Eleições presidenciais no Brasil


Francisco Ferraz
No plano dos significados,os eleitores brasileiros, ao eleger um presidente da República nãoescolhem um administrador e sim um líder político.
Não se escolhe um executivo testado e confirmado como competente para as funções. Escolhe-se alguém que se impõe aos eleitores como líder político, que sente a realidade como nós a sentimos mas que consegue expressarmelhor que nós este sentimento, em palavras que todos entendem e representar-nos neste sentir.
Ele é nós, com a capacidade que não temos, com os desafios que não saberíamos enfrentar, com a coragem, ousadia e determinação para realizar o que não conseguiríamos.
Numa eleição presidencial escolhemos pois o nosso representante e, sósecundariamente, o nosso governante, administrador, executivo.

Escolhemos por sua determinação de assumir nossos interesses mais caros; por sua liderança políticae capacidade de comandar o país.
Por isso os preferidos são candidatos fortes, que falam uma linguagem direta, simples, rude, mas resolutiva. Passam a impressão de que tudo é fácil. Basta querer. Os problemas ele resolve. Em consequência nossas eleições estão sempre mais próximas de lideranças populistas, semi carismáticas, demagógicas e autoritárias.
No passado não era muito diferente. Na década de 1950 eram Vargas no centro e à esquerda e Lacerda e a UDN à direita; na década de 1960 eram Brizola, Jânio e Lacerda; em 1989 os líderes eram Lula, Brizola eCollor,e não Ulysses ou Covas; em 2002 era Lula e não Serra; em 2006 era Lula e não Alkmin e dentro do PT o líder continuou sendo Lula e não Dilma.
Nesta listagem sobram dois presidentes que se elegeram sem aquelas características mais típicas do populismo: Juscelino e Fernando Henrique.
Juscelino, das três características possuía duas: populista e carismático; mas Fernando Henrique não tinha nenhuma das três, talvez a razão porque seu nome não é lembrado para, com a legitimidade de ex-presidente, ser convocado para resolver o impasse político de 2018, assim como foram Churchill, De Gaulle e Adenauer no pós guerra europeu
Fernando Henrique em 1994 conquistou a presidência predominantemente pelo sucesso do Plano Real implantar durante o governo de Itamar Franco, época em que ainda permanecia viva na memória o fracasso do Plano Cruzado de Sarney e do Plano Collor.
Não é por outra razão que “pega a estrada errada” quem entra na eleição acreditando que vai atrair milhões de votos com seu plano de governo, seus projetos econômicos ou suas reformas políticas e administrativas.

Equivoca-seo candidato cuja campanha se concentra nas promessas que faz – por mais necessárias que sejam as realizações prometidas. O eleitor, cada vez mais, dá sinais de que as recebe com muita descrença e como demagogia.

Programa BRDE PCS é apresentado como modelo em sustentabilidade na ONU


Programa BRDE PCS é apresentado como modelo em sustentabilidade no setor financeiro durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), representado por seu diretor de Planejamento e Financeiro, Luiz Corrêa Noronha, participou, nesta quarta-feira (26/09), do evento “SDGs in Brazil – The role of the private sector” (ODS no Brasil – o papel do setor privado), em Nova York. Noronha relatou a experiência do Programa BRDE PCS – Produção e Consumo Sustentáveis, selecionado como caso exemplar de sustentabilidade no setor financeiro brasileiro pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, em parceria com o Observatório Mundial e a PwC, organizadores do encontro.

“A escolha do BRDE é um reconhecimento dos resultados alcançados pelo Programa BRDE PCS desde 2015. Mais do que demonstrar total alinhamento e engajamento do Banco com os ODS, o BRDE hoje tem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no centro de suas operações, como parte integrante do próprio negócio”, afirma o diretor Noronha. Ele destaca também a credibilidade da seleção, realizada com participação da PwC na análise dos cases e informa que será lançada uma publicação reunindo todas as experiências brasileiras tidas como referências para o setor privado.
O encontro do Pacto Global ocorre dois dias após a Conferência dos Líderes do Pacto Global da ONU, em paralelo à 73ª Sessão da Assembleia Geral da ONU.

BRDE - FINANCIAMENTOS COM VIÉS SUSTENTÁVEL

O Programa BRDE Produção e Consumo Sustentáveis foi idealizado para disponibilizar linhas de crédito e canalizar recursos que atendam à demanda por financiamento para investimentos sustentáveis, privados ou públicos, nos três estados do sul do Brasil. Ele responde à necessidade, expressa pela sociedade e em acordos internacionais, de promover a transição para uma economia de baixo carbono. Tem como público-alvo empreendedores de todos os portes, inclusive micro, pequenas e médias empresas, e produtores rurais.

