é o
indivíduo e o seu poder de escolha.O eleitor e seu protagonismo.Isso vai exigir
mudança nos sistemas políticos, ajustes nas regras de representatividade,
transformação nos partidos.
Cada um dos eleitores é protagonista. Cada um
decide. E qualquer um pode ser o próximo presidente da
república. Quem sabe você, que está terminando de ler esse texto?
Nelson Pacheco Sirotsky
Presidente da Maromar Investimentos e Membro dos
Conselhos do Grupo RBS e do Grupo Algar