MEU ULTIMO POST NA VEJA
PF divulga trechos de conversa minha com Andrea Neves,
uma das minhas fontes, em que faço críticas a uma reportagem da VEJA. Pedi
demissão. Direção aceitou
Por Reinaldo Azevedo access_time 23 maio 2017, 17h00
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(Reprodução/Reprodução)
Andrea Neves, Aécio Neves e perto de uma centena de
outros políticos são minhas fontes.
Trechos de duas conversas que mantive com Andrea, que
estava grampeada, foram tornadas públicas. Numa delas, faço uma crítica a uma
reportagem da VEJA e afirmo que Rodrigo Janot é pré-candidato ao governo de
Minas e que estava apurando essa informação. Em outro, falamos dos poetas
Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto.
Fiz o que deveria fazer: pedi demissão — na verdade,
mantenho um contrato com a VEJA e pedi o rompimento, com o que concordou a
direção da revista.
Abaixo, segue a resposta que enviei ao BuzzFeed, que vai
fazer ou já fez uma reportagem a respeito. Volto para encerrar. Mesmo!
Comecemos pelas consequências.
Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que
está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou.
1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e
sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação;
3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira
de intimidar jornalistas;
4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro
momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo
que não aconteceria;
5: mas me ocorreu em seguida: “se estimulam que se grave
ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é
crítico ao trabalho da patota?;
6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da
conversa de um jornalista com sua fonte seria considerada um escândalo. Por
aqui, não;
7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava
Jato, de incensar seus comandantes;
8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa
conversa me tem como foco, não a ela;
9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo
em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo;
10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma
garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada
tem a ver com a investigação;
11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem
a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa
de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo.
Encerro
No próximo 24 de junho, meu blog completa 12 anos. Todo
esse tempo, na VEJA. Foram muitos os enfrentamentos e me orgulho de todos eles.
E também sou grato à revista por esses anos.
Nesse tempo, sob a direção de Eurípedes Alcântara ou de
André Petry, sempre escrevi o que quis. Nunca houve interferência.
O saldo é extremamente positivo. A luta continua.