A presidente
Dilma Rousseff, é campeã de impopularidade desde que o Brasil passou a
adotar pesquisas de opinião pública. Ela começou 2016 sob o signo dos
factoides, com encenações escoradas nos áulicos palacianos do marketing e da
propaganda enganosa.
Assombrada
pelo fantasma do impeachment e acossada pela crise
econômico-financeira que legou a si mesma, Dilma esconde momentaneamente
sua congênita arrogância e autossuficiênciapara entrar no modo
humildade, no intuito de compartilhar com a sociedade e com o
poder legislativo o ônus do fracasso por ela mesma confeccionado, a
responsabilidade pela lambança que o seu governo produziu, desorganizando as
contas públicas, violentando a lei de responsabilidade fiscal com
as criminosas "pedaladas", envenenando o ambiente de
negócios mediante o intervencionismo retrógrado
e promovendo uma farra do crédito público a serviço da sua reeleição e do
projeto petista de perpetuação no poder.
O Palácio do
Planalto está fazendo de tudo para aliciar oParlamento, os partidos
políticos, sobretudo o meu PMDB, para nos tornar cúmplices de sua
nova investida contra o bolso do contribuinte, sob a forma da
CPMF, um autêntico imposto-zumbi, que emerge da penumbra
tributária para sangrar uma economia já combalida.
Em paralelo
à crise econômica, com seu cortejo macabro de milhões de desempregados em plena
recessão - a maior que o Brasil enfrenta desde a grande depressão dos anos 30
do século passado, Dilmasofre o inevitável impacto da execração pública e
das complicações penais que, pouco a pouco, fecham o cerco em torno do seu
criador, do seu mentor, o ex-presidente Lula.
É nessas
precárias e frágeis condições que o governo e o PT se debatem no pântano que
eles mesmos criaram para capturar o Parlamento no seu abraço de afogado. Isso,
ameses de uma eleição municipal, um pleito que, tradicionalmente, prepara
o cenário para as eleições gerais, dois anos depois.
Ora, se não
pela natural indignação que todos esses fiascos, todas essas
delinquências suscitam, ou deveriam suscitar entre as pessoas de bem, o
espírito de sobrevivência eleitoral aconselha o conjunto da classe política a
tomar distância desse governo tóxico e a repudiar suas manobras de aliciamento.
A
experiência histórica do presidencialismo de coalizão, do presidencialismo
à brasileira, ensina que a governabilidade de qualquer gestão se
apoia em três pilares, que são: a prosperidade econômica, o bom
relacionamento do executivo com o legislativo ea honorabilidade pessoal do
chefe de estado.Hoje, todos os principais analistas políticos concordam que
Dilma equilibra-se, precariamente, apenas no terceiro desses pilares.
E aquela
mesma experiência também revela que, em tais situações críticas,
basta surgir um mínimo deslize, por exemplo, um mero "Fiat Elba",
para pôr abaixo toda a estrutura governamental, levando de arrasto todo o
esquema de sustentação do oficialismo.
Os
parlamentares de todas as legendas estão retomando o trabalho legislativo
trazendo bem vívidas na memória os depoimentos colhidos nas conversas com
eleitores e aliados de base. Conversas marcadas pelo desalento com a recessão e
o desemprego e, obviamente, também pela perplexa indignação advinda
das tenebrosas transações que a Operação Lava-jato e outras
investigações paralelas não param de trazer à tona.
O
impeachment, acredito eu, transitará rapidamente do plano das possibilidades
para o das probabilidades. Base jurídica objetiva para isso não falta,
como demonstra o bem fundamentado pedido de impeachment dos juristas Hélio
Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, que desnuda para quem tenha
olhos para ver e honestidade para entender os delitos contra a Lei de
Responsabilidade Fiscal cometidos pelo governo Dilma.
As condições
subjetivas da indignação popular e do inevitável reflexo das mesmas na
representação parlamentar não tardarão a se consolidar. Afinal, como pontifica
um insuspeito aliado e conselheiro do governo, o professor e ex-ministro Delfim
Netto, o presidencialismo, para funcionar, pressupõeum presidente atuando na
plenitude da sua capacidade.
Na prática,
em razão dos erros e das omissões de Dilma Rousseff, a Presidência da República
já se encontra vaga há bastante tempo.
DarcísioPerondi é deputado federal pelo PMDB do RS