Contrassenso ministerial

Depois de tanto ouvir pronunciamentos do futuro Ministro da Justiça – de forma truculenta e ameaçadora – aos manifestantes  pacíficos de ruas nas imediações dos quartéis, que reivindicam Direitos e Garantias Constitucionais e fazem críticas a alguns membros de poderes constitucionais, resolvi como cidadão brasileiro, dizer a ele e a outros, com a mesma postura abusiva, que estão completamente errados, por desconhecimento ou má fé.

Recomendo, que o seu primeiro ato, após a sua posse, seja a leitura do artigo 359-T, da Lei 14.197, 01.09.2021, que revogou  a Lei de Segurança Nacional, sobre crime contra o Estado Democrático de Direito:

“Art. 359-T. Não constitui crime previsto neste Título a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou reivindicação de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas e reuniões, de greves, de aglomerações onde qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais.” 

Esta Lei foi publicada no DOU, 02.09.2021, Ed.167, Seção 1/Página 4, pelo presidente Jair Messias Bolsonaro. 

Pelo visto o Ministro da Justiça irá propor a revogação deste dispositivo democrático,  para ser substituído por outro copiado de regimes comunistas de governo.  

É preciso dizer mais?

Afinal, quem está praticando ato antidemocrático?

Caxias do Sul, 01.01.2023

Marcus Vinicius Gravina

OAB-RS 4.949


Pelé é notável até nos gols que deixou de fazer.

 Pelé é notável até nos gols que deixou de fazer.

 

Texto extraído de "O Drible", romance de Sérgio Rodrigues. Editora Schwarcz S.A., 2013.

 

O lance não deve ter mais de dez segundos, mas com as interrupções de Murilo enche minutos inteiros enquanto ele narra sem pressa, play, pause, rew, play, o que na época foi narrado com assombro.

 

O que você vê primeiro é uma imagem parada que logo identifica como da Copa de 1970 pelo short da seleção brasileira, que é de um azul mais claro que o habitual, além de escandalosamente curto para os padrões de hoje. Tostão, cabeçudo inconfundível, número 9 às costas, conduz a bola observado a certa distância por um sujeito de camisa azul-claro e calção preto. Murilo solta a imagem por três segundos, Tostão conduz a bola e, quando volta a congelá-la, Pelé aponta no canto superior direito do quadro e você sente um tranco na barriga como se a velocidade do mundo desse de repente um arranque, alguém ligando um acelerador de partículas. O velho segue na sua narração caseira, aí então, diz, olha só, nós vemos aquilo que o Tostão também acaba de ver, Pelé se projetando da meia-direita feito um bicho, uma pantera com sangue de guepardo.

 

O ímpeto é logo contido, editado, rew, play, pause, play. A bola sai do pé do Tostão, volta, sai, volta. O passe do cara é perfeito, diz Murilo, sentado perto de você no sofá junto da lareira acesa, uma criança brincando com sua pistola de laser. Um miligrama de força a mais ou a menos, seria quase perfeito, praticamente perfeito, mas não, é perfeito, metido da meia-esquerda com o pé esquerdo numa linha diagonal de desenhista de Brasília, a mais leve curvatura, em direção ao centro da grande área. Nesse momento a imagem começa a andar para a frente em câmera lentíssima. De repente tudo o que vemos, a voz do homem é baixa e roufenha, sem o tom de comando de antigamente, tudo o que vemos é Pelé correndo em direção a uma bola branca, mas aí vem o goleiro e agora a bola está entre Pelé e o goleiro, mais perto do grande crioulo mas cada vez menos, porque o goleiro, aliás o famoso Mazurkiewicz, o goleiro resolve ir à luta e sai com tudo da área, não quer nem saber.

 

Pausando a imagem outra vez, Murilo aponta os olhos para você. Quantos anos você tem, Tiziu? Cinquenta, quase? Ah, mais do que o bastante para já ter abandonado a fé cega na razão e saber que nosso cérebro de caçadores pré-históricos faz incrivelmente rápido os cálculos envolvidos num problema deste tipo: quem vai chegar na bola primeiro. Nem chamamos mais de cálculo, tão rápidas são essas operações mentais, chamamos de instinto. Nosso instinto diz que o Pelé vai chegar antes do Mazurka, não diz? Mas vai ser por pouco. O quíper uruguaio faz o que pode, entra no semicírculo um milésimo de segundo antes do Pelé, mas não a tempo de interceptar a bola. Ela fica entre os dois e nós voltamos a sentir, como o Mazurka também sente, que está mais para o negão que vem no embalo. O que o bom goleiro da Celeste faz é se ajoelhar e, mesmo já estando fora da área, que remédio, abrir os braços.

