No Brasil em que eu vivo com os olhos bem abertos,
o antipetismo acabou se tornando a maior força política, suplantando o petismo.
Não houvesse um petismo a suscitar antagonismo, não surgiria a reação
contrária.
Desde que foi criado, o petismo se dedica à criação
de antagonismos, fornecendo instrumentos institucionais, organização, recursos
humanos e financeiros para o lado que ocupa nos conflitos que cria e estimula.
Enorme esforço tem sido despendido pelo PT para que os brasileiros sejam
identificados e antagonizados pela cor da pele, pela etnia, pela cultura, pela
região do país, pelo tal de gênero, pela faixa etária, pelo extrato de renda,
pela relação de autoridade (pais/filhos, professor/aluno, policial/cidadão,
criminoso/vítima), pela posição política e ideológica, e por tudo mais que a
inventividade possa suscitar. Assim é o petismo.
Mas não é daí que vem o antagonismo. Ele surge do empenho
em transformar essas realidades em conflitos nos quais a parte supostamente
protegida pelo petismo é ensinada a ver a outra como inimiga. E o que é pior:
sendo a ela imputadas as intenções mais vis. É o que acontece quando repetido
incessantemente, por exemplo, que o PT é malvisto pela classe média porque esta
não quer pobre viajando em avião ou comendo filé mignon. Ou quando se diz que o
brasileiro é racista, machista e homofóbico. Ou quando se pretende, em sala de
aula, contra a vigorosa reação nacional, confundir a sexualidade das crianças
com ideologia de gênero como “conteúdo transversal”, vale dizer, em todas as
disciplinas... Ou quando se insulta a direita liberal e/ou conservadora
chamando-a de fascista. Ou quando se tenta impedir a projeção de um filme do
Olavo ou uma palestra de Yoani Sanchez. Ou quando se afirma que o pobre é pobre
porque o rico é rico. Ou quando, aos olhos e ouvidos da população indignada com
a roubalheira promovida no país, é dito que os condenados são heróis do povo
brasileiro, ou que o preso é um santo julgado por magistrados patifes. Não se
diz essas coisas para um povo que foi roubado nas proporções em que os
brasileiros foram! Mas o petismo diz.
Tenta-se hoje, por todos os meios, impingir à opinião
pública a ideia de que liberais e conservadores “odeiam” todos aqueles cujas
posições são fomentadas pelo discurso petista. No entanto, essa é mais uma vilania!
A exasperação tem como causa o petismo dizendo o que diz e fazendo o que faz. É
o petismo que suscita rejeição; não é o pobre, nem o negro, nem o índio, nem o
homossexual, nem o esquerdista, nem sei lá mais quem.
A impressionante renovação promovida pelos eleitores em
sete de outubro nada teve a ver com qualquer “efeito manada”. Bem ao contrário,
significou a tomada de decisão, livre e soberana, de uma sociedade cuja opinião
vinha sendo desprezada por supostos tutores confortvelmente acomodados nos espaços
de poder institucional, nos grandes meios de comunicação e no ambiente
cultural. A necessária pacificação nacional será difícil, porque todos sabem
como se conduz o petismo quando na oposição.