A prática se resume em três etapas. Na primeira, foi definida a Política de Responsabilidade Socioambiental, que reflete a preocupação do BRDE com a sustentabilidade a partir da ação em três eixos: a) impacto das atividades; b) impacto das operações; e c) Programa de Financiamento. O impacto das atividades foi enfrentado com a adesão à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P), programa do Ministério do Meio Ambiente, e criou-se um novo sistema de gerenciamento de riscos ambientais e sociais para monitorar o efeito das operações. A constituição do Programa BRDE Produção e Consumo Sustentáveis, segunda etapa dessa prática, integra uma concepção mais ampla, que busca modificar os procedimentos bancários. A iniciativa alia as perspectivas de inovações nos produtos financeiros e captação de recursos em fundings orientados para a sustentabilidade, principalmente de fontes internacionais. 

Resultado

A terceira etapa, de monitoramento do programa, já demonstrou, em três anos, aplicação de recursos de R$ 1 bilhão colocados no mercado com taxas menores e prazos maiores do que a média dos financiamentos do BRDE. Permitiu captação de recursos junto à Agência Francesa de Desenvolvimento (€ 50 milhões) e a realização de projetos especiais, incluindo: proteção do Bioma Pampa; programa de Eficiência Energética Assegurada, em parceria com o BID; iniciativa para redução de perdas e desperdícios de alimentos; e outras ações institucionais.

Artigo, Maria Lucia Victor Barbosa - São as pesquisas infalíveis ?


A discrepância entre o que mostram as pesquisas eleitorais e o resultado das urnas tem acontecido em eleições passadas e recentes, não só no Brasil como em outros países. Um caso que pode ilustrar tal afirmação foi a eleição presidencial norte-americana, quando venceu Donald Trump. Pelas pesquisas aparecia que Trump não conseguiria os delegados para sua indicação. Depois, que perderia por larga margem para Hillary Clinton. Isso fazia a festa da mídia brasileira que até hoje parece desejar fazer no Brasil o impeachment do presidente norte-americano.
É próprio das campanhas políticas o vale-tudo dos golpes baixos. Entram também em cena o marketing, o Quarto Poder da mídia que inclui o Palanque Eletrônico da TV e, agora com a evolução da tecnologia, o Quinto Poder onde avulta o poderoso Palanque Digital das redes sociais composto pelo Face Book, o WhatsApp, o Twitter, o Instagram, os vídeos.  E, porque não, às vezes as pesquisas, que com a indução de certeza transmitida através dos números podem influenciar eleitores, distorcer a realidade, utilizar metodologia errada, propiciar interpretações muitas vezes estapafúrdias.
Nessa eleição sui generis por conta da presença do candidato à presidência da República, Jair Messias Bolsonaro (sem tempo de TV, sem coligações partidárias, sem recursos financeiros, mas escudado pelo Palanque digital), os institutos de pesquisa o mostraram no mesmo patamar de 17% por um bom período, Isto levou à conclusão de que ele havia atingido seu teto para alegria dos adversários. Entretanto, Bolsonaro foi, como dizem os pesquisadores, “oscilando para cima”. Bem para cima por sinal.
Aos poucos os Institutos de pesquisa foram ajustando de modo igual a subida de Bolsonaro, 24%, 26%, 28%. Aconteceu depois do atentado que quase tirou a vida do candidato, quando um matador de aluguel o esfaqueou. Então, lhe foi concedida gradual ascensão que deixou os outros postulantes bem para trás.
Quanto ao petista, Fernando Haddad, teve nas pesquisas uma subida fulminante, como a demonstrar que o presidiário pode exercer seu comando e fascínio sobre as massas mesmo de dentro da prisão. Afinal, anteriormente Lula ajudara ao esnobe Haddad a se tornar prefeito de São Paulo, mas, coisa curiosa, não teve força política para reeleger o pior prefeito da capital paulista, que conseguiu a inédita façanha de perder para João Dória (PSDB) no primeiro turno.
Agora o pior prefeito de São Paulo já e sente presidente da República, pronto para reprisar Dilma Rousseff como preposto do chefe. Diante disso se pode perguntar: Por que Lula consegue tal resultado com Haddad e quase nenhum para Marinho, que postula o governo de São Paulo e se encontra em minguada posição perante os adversários? Afinal, Lula, que reina nas propagandas gratuitas apareceu abraçado com o companheiro Marinho hipotecando-lhe apoio.
Dirão que no caso de Haddad a identificação é maior, mesmo porquê o petista afirma: “eu sou Lula”. Seria isso uma boa propaganda? Se Haddad perder, Lula também perde o que não é nada interessante para o PT.
Existem ainda alguns aspectos das pesquisas que levam a conclusões, tais como: O candidato com maior intenção de votos tem também a maior rejeição, logo vai perder. Ou então, Bolsonaro que se encontra em primeiro lugar vai perder de todos os candidatos que se encontram bem abaixo dele no segundo turno.
Contudo, se os resultados forem outros, dirão os donos dos institutos que as pesquisas refletem a realidade do momento, apesar das projeções que fazem para segundo turno darem a impressão de que são imutáveis. Todos os  erros, então, se justificarão apesar das imensas diferenças quando as urnas forem abertas.
De todo modo é interessante conhecer o que disse, James Gulbrandsen, gestor de investimentos da NCH Capital e que foi publicado na Folha de S, Paulo (22/09/2018 – A13):
O gestor questiona a metodologia do Datafolha e afirma “que as pesquisas eleitorais trazem um recorte tendencioso da população nordestina que ganha até dos salários mínimos, utilizam porcentagens menores que as reais de pessoas que se afirmam católicas ou evangélicas e trazem uma parcela maior de pessoas que se identificam com ideais de esquerda”. “Para Gulbrandsen estes erros de amostragem tornam as pesquisas enviesadas, favorecendo candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT)”. Diz também: “Não quero ofender os estatísticos, mas seus resultados podem ser completamente irrelevantes (para os investimentos)”. Aponta ainda, “um viés político do Datafolha, da Folha e do UOL, empresas do Grupo Folha, que afirma terem ‘inclinações esquerdistas”.
O jornal apresentou na mesma página sua defesa. Aguardemos o resultado das urnas daqui duas semanas para conferir. Até lá o primeiro colocado continuará a sofrer muitas facadas verbais dos desesperados pelo poder. Existe um partido que sabe fazer isso muito bem.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