 

Congelada, a imagem do velho videoteipe fica distorcida. Parece que o negro de camisa amarela e o branco todo de preto vão colidir, quem sabe se fundir, feixes luminosos tentando esquecer que um dia foram carne.

 

Olha o Mazurkiewicz, diz o velho. Ninguém precisa ser telepata para saber que ele torce para o Pelé buscar o gol dali mesmo, é o que faria a maior parte dos atacantes, porque nesse caso teria uma chance de impedi-lo. Só pode rezar para que o brasileiro não faça o que um jogador da envergadura dele provavelmente vai preferir fazer, isto é, cortar o goleiro para a esquerda, coisa fácil na passada em que vem, movimento que levaria a das duas, uma: ou o goleiro agarrar faltosamente as pernas do Pelé ou o Pelé concluir de canhota para o gol aberto ou quase, defendido só pelo zagueiro que, não demora, vai entrar no quadro esbaforido feito quem está prestes a perder o último trem e acabar às cambalhotas pelo chão. O nome desse infeliz era Ancheta. Só para constar.

 

Murilo olha para você com um meio sorriso. Seus olhos espelham as chamas da lareira e têm um fulgor frio que você não se lembra de um dia ter visto, um olhar que parece já quase póstumo, brasas minúsculas dentro do gelo. Agora eu te pergunto, Neto, por que o Pelé não fez isso? Era a coisa certa, não era? Óbvio que era, pedrinhas fosforescentes no gramado, um caminho que ele já tinha trilhado um trilhão de vezes igualzinho, zunindo da meia-direita para o centro da área atrás da bola enfiada pelo Coutinho ou pelo Zito, ou por Didi na seleção. Mas de repente estamos em 1970, a bola é passada pelo Tostão e, aí é que está, Pelé já é Pelé. Está farto de saber que é um mito, um semideus, o que tem a perder tentando ser um deus completo? Aí ele não faz o certo, faz o sublime. Troca o caminho batido do gol, o gol certo que tinha feito tantas vezes, pelo incerto que, como veremos, jamais faria.

 

Na tv, enquanto os dois borrões lentamente se fundem, a bola, um descalabro, passa por eles. Como se eles fossem porosos, o espírito esquecido de que é carne no ato mesmo, antecipando o videoteipe.

 

Rá, você ri nem tanto de surpresa, reconhecendo o lance tantas vezes visto, mas feliz, como sempre, com seu retorno. Você olha para a tv e Murilo olha para você, estudando sua reação. Parece satisfeito com o que vê.

 

Na sua recusa em tocar na bola feito um Bartleby súbito, diz, Pelé refinou o futebol à sua essência mais rarefeita. O futebol virou ideia pura e de repente homens, bola, ninguém mais se comportava como seria de esperar que se comportasse neste mundo vão. Apanhado de surpresa como todos nós, o pobre Mazurka vê a bola passar à sua esquerda e ir cortar feito faca o filé direito da grande área, enquanto Pelé é um flash auriceleste que chispa para o lado oposto.

 

No tubo de imagem o goleiro uruguaio dá as costas para a bola, tem um joelho no chão e o pescoço torcido para a direita, olhando o atacante que vai embora, como se tivesse passado uma ventania. E à esquerda do quadro, distante demais da bola, já dentro da grande área e mais borrado do que nunca, Pelé começando a modular os pés para mudar de rumo.

