Estatal vai instalar neste ano oito embarcações
destinadas ao pré-sal, que ganhará ainda mais importância nos negócios da
empresa; expectativa é elevar a extração de petróleo de 2,6 milhões de barris
por dia para 3,6 milhões em dois anos
Até então, 2014 havia sido o ano com maior número de
novas plataformas em operação Foto: Divulgação
A Petrobrás vai instalar um número recorde de plataformas
este ano. Serão oito embarcações, todas destinadas ao pré-sal, que, no prazo de
um a dois anos, vão ampliar a produção da empresa em mais de 1 milhão de barris
por dia, quase a metade do volume total extraído em todo País, atualmente de
2,6 milhões de barris.
Nunca a Petrobrás instalou tantas plataformas em um mesmo
ano. O marco, até então, era 2014, quando quatro unidades iniciaram operação.
Na prática, será um salto de produção no pré-sal, que vai ganhar ainda mais
importância nos negócios da empresa e no abastecimento interno.
A virada, porém, poderia ter acontecido antes, não fosse
a crise nos estaleiros nacionais e a transferência de parte das obras de
construção desse conjunto de plataformas para a China. As embarcações foram
projetadas em 2012, ainda num período de bonança na Petrobrás. Só agora, depois
de muitas reviravoltas contratuais, elas vão começar a produzir.
Em 2018, vão entrar em operação o navio-plataforma Cidade
de Campos dos Goytacazes, a P-67, P-69, P-74, P-75, P-76 e P-68, segundo
levantamento feito pela consultoria E&P Brasil, com exclusividade para o
Estadão / Broadcast. De acordo com fontes, é possível que também a P-77,
programada para 2019 e já com as obras adiantadas, seja antecipada e o número
de instalações chegue a oito.
Cada uma dessas plataformas tem capacidade para produzir
150 mil barris por dia de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos por dia de gás
natural. Juntas, podem extrair, portanto, 1,2 milhão de barris por dia. Mas,
para isso, têm que estar conectadas a todos os poços projetados – cinco
produtores e outros cinco injetores de água, usados para aumentar a
produtividade de cada poço.
Produção. Esse processo vai acontecer aos poucos, segundo
Luiz Carlos Cronemberg Mendes, gerente-executivo de Projetos de Desenvolvimento
da Produção da Petrobrás. Um poço será instalado a cada três meses.
Gradualmente, a produção será ampliada, até chegar a 800 mil barris por dia em
2019 e à capacidade máxima em 2020. Num segundo momento, quando esses poços
entrarem na fase de esgotamento, mais 40 serão instalados para compensar
perdas. “O desafio é grande, mas factível. Há dois anos havia um risco, por
causa da crise. Hoje, esse risco não existe mais.”
A fase de instalação de plataformas é bastante custosa e
consome boa parte do caixa das petroleiras, destaca o especialista Carlos
Rocha, da consultoria IHS Markit. “Não seria sustentável instalar tantas
plataformas a cada ano. Isso só vai acontecer em 2018 porque vários fatores
contribuíram para que elas entrassem em operação juntas”, diz. Além de
construir e transportar a plataforma até um campo, a petroleira tem que criar
uma infraestrutura submarina para conseguir transferir o petróleo do subsolo à
unidade operacional.
Pelas contas do IHS, cada poço perfurado custa cerca de
US$ 90 milhões e o somatório dos dez a 11 poços de cada plataforma sai por
quase US$ 1 bilhão à estatal. Há ainda outro custo bilionário com a compra de
equipamentos e serviços de instalação submarina. Mas o gerente da estatal
garante que a empresa tem fôlego financeiro para isso.
Enquanto as plataformas eram produzidas, a Petrobrás já
perfurava os poços e comprava os equipamentos, o que fez com que os gastos
fossem diluídos ao longo de anos. De acordo com Mendes, todos os custos estão
previstos no plano de negócios da empresa e não serão um sobrepeso nas contas
da petroleira em 2018.
Com isso, em dois anos, quando a produção tiver atingido
o volume máximo, o Brasil deve se transformar “num exportador de óleo como
nunca”, segundo Ramos, do IHS.
Para lembrar. As plataformas que a Petrobrás vai colocar
em operação este ano foram idealizadas, em 2012, num contexto de expansão da estatal,
interrompida após a Operação Lava Jato e a queda do preço do petróleo no
mercado internacional.
O plano inicial era que o petróleo do pré-sal fosse
transformado em combustíveis e produtos de alto valor agregado no Complexo
Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), na Refinaria Abreu e Lima e
em outras duas refinarias da região Nordeste.
Das quatro, apenas a Abreu e Lima foi concluída, ainda
assim, parcialmente. Como a Petrobrás não tem capacidade para processar todo o
petróleo que vai ser extraído do pré-sal a partir do ano que vem, a expectativa
é que seja exportado na forma bruta a outros mercados consumidores.