Com o aval, empresa de transporte público de Cachoeira do Sul avança no processo de reestruturação

Foi aprovado, na tarde desta terça-feira (30), o plano de recuperação judicial da Transporte Nossa Senhora das Graças. A decisão teve a validação da maioria das classes dos credores, reunidos em assembleia geral para deliberar sobre a proposta apresentada pela empresa. Agora, o processo será encaminhado para homologação no Foro da Comarca de Cachoeira do Sul.


Com mais de 60 anos de atuação, a transportadora ingressou com pedido de recuperação judicial em abril de 2020, em meio à crise provocada pela pandemia e as medidas de isolamento social. Frente a uma redução de quase 85% na receita, a empresa buscou o instrumento para readequar sua atividade e preservar os serviços à comunidade.


O advogado Fernando Campos, do escritório Medeiros, Santos & Caprara Advogados, que conduz o processo, destaca que a TNSG está em dia com passivos tributários e os salários dos colaboradores. "Com a aprovação do plano, as perspectivas são ainda mais positivas para a empresa, trazendo liquidez aos ativos imobilizados e permitindo novos investimentos", avalia Fernando, ressaltando que a recuperação judicial tem sido a ferramenta mais efetiva para enfrentar a crise do setor de transporte público. 


"Sempre acreditamos no potencial de nossa empresa e na fidelidade de clientes, passageiros e fornecedores. Como prevíamos, em menos de dois anos conseguimos aprovar o plano, o que nos dará tranquilidade de trabalhar com perspectiva de pleno crescimento", avalia Waldir Souza, diretor operacional da TNSG. No momento, a companhia aguarda a publicação do edital de licitação do transporte em Cachoeira do Sul para dar continuidade aos serviços no município.

EUA de Joe Biden diz que tem plena confiança na democracia do Brasil

 Assessor de Biden vê eleições “livres e justas” no Brasil em 2022. Casa Branca realiza na próxima semana Cúpula pela Democracia, que inclui Bolsonaro. Putin, que não foi convidado, oferece ao brasileiro visita à Rússia.O governo dos Estados Unidos afirmou nesta quinta-feira (02/12) ter plena confiança de que as eleições de 2022 no Brasil serão “livres e justas”. A declaração foi feita por Juan González, encarregado de assuntos da América Latina do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.


Ele respondia a uma pergunta sobre o risco de o Brasil ter no ano que vem o seu próprio “6 de janeiro”, em referência à invasão do Congresso americano por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que tentavam evitar a certificação da vitória de Joe Biden.


O presidente Jair Bolsonaro, apelidado por alguns analistas como “Trump dos trópicos”, afirmou diversas vezes, sem apresentar provas, que o sistema eletrônico de votação no Brasil sofre fraudes e disse que não admitiria uma derrota eleitoral. “Só Deus me tira daqui”, disse ele em maio, após defender a adoção do voto impresso


González fez em abril sua primeira viagem oficial à América Latina, que incluiu Colômbia, Argentina e Uruguai. O Brasil ficou de fora.

“O PSDB foi devastado pelo bolsonarismo", diz cientista político para a Deutshe Welle

No Brasil do petismo e do bolsonarismo, legenda que nasceu com cara de centro-esquerda vive crise de identidade e caminha para ser um partido “pequeniníssimo”, analisa cientista político.Fundado em 1988, a partir de dissidências com o antigo MDB, o PSDB nasceu com cara de centro-esquerda, reunindo social-democratas e liberais progressistas. Em pouco tempo o partido se tornou uma das âncoras da política partidária no Brasil, tendo elegido Fernando Henrique Cardoso presidente. Os últimos anos, no entanto, foram complexos para a legenda, que se misturou em 2018 ao bolsonarismo e se depara, agora, com um enorme desafio.