 

O que o Pelé tem que fazer agora é bem facinho, mamão, é ou não é?, o velho abre um sorriso em que se vê com nitidez a sombra da caveira que logo será. Tem que frear para corrigir radicalmente seu ângulo de deslocamento, frear e no mesmo instante recomeçar a correr na outra direção, atrás da bola agora, ele que vinha no tropel mais desembestado fingindo ignorá-la. Acabou o reinado da ideia pura, sublime demais para durar no tempo, o mundo material se impõe outra vez com sua massa, sua aceleração, as leis da física todas. O cara tem que dar uma quebrada de noventa graus e não perder velocidade porque, veja bem, há que chegar na bola antes dos adversários e ainda com um bom ângulo de chute.

 

Murilo solta a imagem, Pelé consegue fazer as duas coisas, que beleza, congela-a de novo. Vai chutar e marcar, todos antevemos isso, o estádio de pé com seus pulmões que nesse momento podiam ser todos de pedra, diz, floreando um pouquinho, pois não inspiram nem expiram: vai chutar e fazer o gol. Acontece que não é tão simples, porque Pelé agora está do lado errado da bola, meio de ombro para o gol, tem que bater nela num movimento de meio giro. E aí, meu Deus, ele erra. Pelé erra. Perde o gol que não poderia deixar de perder, pensando bem, para que o mito se consumasse.

 

O que você vê na imagem solta pela última vez, a definitiva, é o seguinte: enquanto o tal Ancheta que ia perder o trem se estabaca na grama, a bola chutada por Pelé tira fino da trave direita do Uruguai. Linha de fundo, fato consumado, o craque dos craques sai chupando um gelo catado por ali com expressão levemente contrariada, mas serena.

 

O velho detém o vídeo. Pousa o controle remoto no braço do sofá, olha nos seus olhos outra vez e diz, o que houve aqui, Neto, foi simples: Pelé desafiou Deus e perdeu. Imagine se não perdesse. Se não perdesse, nunca mais que a humanidade dormia tranquila. Pelé desafiou Deus e perdeu, mas que desafio soberbo. Esse gol que ele não fez não é só o maior momento da história do Pelé, é também o maior momento da história do futebol. Você entende isso? A intervenção do sobrenatural, o relâmpago de eternidade que caiu à esquerda das cabines de rádio e tv do simpático Jalisco, 17 de junho de 1970? Pois posso garantir que foi isso que aconteceu, eu estava lá e sei, e se for mais ainda eu não vou me surpreender, mas foi isso, no mínimo, que aconteceu e que o videoteipe nos dá a graça de ver e rever para sempre, está vendo? Coisa tremenda, Tiziu.

 

Pondo-se de pé com dificuldade, afasta-se da bolha de calor criada pela lareira e caminha até a varanda. Você vai atrás. Passa pouco do meio-dia, mas o inverno chegou com determinação. O hálito gelado que vem da mata os abraça e nesse momento você vê seu pai em Guadalajara, um jovem de mais de trinta com costeletas de Félix, bigodão de Rivelino, tomando cerveja com guacamole enquanto aqui embaixo se acabava o mundo tal como você, em seus cinco anos, o conhecia. É como se a vida inteira tivesse como único gonzo aquele verão mexicano, inverno no Brasil, quando seu pai não foi na bola, o drible de Pelé em Mazurkiewicz quebrou a espinha do destino e o mundo degringolou. Há desses momentos em que tudo parece acontecer ao mesmo tempo, passado e futuro achatados em presente, o mesmo que dizer que nada jamais aconteceu ou acontecerá, tudo está sempre acontecendo sem chegar a atingir o ponto em que o gesto se completa. No domingo em que Murilo Filho lhe mostra em sua casa no Rocio o gol que Pelé não fez, você se dá conta pela primeira vez na vida de que aquele era o mesmo dia - 17 de junho de 1970 - em que Elvira driblou a frouxa segurança de um semipronto elevado do Joá para se atirar nas pedras batidas pelo mar lá embaixo. Claramente, como se uma luz de açougue acendesse dentro da sua cabeça, vê-se preso para sempre naquele dia, play, pause, rew, play, enquanto Pelé não fizesse o gol estaria preso dentro daquele dia, sonhando que a vida tinha continuado. Nesse momento você olha para o seu pai e revive pela última vez, com violência assombrosa, o velho sonho de matá-lo.

 

Isso porque o Peralvo nunca jogou a Copa, diz Murilo, parecendo imune às ondas de morte que emanam do filho, olhar perdido na crista verde-chumbo dos morros recortados contra o céu cinza. Peralvo era para ter sido maior que Pelé, Neto. Que merda de vida.


