Os preços estão aumentando em um ritmo de meter medo e esvaziar os bolsos, especialmente os dos mais pobres. É bom que se saiba que isso não acontece só no Brasil, mas em todo o mundo. Não serve de consolo, mas torna mais importante perguntar-se por que o problema é assim, geral. É certo que tanto a globalização da economia quanto a pandemia da Convid são causas evidentes, mas não devem ser culpadas sozinhas pelo empobrecimento generalizado.
É preciso lembrar como governantes reagiram diante desses fatos, mundo afora, com o apoio da mídia internacional e sob os aplausos dos políticos, especialmente os da esquerda. Ressalvadas as exceções, então acusadas de falta de senso humanitário, a maioria resvalou nos limites do autoritarismo ao impor regimes de isolamento social e quarentenas, com isso prejudicando a produção de bens e serviços e, ainda mais, desorganizando o sistema produtivo, em todo o mundo. A palavra de ordem foi “cuidar primeiro das vidas; a economia a gente vê depois”. E governos, como o brasileiro, que se inclinavam a enfrentar a pandemia com visão de médio e longo prazo, foram pressionados pelos opositores políticos e pela mídia, em geral, a seguir a corrente dominante. Então, impôs-se a necessidade de socorrer as multidões deixadas sem ganha-pão, com o que os bancos centrais ao redor do mundo passaram a produzir moeda, em um ritmo sem precedentes desde o fim do padrão-ouro, 50 anos atrás.
Essa dupla estratégia governamental gerou um perverso “efeito-pinça” sobre a economia: de um lado, reduziu-se a oferta, por produzir-se menos e com menor produtividade; de outro lado, no sentido inverso, aumentou-se enormemente o volume de moeda em circulação. Quer dizer: mais dinheiro para ser trocado por ativos escassos, resultando em elevação de preços para bens essenciais e serviços, em escala mundial.
Poderiam tantos governos ter dado outra resposta ao flagelo da Covid? Então, seria diferente o balanço entre as perdas e sofrimentos de curto e de longo prazo? Quem poderá dizer? De momento, só me atrevo a repetir o que escrevi, logo que a pandemia aqui chegou:
“Os governantes que fraquejam ao enfrentar grandes ameaças, enquanto responsáveis pelos destinos de um povo, serão inevitavelmente condenados e vilipendiados, não importa qual tenha sido a natureza – boa ou má – de suas motivações.”