O governador de São Paulo, João Doria, derrotou o colega Eduardo Leite (RS) e foi o escolhido em prévias partidárias como o nome do PSDB para disputar a Presidência da República em 2022. O resultado, no entanto, mostra um partido dividido quase ao meio e lideranças históricas com bastante dificuldade em caminhar ao lado de Doria. O drama do PSDB reflete a conjuntura político-partidária do Brasil, analisa o cientista político Jairo Nicolau, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“O PSDB vive uma crise de identidade muito grande, não consegue se encontrar neste cenário nacional. Aconteceu a mesma coisa com o [antigo] PFL, com o MDB também. Esses três partidos, que eram âncoras da política brasileira durante muito tempo, foram devastados pelo bolsonarismo. Uma parte deles aderiu ao bolsonarismo, outra parte rompeu com Bolsonaro, mas eles não têm mais lugar. Essas forças de centro, centro-direita, centro-esquerda, de 2018 para cá foram perdendo muito espaço na política brasileira com a ascensão do bolsonarismo”, diagnostica o professor

Doria não é um nome consensual no partido, mas não pode ser subestimado, diz Nicolau. “Ele foi se impondo a lideranças tradicionais e hoje controla o partido. Ele mostrou muita força. É uma pessoa muito determinada.

Para o cientista político, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro se colocou no palco de 2022 há poucos dias e é em função dele que os outros partidos começaram a se movimentar. Sem uma liderança óbvia e carismática, os partidos que tentam ocupar o espaço do centro patinam, tentando emplacar um nome sem sucesso, enquanto Moro reaparece “e toma todo o espaço”, analisa.

DW Brasil: Além da polêmica do processo das prévias em si, com problemas na votação pelo aplicativo e denúncias de fraudes, o resultado mostrou um PSDB bem dividido. Quais as consequências disso?

Jairo Nicolau: Uma consulta para escolha de candidato por intermédio de prévias sempre tem esse risco. Em geral, achamos simpático, porque é uma forma de consultar os filiados e dar voz às pessoas que participam da vida do partido. Mas muitas vezes há o risco de que esse processo seja tão polarizado e complexo que gere rusgas que depois transbordem para além das prévias. No caso do PSDB, sem as prévias o partido já estava dividido. Não sou especialista na vida interna do PSDB, mas o que vimos foi a formação de uma frente ampla contra o João Doria, e essa frente foi derrotada. Ela uniu políticos da primeira geração do PSDB, como é o caso de Tasso Jereissati, o PSDB de Minas, o PSDB do Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite [derrotado por Doria nas prévias]. Mas não deu certo.O Doria tem o controle do partido, já se supunha que isso aconteceria. Tentaram a candidatura do Tasso, que talvez tivesse mais envergadura para enfrentar o Doria, mas não deu certo. Claro que uma parte de governadores e políticos que apostaram no Eduardo Leite vão se recompor politicamente com Doria. Mas há outros segmentos. O [Geraldo] Alckmin foi derrotado, o Aécio [Neves] em Minas. E o próprio Eduardo Leite, que não deve participar da campanha [presidencial] ativamente. Ele não deve participar do comando da campanha do Doria.O PSDB já estava numa situação difícil, o partido perdeu muito espaço na política nacional e tem uma divisão interna muito forte, com uma ala grande bolsonarista. Temos visto isso nas votações no Congresso, com o partido sempre acompanhando o governo. O partido perdeu muito, e Doria não é um nome consensual. Ele foi se impondo a lideranças tradicionais e hoje controla o partido. Ele mostrou muita força. É uma pessoa muito determinada. Mas o partido já vinha num processo de esvaziamento, perda de lideranças, foi mal em 2018, se recuperou um pouco em 2020.

Quais seriam, na sua avaliação, as causas desse esvaziamento do PSDB? Essa guinada à direita, certa adesão ao bolsonarismo, teria relação com isso, pelo paradoxo de o PSDB ter nascido como um partido social-democrata?

Acho que o partido ficou muito tempo fora do governo, durante a era petista. Foram quatro derrotas em sequência, no segundo turno. O partido foi perdendo força, e houve aposentadorias, esvaziamento da bancada, dificuldades estaduais. Exemplo: no Ceará tem o Tasso Jereissati [hoje senador], mas ele não criou uma liderança do partido para sucedê-lo. No Paraná, tinha o José Richa, fundador do PSDB. O Beto Richa [ex-governador] herdou, mas depois de escândalos também não tem liderança jovem e emergente no partido. As únicas exceções talvez fossem o Bruno Covas [ex-prefeito de São Paulo], que faleceu em São Paulo, e o próprio Eduardo Leite, que tem menos de 40 anos.Depois de 2014, foi um momento de recuperação do PSDB, mas isso mudou de 2015 para frente, com o seu candidato a presidente [Aécio Neves] envolvido em escândalos de corrupção, e depois com o Doria se afastando de lideranças antigas do partido. Não vamos esquecer que a inflexão do PSDB forte para Bolsonaro aconteceu em 2018, quando Doria e Eduardo Leite o apoiaram no segundo turno.