Um flash do abastardamento da imprensa

 Por Renato Sant'Ana


"Jornalismo é publicar o que alguém não quer que seja publicado. Todo o resto são relações públicas", disse George Orwell, escritor e jornalista que soube honrar a profissão e que, no romance "1984", retrata a brutal desumanidade dos regimes totalitários.


O repórter Fábio Marçal (Rádio Guaíba/Grupo Record) entrou no ar quando se debatiam ameaças do PT à liberdade de imprensa: taxou os colegas de "extrema direita" e os acusou de fazer "teoria da conspiração", dois clichês usuais para desqualificar quem denuncia o ideário esquerdista.


É sempre espantoso ver um jornalista brigar com os fatos. Pois nesse caso, como se verá, os fatos desautorizam a reação de Fábio Marçal.


O programa de governo apresentado pelo PT nas eleições de 2018, em relação à atuação da mídia, previa: "O monitoramento e aplicação dos princípios constitucionais deve se dar por meio de um órgão regulador com composição plural e supervisão da sociedade para evitar sua captura por qualquer tipo de interesse particular."


Será que Marçal é ingênuo? Esse "órgão regulador", no ideário petista, é um grupelho dominado por esbirros do partido para censurar jornalistas e ter a imprensa sob controle.


Ah, mas isso foi em 2018! Pois não. Transcrevo o que diz o Correio Brasiliense em 26/09/2022: "PT esconde plano final de governo. (...) Ao não se comprometer com um roteiro claro e detalhado de propostas, o PT age para evitar desgastes com segmentos da sociedade e aliados".


Com efeito, em 2022, em vez de programa, o PT veio com "intenções", que chamou de "diretrizes, em que se lê: "É preciso, ainda, fortalecer a legislação, dando mais instrumentos ao Sistema de Justiça para atuação junto às plataformas digitais no sentido de garantir a neutralidade da rede, a pluralidade, a proteção de dados e coibir a propagação de mentiras e mensagens antidemocráticas ou de ódio."


Fique claro, a intenção do PT é ter, por exemplo, uma "lei antiódio" igual à da Venezuela e a criminalização de "fake news", como na ditadura do energúmeno Vladimir Putin, leis que exacerbam o poder do Estado sobre as pessoas, que, na prática, podem ser acusadas e punidas por "crime de pensamento" (e o pior é que ambas as leis já estão sendo gestadas).


O sapiente Marçal dirá: "Ah, então és a favor do ódio e das fake news?".

Talvez ele não consiga entender que não basta ser moralmente reprovável para que uma conduta seja criminalizada; e que, contra o abuso de um Estado com poderes totais sobre a vida das pessoas, não há defesa.


"Ah, estás confundindo redes sociais com imprensa", dirá, como se o jornalismo não fosse feito hoje, em grande parte, nas redes sociais.


Parece que ele adotou um lema que bem traduz a plataforma do PT: "tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado", não sabendo que... isso é o que pregava Mussolini, chefe do fascismo italiano.


Aliás, ele já justificou a censura ao pessoal da Jovem Pan e apontou "coragem!" nas exorbitâncias de Alexandre de Moraes.


Marçal ignora que Lula, com o infame Plano Nacional de Direitos humanos, e Dilma, com o decreto 8243 (2009 e 2014), tentaram "fazer a revolução por dentro" (na língua petista), o que ia desde pôr cabresto no Poder Judiciário até à criação do "órgão regulador" de controle da imprensa. Só não conseguiram porque, no pós-mensalão, ficou muito difícil comprar os parlamentares, e o Congresso acabou barrando tais iniciativas.


Ele também ignora a chamada Resolução sobre Conjuntura, aprovada pelo Diretório Nacional do PT em 17/05/2016, em que os caciques do partido lamentaram não ter usado a truculência revolucionária para um domínio total sobre Forças Armadas, Polícia Federal, Ministério Público e o que chamaram de "monopólios da informação" (sic). Só lamentaram isso. Sobre a corrupção nos governos petistas, nenhuma palavra.


