A indecente exploração política da tragédia no RS

NOTAS & INFORMAÇÕES 18 MAIO 2024 | 3min de leitura




É obscura a função do tal Ministério Extraordinário para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, recém-anunciado pelo presidente Lula da Silva, mas sua motivação é claríssima: ao escolher como titular da pasta o agora ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência Paulo Pimenta, Lula não escondeu que pretende explorar politicamente a tragédia daquele Estado. Para que não restassem dúvidas, o demiurgo petista transformou o anúncio das medidas num comício obsceno, em que anunciou até que vai disputar “mais dez eleições”.


A única parte do currículo do sr. Pimenta que o liga à catástrofe do Rio Grande do Sul é sua origem gaúcha, de resto uma qualidade de milhões de outras pessoas, algumas das quais certamente bem mais familiarizadas do que ele com os enormes desafios que ali se apresentam. Mas ele não foi escolhido, é evidente, por seu talento executivo.


Há outros aspectos do currículo do novo ministro extraordinário que explicam melhor seu novo papel de “autoridade federal” no Estado. Primeiro, o sr. Pimenta é cotado para ser o candidato petista ao governo do Rio Grande do Sul em 2026, e nada melhor para uma campanha eleitoral antecipada do que ganhar a atenção dos aflitos eleitores gaúchos nos próximos meses.


Em segundo lugar, mas não menos importante, o sr. Pimenta era o responsável pela comunicação do governo, e presume-se que, com esse espírito, o tal ministério extraordinário possa servir para promover a imagem do governo federal. Consta que Lula anda muito contrariado com o fato de que, na sua visão, as ações do governo federal no Rio Grande do Sul não estão sendo devidamente reconhecidas. Logo, nada mais compreensível do que atribuir ao seu notório ministro da propaganda a tarefa de alardear os supostos feitos do Palácio do Planalto neste momento de grande comoção nacional.


O sinal mais evidente de que o espírito da coisa não é bom é o fato de que a criação da tal secretaria extraordinária pegou de surpresa o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB). O tucano disse ter tomado conhecimento da medida por meio da imprensa. Não é desse tipo de picuinha política que os gaúchos precisam neste momento.


Não há dúvida de que reconstruir o Rio Grande do Sul não só demandará sacrifícios ainda desconhecidos, como dependerá fundamentalmente da presença da União. O governo federal, portanto, não só pode, como deve vir em socorro do Estado. Mas, primeiro, da forma constitucionalmente adequada, vale dizer, respeitando a Federação; e, segundo, utilizando os meios corretos.


Um exemplo dessa ajuda federal na medida certa foi a suspensão da dívida do Rio Grande do Sul com a União pelo prazo de três anos. Trata-se de um alívio fundamental para um Estado que ainda nem sequer tem condições de dimensionar todos os prejuízos causados pelas chuvas. É nesse tipo de ação que Lula deve se concentrar, e não em instilar cizânia política num momento dramático em que os cidadãos clamam pela união de seus governantes.


Há um governador eleito pelos gaúchos no cargo, vale lembrar. Em que pesem as críticas que possam ser feitas ao seu desempenho, é a Eduardo Leite – e aos prefeitos – que cabe liderar as ações de reconstrução do Estado, lidando com o ônus político de governar. Ao governo federal cabe somente apoiar os líderes locais, facilitando a transferência de dinheiro e a mobilização de recursos humanos para o Rio Grande do Sul.


Ajudar não é se intrometer. A criação desse ministério extraordinário – na exata medida dos interesses políticos tanto do presidente como do sr. Pimenta – não pode se travestir de intervenção federal no Estado, menos ainda como intervenção mal disfarçada. Enquanto papéis e responsabilidades não estiverem muito bem definidos, é lícita a inferência de que essa nova pasta não se prestará a outra coisa senão à politicagem em meio à tragédia climática e humanitária.


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Vade retro

 O que mais me assombra neste caso da intervenção branca do governo federal lulopetista no Rio grande do Sul, que nem pode mesmo ser chamada de intervenção branca, mas intervenção para valer ... o que mais me assombra é o silêncio quase sepulcral que as principais lideranças políticas e da sociedade civil, inclusive da mídia, mantêm diante do que está acontecendo, uma exploração política indecente, tudo em meio a uma tragédia, como foi o comício da Unisinos, quando o candidato declarado ao Piratini foi anunciado como o gauleiter petista, da oposição ao atual governo tucano, no RS. 

A começar pelo silêncio do próprio governador Eduardo Leite.

Eu protestei contra a criação do ministério da Reconstrução, da nomeação do ministro Paulo Pimenta e, portanto desta intervenção federal, desde o primeiro momento.

Claro que o governo lulopetista tentou dourar a pílula, dizendo que quer apenas coordenar a ajuda federal, mas acontece que o governo lulopetista, como vocês sabem, mente tanto que nem sente.

O mais assombroso é que diante do silêncio quase generalizado da gauchada, ganha corpo denúncias graves que saem pela boca de gente de fora do Estado, como é o caso do jornal O Estado de S. Paulo, que apontou o que ele chamou de "indecente exploração política da tragédia das águas".

Foi preciso que o ex-governador Aécio Neves, tucano como o governador Eduardo Leite, viesse a público para mostrar que o rei está nu mais uma vez.

