Nota de Perondi

Surpreendido pela repercussão da minha posição na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados contra o Parecer do Relator, quero afirmar o seguinte:

1º - Em nenhum momento fiz apologia ao nazismo e ao fascismo. Transcrevo aqui minhas palavras, de acordo com as notas taquigráficas oficiais da Câmara (imagem anexada): ¿Registro a ousadia do Relator, servil à Procuradoria, de dizer que, em dúvida, é pela sociedade, e não pelo réu. Vamos rasgar o Código Penal, a Constituição Federal! Vamos rasgar! Isso é apologia do nazismo, do fascismo. Mussolini fez o mal, Hitler fez o mal com essa política¿.Está claro que me referi às práticas nazistas e fascistas de não respeitarem as leis. Em nenhum momento a questão religiosa foi mencionada.

2º - O meu comportamento e minha história como cidadão e político respaldam a minha solidariedade e indignação ao sofrimento dos judeus nos momentos dramáticos e nefastos, quando o Estado era tudo e o cidadão não era nada.

3º - Se houve um mal-entendido, peço desculpas à toda comunidade israelita do Brasil que eu respeito e onde tenho excelentes relações.

Darcísio Perondi

Deputado Federal (PMDB-RS)

Homenagem

Homenagem aos 10 anos de falecimento dos integrantes do sindicato Sinapers e demais vítimas do acidente aéreo com o voo JJ 3054, da TAM, ocorrido em 17 de julho de 2007.
Dia 17/07 – segunda-feira
11h - Homenagem na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini, local onde se reuniam as tricoteiras do Movimento do Tricô dos Precatórios, do Sinapers - com a participação da Banda da Brigada Militar.
11h30min - Doação das mantas produzidas pelas Tricoteiras do Movimento Tricô dos Precatórios para a SPAAN – entidade assistencial a idosos.
11h45min – Revoada de balões.
12h10min – Missa na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, com a participação do Coral Sinapers Encanto e Coral da Sefaz.
Homenageados
Tricoteiras: Adelaide Helegda Rolim de Mora; Elcita da Silva Ramos; Mery Wilma Garske Vieira; Nelly Elli Priebe; Sônia Machado; Suely Leal Fonseca; Julia de Oliveira Camargo (Presidente do Sinapers).
Catilene Maia (secretária); Katia Escobar (assessoria de imprensa) e Paulo de Tarso Dresch da Silveira (assessor jurídico).

Tricô dos Precatórios

Foi criado pelo Sinapers em dezembro de 2005 como forma de protesto pelo não-pagamento de precatórios no Estado do RS. É composto por credoras associadas ao sindicato que, ao tricotar, representam a persistência na luta pelo pagamento de precatórios.
Inicialmente, o grupo reunia-se todas as quartas-feiras, à tarde, em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, e cidades do interior, como Cachoeira do Sul e Santa Maria, como forma de sensibilizar a opinião pública para o crescimento da dívida e o descaso do governo.
O movimento cresceu e passou a ser considerado o principal símbolo de protesto pelo pagamento de precatórios não apenas no RS, mas em todo o país.
Em julho de 2007, quando se dirigiam à SP para participar de um evento organizado pela Fiesp, um acidente aéreo com o voo 3054 da TAM vitimou o grupo de tricoteiras que viajavam para representar o sindicato.
Após a tragédia, o grupo se refez e persistiu sua luta pelo pagamento de precatórios.
A partir de 2009, o movimento adquiriu, também, um caráter social através da doação das mantas, cobertores e sapatos de lã tecidos para instituições de caridade do Estado

José Nêumanne: Um herói sem caráter nenhum

José Nêumanne: Um herói sem caráter nenhum

Líder sindical que vendia greves, informante da ditadura que combatia e político paparicado

Publicado no Estadão

Quando alguém pede um autógrafo num exemplar de meu livro O que Sei de Lula (Topbooks, Rio de Janeiro, 2011), minha definição favorita para o protagonista que perfilei em suas 522 páginas é “Macunaíma de palanques e palácios”. É necessária, contudo, uma pequena inversão na frase com que Mário de Andrade definiu magistralmente seu personagem-símbolo da brasilidade, “um herói sem nenhum caráter”. Lula talvez mereça uma definição com uma troca de lugar do pronome indefinido na frase: “um herói sem caráter nenhum”.

Conheci-o em 1975, quando acompanhei sua ascensão à condição de maior dirigente sindical da História ao preparar, negociar e dirigir as greves que ajudaram a extinguir a longa noite da ditadura tecnocrático militar. Quase meio século depois, contudo, o empreiteiro Norberto Odebrecht, herdeiro e herdado da construtora encalacrada na corrupção da Lava Jato, contou que lhe pagou propinas para evitar greves. Ou seja, o maior líder operário teria sido também o maior “traíra” da História do movimento obreiro, tendo chegado ao ponto de tirar proveito pessoal de sua condição de condutor de massas.

As greves espetaculares dos metalúrgicos do ABC, lideradas por ele de um palanque armado no centro do Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, contestaram a estrutura legal do peleguismo varguista, que perdurou na ditadura. As paralisações das montadoras de automóveis e fábricas da cadeia automotiva roeram os pés de barro do regime autoritário, que ruiu sobre as próprias bases. Mas ele mesmo foi informante dos militares, como contei na abertura de meu livro citado. E também do diretor do Dops paulista, o delegado Romeu Tuma, conforme relatou o filho deste, o também delegado que foi secretário de Justiça do Ministério da Justiça da primeira gestão presidencial de Lula, Romeu Tuma Jr. Nunca, em momento algum, as informações dadas nas páginas seja de O que Sei de Lula, seja de Assassinato de Reputações, também editado pela Topbooks, foram contestadas em entrevista, artigo ou processo judicial.

No entanto, essas bombas de hidrogênio sobre a imagem de qualquer político de esquerda no mundo inteiro não produziram o efeito de um traque junino na mitologia em torno do entregador de lavanderia e torneiro mecânico que chegou ao mais elevado posto da República.
Neste, aliás, produziu a catástrofe de efeito ainda mais deletério: o maior escândalo de corrupção da História e, em consequência dele, uma crise política, que está passando pela segunda tentativa de afastamento do presidente da República, e econômica, que levou 14 milhões de trabalhadores à tragédia do desemprego. No entanto, o ex-presidente mantém a fama, a condição de mito e o poder que isso transfere. É o político mais celebrado na memória do povo e o mais temido pelas elites dirigentes, às quais sempre serviu, embora tendo sempre vendido o peixe de que é seu inimigo favorito.

O retirante nascido no agreste pernambucano e criado nas franjas industriais da Grande São Paulo, de onde emergiu para a fama, foi o pai dos pobres, que nunca se esquecem dele, e a mãe dos burgueses, que preferem vê-lo a distância segura, mas sabem que na hora H poderão contar com sua eterna gratidão. Por isso, o chefe da organização criminosa que limpou todos os cofres da República é o chefão da conspiração daqueles que participaram com ele desse assalto. Agora condenado, vale mais para ele do que para qualquer outra eventual vítima da limpeza da Operação Lava Jato aquele slogan do anúncio de
vodca: “Eu sou você amanhã”.  Por isso é o “rei do paparico”, embora suas qualidades pessoais e de gestor não possam ser comparadas ao cardápio do restaurante do Porto que leva esse nome