J.R. Guzzo - 10/10/2024 – GAZETA DO POVO
Passo a passo, e de sordidez em sordidez, o governo do presidente Lula vai
construindo um dos piores momentos da história da diplomacia brasileira. É, mais que
tudo, um processo de demolição moral. Começou com o Brasil tomando, na prática, o
partido dos terroristas do Hamas no assassinato em massa contra civis israelenses um
ano atrás – foram 1.400 mortos, incluindo bebês de colo e crianças, estupros e
sequestro. De lá para cá, Lula jogou seu governo na militância antissemita explícita,
com o disfarce de apoiar a “Palestina” e se condoer com a sorte dos moradores de
Gaza. Chegou, agora, à ilegalidade direta, ao desrespeito aos contratos e ao
banditismo nas suas relações comerciais.
O governo Lula já tinha jogado o Brasil na posição abusiva de apoio à invasão da
Ucrânia pela força armada na Rússia. Diz que quer a “paz”, mas exige que a Ucrânia
“negocie” com o invasor e aceite que os russos conservem o território ocupado; na
verdade, Lula põe a culpa da guerra nos ucranianos, por se recusarem a capitular.
É aliado do Irã, regime definido como terrorista por todas as democracias sérias do
mundo. Tornou-se cúmplice declarado da ditadura da Venezuela, aceitando o roubo
das eleições por Nicolás Maduro – e tratando como “assuntos internos” as prisões
políticas, a tortura e o assassinato de opositores pelas gangues do ditador.
A última agressão do Itamaraty de Lula e de Celso Amorim ao direito internacional, à
decência comum e à honra do Brasil como negociador de boa-fé é a sua recusa em
aceitar o resultado de uma licitação legítima para a compra de armamento destinado
ao Exército Brasileiro, numa ação de antissemitismo. Empresas privadas de Israel,
com representação no Brasil, ganharam uma concorrência internacional para o
fornecimento de viaturas blindadas. O Estado nacional decidiu que os israelenses
ofereceram o produto de maior qualidade e melhor preço. Mas o negócio foi vetado,
sem nenhuma razão legal, por Amorim.
Tente achar alguma coisa certa, qualquer uma, nessa história toda – é pura perda de
tempo, porque está tudo absolutamente errado. A licitação não contém uma única
palavra exigindo que a empresa vencedora tenha sede num país que não esteja em
guerra. Não é o governo de Israel, de todo modo, quem está fazendo a venda. Também
não houve nenhum erro técnico no ambiente da licitação, nem o descumprimento de
alguma cláusula pelo vencedor. O que houve foi, simplesmente, a proibição de um
negócio legal por causa da nacionalidade de quem ofereceu as melhores condições de
venda. Mais: quem decidiu romper o contrato foi um cidadão privado cuja única
autoridade é ter sala no palácio presidencial e ser obedecido por Lula.
Resulta, no fim, que as Forças Armadas do Brasil decidiram comprar determinado
equipamento de defesa – e a sua decisão foi anulada pela vontade de Amorim, que não
tem cargo nenhum na hierarquia militar, nem entre os julgadores da licitação e nem
mesmo no Itamaraty. A palavra do Brasil não está sendo honrada porque o vendedor é
judeu – apenas por isso.
Israel tem relações diplomáticas com o Brasil. Até o dia 1º de janeiro de 2023 era uma
nação amiga. Nunca fez nenhuma ofensa, direta ou indireta, ao Brasil ou aos
brasileiros. Mas nada disso é levado em consideração, porque Lula decidiu por conta
própria declarar uma guerra pessoal e não autorizada por ninguém contra Israel.
A discriminação anti-israelense é racismo antissemita – desrespeita a lei e foi tomada
por causa da raça da empresa vencedora de uma concorrência internacional lícita.
Lula, Amorim e a sua esquadra de bajuladores dizem que não são contra os judeus,
mas a favor dos “palestinos”. É o argumento oficial do antissemitismo de esquerda no
século XXI, e não engana ninguém. Amorim disse que lamentava o massacre de um
ano atrás, mas que Israel tinha de pagar as “consequências” de suas decisões. Não
preciso dizer mais nada.