Aécio levanta a questão principal, ao denunciar:

É uma intervenção no Estado, não prevista na Constituição. 

Ele disse que vai questionar na Câmara os fundamentos legais do ato tresloucado do governo lulopetista, confrontando o governo constituído do RS.

E até foi mais longe, repetindo o que eu já tinha dito na quinta-feira:

- O precedente é muito perigoso.

Por que razão ? Porque pode ser repetido contra os governadores que não rezam pela cartilha do governo federal lulopetismo, como a Minas do próprio Aécio ou São Paulo de Tarcisio.

Aécio pergunta, justificadamente, se o PT consideraria razoável se o governo Jair Bolsonaro criasse secretarias extraordinárias nos estados brasileiros para combater a pandemia da Covid-19.

Lula nem consultou o governador, que reagiu polidamente e politicamente criou uma secretaria da reconstrução para interagir com Pimenta, que nem se toca com estas filigranas e vai tentando governar o governo do RS

Está correto o que diz uma das vozes gaúchas que se levantou contra a intervenção, no caso o senador Hamilton Mourão, que gravou pronunciamento, ontem a tarde, denunciando como quebra do princípio federativo a criação do 29o ministério e a indicação do deputado Paulo Pimenta para estabelecer um poder paralelo no RS.

Ontem, também, em Nota Oficial, o deputado federal Luciano Zucco já tinha denunciado a intervenção federal.

Há um governadaor eleito no RS, vale lembrar, e este com certeza não é o ministro Paulo Pimenta, que não é bem vindo para cumprir a função de gauleiter, o interventor enfiado goela abaixo dos gaúchos pelo governo nomeado.

Vade retro, Paulo Pimenta !

Calamidade?

     Vivemos hoje, no RS, o chamado " estado de calamidade". O termo estado, aqui, refere-se ao latim status, como situação, uma dada condição. No caso, deplorável e devastadora, como bem podemos definir.

      Já o Estado de calamidade é diferente. Aqui, observem (e a história nos assegura),  cristalinamente, que a calamidade é, no fundo, o próprio Estado. E não há o que contestar. Vira e mexe, esse ser gigantesco jamais perde a oportunidade de mostrar que é terrivelmente caro, além de inútil. Com as exceções que comprovam a regra!

      No livro " Por Que as Nações Fracassam", Daron Acemoglu e James Robinson iluminam o passado e fornecem faróis que permitem ver o presente, sempre vislumbrando a busca de um futuro melhor.  Neste caso, confirma-se, apenas obteremos êxito quando e se formos capazes de ressignificar o tamanho e o papel do Estado no processo de desenvolvimento das nações. Do nosso Brasil, principalmente.

      Como hoje se apresenta, o Estado brasileiro não passa de um Leviatã bíblico, um ser gigante, de muitas cabeças, capaz de causar catástrofes por onde quer que se estabeleça. É ou não é o retrato típico do Estado nacional brasileiro?

      Repensar o Estado. Redimensioná-lo. Tirá- lo das mãos dos milhões de parasitas que dele se apropriaram e dele fazem seu meio e fim de viver. A sociedade que se dane!

      No Brasil, da era Vargas prá cá, o Estado foi-se agigantando. Sem limites, tornou- se nesse leviatã poderoso, cheio de soberbas e pretensões de ser imbatível, incontestável e intocável. Aqui o Estado se tornou, muito graças à cultura "progressista" imperante, na mais abjeta instituição extrativista. Suga nosso sangue, nosso suor e lágrimas e ainda por cima posa de salvador da pátria. Quanta insanidade juntas! Até quando?

Sílvio Lopes, jornalista, economista e palestrante.

Aeroporto

 Os passageiros impedidos de voar até Porto Alegre agora podem desembarcar no aeroporto de  Florianópolis e ir de ônibus para a capital gaúcha. O consórcio que opera o aeroporto da capital catarinense começou a operar uma malha emergencial rodoviária para atender passageiros que usariam o Aeroporto Internacional Salgado Filho, interditado por tempo indeterminado por causa das enchentes no Rio Grande do Sul.


Operada pela empresa Eucatur, a rota rodoviária tem seis viagens diárias, com três saídas de cada cidade. Os ônibus partem de Florianópolis para a Grande Porto Alegre às 8h30, às 14h e às 23h55. As saídas da capital gaúcha ocorrem às 8h15, às 14h e às 23h55. Com cerca de 450 quilômetros de distância, a viagem dura em torno de 8 horas.


Além da rota de ônibus, o aeroporto de Florianópolis opera, até 30 de maio, voos adicionais entre as regiões Sul e Sudeste para compensar o fechamento do aeroporto de Porto Alegre. A Azul acrescentou duas frequências a mais por dia entre Florianópolis e Viracopos (SP). A Gol ampliou para dois voos a mais por dia para os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro; a Latam passou a oferecer um voo diário adicional para o Aeroporto de Guarulhos (SP).


Essas frequências se somam aos 29 voos regulares diários para o estado de São Paulo, operados pelas três companhias aéreas para os aeroportos de Congonhas, de Guarulhos e de Viracopos.


Desde 3 de maio, o Aeroporto Internacional Salgado Filho está fechado para pousos e decolagens. Afetado pelas inundações que atingem não apenas o terminal, mas hangares e pistas onde aviões permanecem ilhados, o aeroporto está com as operações suspensas por tempo indeterminado.