Tem aí um componente de um partido que vive uma crise de identidade muito grande, não consegue se encontrar neste cenário nacional. Aconteceu a mesma coisa com o PFL, que sumiu também agora, virou outra coisa, outra força, essa União Brasil. Com o MDB também. Esses três partidos que eram âncoras da política brasileira durante muito tempo foram devastados pelo bolsonarismo. Uma parte deles aderiu ao bolsonarismo, outra parte rompeu, mas não tem mais lugar. Essas forças de centro, centro-direita, centro-esquerda, de 2018 para cá foram perdendo muito espaço na política brasileira com a ascensão do bolsonarismo.

Alguns políticos foram atraídos como ímã, não são social-democratas, nem social-liberais; são políticos pragmáticos que estão no PSDB e que poderiam estar em qualquer outra legenda. Eu não vou me assustar se uma parte do PSDB, em abril de 2022, muitos dirigentes e deputados, acabar indo para o campo do [Sergio] Moro, ou para o União Brasil, ou um campo bolsonarista. Não resta muito lugar no Brasil para a centro-esquerda.

Por quê?

O Brasil não tem mais centro, nem centro-esquerda. Virou um país do petismo e do bolsonarismo. Os outros são satélites destas duas forças e estão esperando os movimentos de cada um, as composições dos palanques estaduais. É realmente difícil a situação do PSDB. Tinham um candidato que poderia ajudar a renovar o partido, a direção e a linguagem [Eduardo Leite], mas ele foi derrotado. Não é que Doria não seja uma renovação. Também é. Mas ele divide muito o partido internamente, cria muitas arestas. Ainda não se sabe como Doria está compondo com esse campo de centro-direita. Parece que ele conversa, mas não vejo hoje um lugar muito especial para o PSDB no cenário político pós-2022. Acho que o PSDB vive muita dificuldade e caminha para ser um pequeniníssimo partido, com quem sobrar, algumas lideranças.

João Doria tem alguma condição de ser uma espécie de catalisador desta eventual terceira via?

É muito cedo. Eu diria que não, mas já errei duas vezes. Errei muitas vezes com o Doria. Achava que ele não ia conseguir indicação para ser candidato a prefeito. Depois ele ganhou no primeiro turno, em todas as favelas e bairros da periferia de São Paulo. Depois saiu para a eleição de governador, sem base, e ganhou. E agora esse movimento das prévias nacionais. Ele é um político muito ousado, rápido. É uma biografia relâmpago. Agora, não sei se podemos tirar o Doria [do páreo]. Ele pode fazer uma campanha bem feita, ganhar força a partir de São Paulo. A probabilidade de sucesso dele, para mim, é baixa, mas eu não diria que não existe. Ele é um sujeito obstinado, tem um papel importante no processo de vacinação no país, tem recursos para fazer campanha [pessoal e do PSDB]. Ele está mal nas pesquisas, pior do que se imaginava, mas vamos deixar o tempo decantar. Com o Doria eu aprendi que é necessário prudência. Em 2018, todo mundo apostava que o [Geraldo] Alckmin ia virar, ia subir com aquela aliança no horário eleitoral e aquela dinheirama, e não subiu. E pode ser que o Doria consiga. Eu não descartaria. Está muito cedo para descartes peremptórios.

Você citou que há pouco espaço entre petismo e bolsonarismo. Mas a avaliação positiva de Bolsonaro não está ultrapassando 20% nas pesquisas recentes. Ou seja, tem um universo aí no meio que não se organiza partidariamente pelo centro. É reflexo de um momento político?