Nisto estamos. O PT, anteriormente, usando as verbas de publicidade, controlou empresas de comunicação, calou alguns profissionais, abrandou a fala doutros e até fez demitir jornalistas. O que fará agora, havendo tido as verbas multiplicadas e sido agraciado com a impunidade?


Um jornalista pode e deve ter um olhar crítico para o que faz o governo (seja qual for). Só que Marçal, pouco dotado para a análise política e preso na teia da consabida polarização, fez uma escolha ideológica em detrimento da própria capacidade crítica. Daí, pretextando criticar o governo, chegou a justificar ataques contra o Estado de Direito.


Agora ele, que não é agressivo, perdeu a linha e ofendeu os colegas. E acabou tendo o constrangimento de ouvir um deles revelar aos ouvintes que ele, Marçal, tinha um CC no governo petista (caso único, claro!), o que explicaria sua conduta. Aí, só lhe restou tergiversar...


Essa é uma pequena mostra do que, hoje, prevalece em nossa imprensa: chegamos ao ponto de ver jornalistas sendo presos sem o devido processo legal e sob o silêncio conivente da maior parte dos seus colegas.


Fábio Marçal pode nem ser o pior exemplo. Mas, ao deixar a bola picando, ensejou o desmascaramento do mau jornalismo destas plagas.


 Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

 E-mail  sentinela.rs@outlook.com

Os novos ministros

 Geraldo Alckmin – vice-presidente também será ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Fernando Haddad – Ministério da Fazenda; Flávio Dino – Ministério da Justiça; Rui Costa – Casa Civil; José Múcio Monteiro – Ministério da Defesa; Mauro Vieira – Ministério das Relações Exteriores; Wellington Dias – Ministério do Desenvolvimento Social; Nísia Trindade – Ministério da Saúde; Márcio Macêdo – Secretaria Geral da Presidência; Camilo Santana – Ministério da Educação; Alexandre Padilha – Secretaria das Relações Institucionais; Luiz Marinho – Ministério do Trabalho; Luciana Santos – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações; Jorge Messias – AGU (Advocacia Geral da União); Silvio Almeida – Ministério dos Direitos Humanos; Anielle Franco – Ministério da Igualdade Racial; Márcio França – Ministério dos Portos e Aeroportos; Margareth Menezes – Ministério da Cultura; Cida Gonçalves – Ministério das Mulheres; Esther Dweck – Ministério de Gestão e Inovação; Vinicius Carvalho – CGU (Controladoria Geral da União); Carlos Lupi – Ministério da Previdência; Sonia Guajajara – Ministério dos Povos Indígenas; Paulo Pimenta – Secretaria de Comunicação; Carlos Fávaro – Ministério da Agricultura; Carlos Fávaro – Ministério da Agricultura; Waldez Góes – Ministério do Desenvolvimento Regional; André de Paula – Ministério da Pesca; Alexandre Silveira – Ministério de Minas e Energia; Juscelino Filho – Ministério das Comunicações; Marina Silva – Ministério do Meio Ambiente; Simone Tebet – Ministério do Planejamento; Ana Moser – Ministério do Esporte; Paulo Teixeira – Ministério do Desenvolvimento Agrário; Daniela do Waguinho – Ministério do Turismo; Renan Filho – Ministério dos Transportes; Jader Filho – Ministério das Cidades; Gonçalves Dias – Gabinete de Segurança Institucional.




L

Discurso de Mourão

 “Brasileiras e brasileiros, boa noite!


1. No momento em que concluímos mais um ano pleno de atividades e de intensos engajamentos de toda a ordem, na condição de Presidente da República em exercício, julgo relevante trazer uma palavra de esperança, de estímulo e de apreço ao povo brasileiro, especialmente na ocasião em que o nosso governo conclui o período constitucional de gestão pública do País, iniciado em 1º de janeiro de 2019.


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2. Vislumbro que os acontecimentos políticos, econômicos e sociais que têm marcado a presente quadra da nossa História seguirão impactando a vida da gente brasileira nos próximos anos, tornando a caminhada ainda mais desafiadora, visto que o mundo ainda se ressente da pandemia da Covid-19 e a economia mundial sofre as consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.


