A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária
do Banco Central (Copom) reforçou a mensagem transmitida no comunicado da
reunião da semana passada, quando a Selic foi mantida em 6,50%. O colegiado
reconheceu o fraco desempenho da atividade econômica, com interrupção do processo
de recuperação da economia nos últimos trimestres, e reafirmou a leitura de que
os núcleos de inflação estão em níveis apropriados. Mais uma vez o comitê
enfatizou a importância da continuidade das reformas para uma redução da taxa
de juros.
Em nossa leitura, a principal mudança contida no
documento foi no diagnóstico do arrefecimento da atividade. O comitê reconheceu
que os efeitos dos choques sofridos pela economia brasileira ao longo do ano
passado se dissiparam, e elencou outros fatores que podem estar restringindo o
crescimento, como (i) a desaceleração da economia global e (ii) as incertezas
quanto à sustentabilidade fiscal – em um contexto em que há pouco espaço para o
investimento público. Nesse sentido, o avanço das reformas é importante para
reduzir essas incertezas e estimular o investimento privado.
As projeções de inflação apontadas no documento indicam
um quadro benigno no médio prazo – os modelos apresentados indicam inflação
abaixo do centro da meta neste e no próximo ano. O comitê reconheceu que o
balanço de riscos evoluiu de maneira favorável, mas ponderou ser
necessário observar avanços concretos na agenda de reformas para que esse
cenário benigno para a inflação se concretize.
Em nossa avaliação, o Banco Central deixou aberta a
possibilidade de corte de juros nas próximas reuniões, à medida que a agenda de
reformas avançar e as condições de contorno da atividade e inflação permitirem
um corte de juros. Continuamos, portanto, com a expectativa de cortes na taxa
Selic, encerrando este ano em 5,75%.