O plebiscito e o referendo


Astor Wartchow
Advogado
      A se confirmar o que as pesquisas eleitorais têm identificado até o momento, o segundo turno da eleição presidencial será entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
      Infelizmente, vença quem vencer, não haverá expectativa de reinar a mínima paz política, necessária para que ocorra um governo razoável e estável, capaz de enfrentar os graves problemas atuais e vindouros.
      Com certeza, encerrada a eleição e apontado o vencedor, o perdedor não aceitará a derrota. E no dia seguinte prosseguiremos na mesma ladainha. Este pessimismo é explicável pelo conjunto dos fatos recentes e a conduta das partes.
      Um, o capitão Bolsonaro, é notória e assumidamente autoritário, cultuando e disseminando idéias e práticas de alto risco e socialmente desagregadoras. Exemplos destas características e abusos não faltam.
      O outro, o agora ajudante de ordens Haddad, é porta-voz de um preso e partido que menosprezam as leis e as autoridades. É o que demonstra sua inconformidade com decisões policiais e judiciais anticorrupção que atingiram seus líderes partidários, alguns já condenados, e, especialmente, o ex-presidente, aliás, também condenado em um processo e réu em outros cinco.
      Em comum, os dois candidatos (e o que representam) não aprenderam nada com os fatos nacionais, nem com a história mundial, além de reafirmarem a idéia de que os fins justificam os meios.
      Então, iludido e contaminado pelas circunstâncias negativas de ambos, verso e reverso da mesma moeda, resulta que o povo votará de modo plebiscitário quanto a um ou outro candidato. Mas, conseqüentemente, referendará a indiferença ética e a hipocrisia social!
      De modo que restarão derrotados princípios e valores históricos, éticos e legais. Se não são valorizados e essenciais na prática político-partidária, como nossa realidade demonstra, são, entretanto, preceitos basilares na constituição de uma nação que se pretenda altiva, comunitária e progressista.
      Ressalva: ao conceituar severamente e prognosticar este desagradável desfecho entre os dois prováveis finalistas, não significa dizer que os demais pretendentes sejam “santos” e isentos de responsabilidades pelo péssimo momento. Muito pelo contrário.
      Aliás, a propósito, como se fosse incapaz de entender o que aconteceu de fato nos últimos tempos e prever suas óbvias conseqüências (por exemplo, surgimento de um conservador fenômeno “bolsonaro”), o ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso vem agora propor uma terceira via, cínica e tardiamente.
      Percebe-se que também ele foi contaminado pelo vírus epidêmico do “não sabe nada e não viu nada!”