3. O Governo que ora termina, ao longo de quatro anos, fez entregas significativas na Economia, no avanço da digitalização da gestão pública, na regulamentação da tecnologia da informação, na privatização de estatais, tendo promovido uma eficaz e silenciosa reforma administrativa, não recompletando vagas disponibilizadas por aposentadoria, além da renovação de nosso modelo previdenciário e ainda potencializou o agronegócio e vários campos do conhecimento humano.


4. Juntos, trabalhamos duramente contra a pandemia, auxiliando os mais necessitados, apoiando as empresas na manutenção dos salários de empregados e desonerando suas folhas de pagamento.


5. Apoiamos governos estaduais e municipais com recursos, médicos e medicamentos, independentemente da posição política ou ideológica dos chefes do Executivo, permitindo que seus governos os direcionassem para as áreas onde aquela administração achasse conveniente.


6. Trabalhamos e entregaremos ao próximo governo um país equilibrado, livre de práticas sistemáticas de corrupção, em ascensão econômica e com as contas públicas equilibradas, projetando o Brasil como uma das economias mais prósperas e com resultados mais significativos pós-pandemia, no concerto das nações.


7. Tais iniciativas permitiram pleitear o ingresso do País na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, o que possibilitará a melhoria ao acesso a mercados e a novas parcerias. Cabe destacar que o OCDE tem como princípios básicos a Democracia e o Livre Mercado.


8. Nem todas as empreitadas obtiveram o sucesso que almejávamos. Na área ambiental, por exemplo, tivemos percalços, embora tenhamos alcançado reduções importantes no desmatamento da Amazônia, a região ainda necessita de muito trabalho e de cuidados específicos, engajando as elites e as comunidades locais, cortejadas permanentemente pela sanha predatória oriunda dos tempos coloniais.


9. Dirijo-me agora aos apoiadores de nosso governo, aqueles que credibilizaram nosso trabalho por meio do voto consignado às nossas propostas, sobretudo nas últimas eleições. Muito obrigado por seu voto! Desejo concitá-los a lutar pela preservação da democracia, dos nossos valores, do estado de direito e pela consolidação de uma economia liberal, forte, autônoma e pragmática e que nos últimos tempos foi tão vilipendiada e sabotada por representantes dos três poderes da República, pouco identificados com o desafio da promoção do bem comum.


10. A falta de confiança de parcela significativa da sociedade nas principais instituições públicas decorre da abstenção intencional desses entes do fiel cumprimento dos imperativos constitucionais, gerando a equivocada canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso.


11. Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de País deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe.


12. A alternância do poder em uma democracia é saudável e deve ser preservada. Aos eleitos, cumpre o dever de dar continuidade aos projetos iniciados e direcionar seus esforços para que, à luz de suas propostas, o País tenha assegurada uma democracia pujante e plural, em um ambiente seguro e socialmente justo.


13. Aos que farão oposição ao governo que entra, cumprirá a missão de opor-se a desmandos, desvios de conduta e a toda e qualquer tentativa de abandono do perfil democrático e plural, duramente conquistado por todos os cidadãos. Buscando-se a redução das desigualdades por meio da educação isenta e eficaz, criando oportunidades iguais a todos os brasileiros.


14. Destaco que a partir do dia 1º de janeiro de 2023 mudaremos de governo, mas não de regime! Manteremos nosso caráter democrático, com Poderes equilibrados e harmônicos, alternância política pelo sufrágio universal, pessoal, intransferível, secreto, buscando sempre maior transparência e confiabilidade.


15. Tranquilizemo-nos! Retornemos à normalidade da vida, aos nossos afazeres e ao concerto de nossos lares, com fé e com a certeza de que nossos representantes eleitos farão dura oposição ao projeto progressista do governo de turno, sem, contudo, promover oposição ao Brasil. Estaremos atentos!


16. Na condição de Presidente da República em exercício, finalizo estas palavras apresentando-lhes os meus melhores votos de um ano de 2023 pleno de saúde, felicidades e muitas realizações. Que o nosso amado Brasil continue sua caminhada na direção de seu destino-manifesto, tornando-se a mais próspera e bem-sucedida democracia liberal ao Sul do equador.


17. Feliz ano novo, êxito pessoal e prosperidade para cada um de nós que formamos esta grande nação! Muito obrigado!


Boa noite!”