Sim, o governo federal está tendo muitas dificuldades. Bolsonaro cometeu muitos erros de gestão de políticas públicas e de coordenação política, e está pagando por isso. Primeiro, não tem nenhuma liderança política óbvia neste campo alternativo. Veja o Sergio Moro [ex-juiz e ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro]. Ele se filiou ao Podemos há 20 dias e já está operando. E em função dele a política está se reorganizando. Pessoas estão se filiando ao Podemos, ele atraiu a cúpula dos militares, a turma da Lava Jato. Ou seja, isso é fazer política, no sentido de ocupar espaço.

Agora, a política brasileira depende muito de lideranças. Não somos como a política alemã, em que os partidos escolhem [nomes e candidatos]. Há países que têm força partidária, as pessoas têm vínculos com os partidos. Você sabe que tem uma parte conservadora e busca o candidato conservador, seja quem for. Veja aqui: se o PSDB tivesse um nome brilhante, jovem, popular, se o Moro não tivesse feito as lambanças da Lava Jato e tivesse no PSDB, nossa mãe… Seria o casamento de um partido que tem estrutura e tradição de disputar eleição presidencial com um nome.

Agora não tem esse casamento. Os nomes que vão aparecendo vão morrendo, inclusive nas pesquisas. Eles não convencem os colegas do mesmo campo político. O [Luiz Henrique] Mandetta não conseguiu, o [Luciano] Huck não conseguiu, o [Eduardo] Leite não conseguiu, o Tasso [Jereissati] desistiu, o Ciro [Gomes] está vivendo dificuldades. Não apareceu um nome óbvio, bom de palanque, carismático, com popularidade. Não apareceu. Aí os partidos ficam batendo cabeça, lançado nomes para ver se alguém pega. Ninguém pegou. Ninguém passou de 5 pontos nas pesquisas. Neste vazio, reapareceu o Moro. Na ideia de que a elite tradicional ia se acertar com o Mandetta, o Eduardo Leite, alguém do MDB, ou o Rodrigo Pacheco (PSD), quem tiver melhor fica, nisso apareceu o Moro e tomou todo espaço

Alta dos juros desacelera economia

- Este material é da Agência Brasil deste domingo. 

O ministro da economia, Paulo Guedes, reconheceu que a subida dos juros para combater a inflação vai provocar uma desaceleração na economia no ano que vem. Para ele, o resultado será o melhor possível a ser feito, e a política econômica está seguindo o caminho correto.


“A Faria Lima e os banqueiros estão prevendo um crescimento menor. É natural. No ângulo de visão de financistas, é claro que vai haver uma desaceleração forte, porque os juros estão subindo. A inflação subiu, de novo estamos fazendo a coisa certa. O importante não é a previsão. O importante é fazer a coisa certa. O resultado será o melhor possível. Quando previram que o Brasil ia cair 10 [%], eu apenas descredenciei a previsão de 10. Eu não disse quanto ia cair. Aí surgiu uma guerra de fatos. Eu acreditava em recuperação em V. Não disse em quanto tempo e aconteceu até mais rápido do que eu esperava. Em compensação, veio acompanhada do componente inflacionário”, disse, ao participar nessa sexta-feira (3) do Encontro Anual da Indústria Química.


Em contrapartida ao efeito dos juros, Guedes conta com o avanço da taxa de investimentos, que vem registrando evolução e pode chegar em 2022 a 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Para o ministro, o crescimento do Brasil é inevitável e o país está recuperando sua economia de forma sustentável. Segundo ele, a economia passa por uma fase de recuperação cíclica em forma de V, que é quando registra recuo seguido de ascensão, baseada em transferência de renda e agora passa para a etapa do aumento dos investimentos. “É um número importante. Estamos subindo a nossa taxa de investimentos", afirmou.


O ministro acrescentou que não vai fazer projeções do crescimento do PIB para 2022 . “Eu não estou prevendo quanto vai ser o crescimento do ano que vem. Eu estou tentando de novo colocar um certo ceticismo nessas previsões, que foram de queda de 10%, de depressão, de desemprego em massa. Estou tentando justamente inspirar uma volta à normalidade da economia brasileira e até transcender esse estado, questionando essas previsões do PIB e de crescimento zero. É verdade que a subida de juros para combater a inflação desacelera o crescimento, mas também é verdade que uma taxa de investimento de 20% do PIB é um sinal de bom crescimento à frente”, observou.