Atividade econômica recua 0,7% no primeiro trimestre, diz Serasa Experian

Apesar da retração, resultado mostra que recessão perdeu fôlego
São Paulo, 16 de maio de 2016 – O Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal) exibiu retração de 0,7% no primeiro trimestre de 2016 frente ao último trimestre do ano passado, já efetuados os devidos ajustes sazonais. Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, o recuo na atividade econômica foi de 5,5%.
De acordo com os economistas da Serasa Experian, apesar de ter sido mais uma retração trimestral da economia (a quinta consecutiva), tal resultado sinaliza que a recessão perdeu fôlego no primeiro trimestre de 2016, já que a queda, na margem, foi a menor do que a dos trimestres anteriores: -1,4% no 4T15; -1,7% no 3T15 e -2,1% no 2T15.
Pelo lado da oferta agregada, a atividade agropecuária crescendo 4,6%, foi a principal responsável pelo resultado menos negativo da atividade econômica no primeiro trimestre de 2016. Por outro lado a indústria, recuando 4,3% no primeiro trimestre, aprofundou seu movimento negativo. Queda menor, porém, registrou o setor de serviços neste primeiro trimestre do ano: recuo de 0,4% em relação ao último trimestre do ano passado.
Do ponto de vista da demanda agregada, os investimentos caindo 1,5% e o consumo das famílias recuando 1,3% foram os principais responsáveis pela retração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2016. Também o consumo do governo contribuiu para a queda, porém em menor escala: baixa de 0,3% no primeiro trimestre deste ano. Já o setor externo, com exportações avançando 5,9% e importações recuando 2,6% amenizaram a retração da atividade econômica durante o primeiro trimestre de 2016.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, a queda de 5,5% da atividade econômica no acumulado do primeiro trimestre de 2016 foi provocada, principalmente, pelas retrações de 12,1% da atividade industrial e de 3,8% do setor de serviços. Pelo lado da demanda, destacam-se a queda de 17,0% dos investimentos e de 6,4% do consumo das famílias. A retração da atividade econômica só não foi maior por causa do setor externo: alta de 12,5% das exportações e recuo de 22,1% das importações.
A série histórica deste indicador está disponível em
http://www.serasaexperian.com.br/release/indicadores/atividade_ecomonica.htm
Metodologia do Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal)
Na construção do Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal) utilizam-se técnicas estatísticas de desagregação temporal com indicadores (Chow-Lin, Fernandez, Litterman e Santos Silva-Cardoso). Cada subcomponente do PIB Trimestral, sem ajuste sazonal, oriundo do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, foi desagregado, por cada uma das técnicas supramencionadas, utilizando-se séries de alta freqüência (mensais) altamente correlacionadas com a série a ser desagregada. Considerou-se como estimativa final de cada série mensal associada a cada um dos subcomponentes do PIB Trimestral a média aritmética simples dos valores mensais obtidos por cada uma das técnicas distintas de desagregação temporal.
As séries mensais finais dos subcomponentes foram utilizadas como indicadores para a obtenção das séries dos níveis hierárquicos imediatamente superiores, sempre considerando como estimativas finais, em cada etapa, as médias aritméticas dos valores obtidos pelas quatro técnicas de desagregação temporal. Tal procedimento foi conduzido até chegar-se à última desagregação temporal, ou seja, do PIB Trimestral Consolidado, sendo que, para tanto, consideramos como indicadores mensais as séries desagregadas dos componentes da oferta agregada.
Para a obtenção das estimativas mensais das séries do PIB Trimestral com ajuste sazonal, cada componente mensal desagregado nos procedimentos anteriores (sem ajuste sazonal) foram ajustados sazonalmente utilizando-se TRAMO/SEATS constituindo-se, assim, os indicadores mensais a serem utilizados nas técnicas de desagregação temporal das séries, com ajuste sazonal, do PIB Trimestral.
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Glauco Fonsêca - Presidencialismo de coalização: Antes e agora

