O Campo da comunicação,
Por Luis Milman
Duvido que haja um estudante de comunicação capaz de
discorrer por 15 minutos sobre o conteúdo dos seus estudos sem deixar quem o
ouve estarrecido. Se articula algo similar a um balbucio, é só sobre alguma
porcaria qualquer. Lecionei semiótica e filosofia da linguagem na PUCRS, UCS e
UFGRS durante anos. O que mais se encontrava eram alunos que não queriam
estudar nada, e professores que não tinham a menor ideia do que ensinar, As
relações professor-aluno eram meramente recreacionais e isto em sala de aula.
Os estudantes de jornalismo apenas sonhavam erm chegar logo às disciplinas
práticas, para que pudesssem brincar de jornalista na frente de um computador.
Abominavam qualquer aproximação teórica dos problemas ou autores densos. Saiam
da faculdade sem qualquer formação e alguns se candidatavam aos cursos de
pós-graduação, onde a enganação continuava até a obtenção por eles de títulos
de mestres e doutores. É um processo que consagra a mais pedestre atividade
acadêmica, regada a muito consumo de maconha nos diretótios estudantis
dominados pelos petistas e psolistas.. Ao lado da FABICO, havia uma vila, a
Planetário,para a qual os estudantes acorriram para se abastecer de drogas
junto aos traficantes locais, E não eram poucos que compareciam às aulas
chapados, literalmente. Desafio, assim, qualquer pessoa a me apontar uma
dissertação de mestrado ou tese de doutorado produzidas em escolas de
comunicação no país que possuam valor acadêmico-científico aceitável. Esse
setor da Universidade é de uma nulidade intelectual devastadora e só serve para
divulgar ideias mascadas de franceses esquerdistas de quinta categoria, como
Badiou e Mafesoli, todos pós-modernos, o que, por si só, já é estrume
intelectual.
Aliás, sobre a influência do pensamento francês e seus
desdobramentos desde a revolução de 1789 junto aos meios esquerdistas,
comparados com a influência e a maturação das concepções da revolução
americana, sugiro a leitura do excelente livro “Sister Revolutions French
Lightning, American Light”, da historiadora americana Susan Dunn. Dá para
entender, depois da leitura, porque os epígonos Mafesolli, Foucault, Sartre,
Derrida e Lacan formam, com a Escola de Frankfurt, e com um conspurcado
Benjamin em versão adolescente, a lista de autores apresentados a alunos
desfibrados de inteligência, como figuras exemplares do pensamento
contemporâneo. Tudo isto temperado com a cartilha petista, que orienta
ideologicamente a grande maioria dos professores, com um pitaco de Trotsky,
outro de Rosa de Luxemburgo. Tudo para que os doutos, digamos assim, introduzam
de forma beningna, nos alunos, ideias de um comunismo generoso e, obviamente
fraudulento. Sobre este império da mediocridade moral e intelectual nos cursos
de comunicação, devo fazer justiça a uma exceção que confirma a regra geral:
trata-se do professor Francisco Rudiger, que leciona na PUCRS e na UFRGS. Ele é
um intelectual de primeira grandeza. Há anos Rudiger desafia, com seu rigor
filosófico, capacidade de análise, coragem pessoal e grande capacidade de
produção intelectual, o universo de nulidade que se autodenomina o “campo da
comunicação”.
A FABICO (UFRGS) e FAMECOS (PUCRS) são centros de
mediocridade e impostura e nada do que produzem serve para a área de ciências
humanas. Por isso, seriam fechadas se, submetidas, por amostragem de sua
produção, ao crivo analítico de comissões de avaliação sérias. A CAPES e o CNPQ
,os órgãos estatais de fomento à pesquisa, especificamente nesta área de
comunicação, são dominadas por panelinhas de doutores incapazes de discorrer
sobre questões sérias de teoria da linguagem, como semântica, sintaxe e
pragmática, economia, sociologia, teoria literária ou história. O tal estudo da
mídia que exercitam só cria gerações de imbecis com titulação acadêmica, que se
substituem uns aos outros como professores membros das comissões colegiadas e
subvencionadas de apoio às pesquisas, que liberam verbas para a produção de
trabalhos de professores e bolsas de mestrado e doutorado para as escolas de
comunicação. É o financiamento público da idiotia.
O caso da ocorrência de plágios na pós-graduação é mais
degradante ainda. Os estudantes, na sua grande maioria, não tem ideia alguma
sobre o que fazer nas suas dissertações e teses, porque não há conteúdo
qualquer ensinado nos cursos de pós-graduação. Assim, seguem as orientações de
seus professores e optam por escreverem coisas como “o jornalismo na era da
informática”, “as mídias sociais e as novas recepções”, “a análise do discurso
em tal ou qual situação” ou ainda “O Conceito de aura em Walter Benjamin” e por
aí vai, tudo verborragia inútil paga com o dinheiro público, puro lixo que
sequer pode ser usado como material bruto de pesquisa, a não ser aquela que
pretenda revelar o quão indigente é o tal campo da comunicação. Este material
todo forma um arquivo em bibliotecas sebentas que ninguém consulta. Ele
constitui um acervo para pesquisa daquilo do que é mais degradante em
instituições de ensino superior. E como as inteligências da ECA,(USP) da FABICO
e da PUCRS abrem a possibilidade de que, na comunicação, sejam apresentados
trabalhos de autores de outras áreas, por absoluta falta de referência
intelectual nos estudos teóricos sobre a mídia, aí o plágio domina tudo, porque
os alunos e os professores orientadores não leem nada de autores consagrados em
filosofia ou ciências humanas. Resumindo: é um chiqueirão intelectual,
acompanhado de uma pompa vicária, característica daquilo do que os coronéis
deste emporcalhamento universitário chamam de “o campo da comunicação”, que, em
verdade, deveria ser chamado de campo de abjetas nulidades.