Os nada saudosos governantes petistas, sempre que eram questionados a respeito de suas ações e obras, elencavam os valores investidos no empreendimento A, os bilhões gastos no projeto B e assim por diante. Ao serem perguntados o que haviam feito, de fato e por exemplo, no campo da saúde, respondiam sempre de pronto “investimos X bilhões na saúde no ano tal, 50% a mais do que o governo anterior”. Era sempre assim: milhões aqui, bilhões acolá. Se alguém perguntasse algo do tipo “OK, mas, de fato, o que está sendo feito com esse enorme orçamento mencionado? ”, ficava invariavelmente com respostas evasivas, quando não agressivas pois, para os petistas, o valor pecuniário era sempre mais importante do que as obras em si. A diferença – ainda que precária – se dava nas campanhas eleitorais, onde apareciam algumas obras que deveriam ilustrar ou desvendar o destino dos recursos. As lacunas de verdade se davam nestes “esclarecimentos” também precários a respeito de obras que até hoje, em grande parte, estão ou inconclusas ou sequer ainda saíram do papel.

Esse método - lidar com os montantes como se bastassem para que as coisas se tornassem reais ou de divulgar valores como se esses fossem fruto da generosidade petista - além de enormemente irresponsável, escondia a estupenda incompetência gerencial petista, bem como sua inapetência para o trabalho efetivo. Os tais bilhões de dólares para a duplicação de uma rodovia era, para eles, o trabalho em si. A rodovia? Ora, quem se importa? O jeito petista de não-fazer e “gargantear”, como se diz aqui no RS é responsável pelo estado a que chegou o país, com obras inacabadas e cofres raspados, com contratos aditados e obras por concluir. A “mecânica” de fazer negócios do petismo encerrava no rápido espaço de tempo entre a entrevista coletiva para anunciar somas enormes de dinheiro público e a propina que chegava a partir do pagamento da primeira parcela de cada obra.

No petismo, época macabra em que foi gestada e parida a mais violenta hecatombe econômica de um país inteiro, o “presidencialismo de coalizão” (expressão criada pelo cientista político Sérgio Abranches em 1988), virou sinônimo de conchavos com dupla intenção: primeiro, atrair partidos para fazerem parte da gestão, a título de mantê-los silentes e fiéis às orientações do governo e, em seguida para, de modo sistêmico, subjuga-los não por conta de metas ou objetivos de gestão do estado, mas para aquietar eventuais diatribes com farto dinheiro público. O grande balão de ensaio do presidencialismo de coalizão à moda petista foi o Mensalão. Logo em seguida, a ampla dispersão de “lotes” da máquina pública para todos os partidos aliados gerou apenas uma enorme e desconexa colcha de retalhos, com zero eficiência e altíssimos custos para o país. O resultado está aí para quem quiser ver.

Agora, no governo Temer, observa-se que vários partidos fazem, novamente, parte da máquina gestora governamental, mas com uma pequena e, ao mesmo tempo, gigantesca diferença: Os partidos aliados terão de “entregar” seu trabalho, terão de planejar, apoiar o plano de governo, terão de FAZER as coisas realmente acontecerem com menos, muito menos recursos do Tesouro. Eis aí o “presidencialismo de coalizão” em seu estado natural e virtuoso, sem o pejorativo acoplado pelo petismo. A diferença com o estilo petista é enorme e notável. Se os partidos aliados não conseguirem, por seus méritos, estabelecer e agregar valor, serão ejetados da coalizão, o que será péssimo para suas imagens e de seus líderes.

Não dá mais para errar: A coalizão terá de ser em nome do Brasil, de metas estruturantes, da solução de problemas enormes sem desperdício, sem corrupção, sem roubalheira.


Não podemos mais nos dar ao luxo de errar, de desperdiçar, de sermos roubados. Não podemos mais nos dar ao luxo de revivermos o petismo.