O confisco da verdade

O confisco da verdade 
Despencou a popularidade de Dilma reeleita pelo “partido que veio para repelir a mentira”, segundo Lula

Ricardo Noblat

Quem disse: “[A recente campanha eleitoral foi] a mais suja. Aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer e falsear”?

Aécio Neves? Fernando Henrique Cardoso? Dilma? Lula?

Claro, Lula, no aniversário de 35 anos do PT. Quem mais ousaria tanto?

A metamorfose ambulante, como um dia Lula se apresentou, teve a cara de pau de dizer mais. Do tipo:

- O PT nasceu para ser diferente. A verdade é que foi o governo deles que tentou destruir a Petrobrás. E foi o nosso governo que a resgatou, retomou os investimentos que levaram à descoberta do pré-sal e fizeram da Petrobrás a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto.

Sobre a corrupção na Petrobras, nem um pedido de desculpas.

Como a vingança veio a galope, Lula, Dilma e o PT foram obrigados a amargar, um dia depois de se reunirem em Belo Horizonte, os resultados da primeira pesquisa de opinião pública aplicada, este ano, pelo Datafolha.

Despencou a popularidade de Dilma reeleita pelo “partido que veio para repelir a mentira”, segundo Lula. Dilma alcançou a pior avaliação de um presidente desde 1999.

Tinha 42% de ótimo e bom e 24% de ruim e péssimo em dezembro último. Agora, respectivamente 23% e 44%.

Metade dos que ganham até dois salários mínimos considerava o governo Dilma ótimo ou bom. Agora, 27%.

Quer dizer: 23 pontos percentuais de queda em dois meses.

Como preocupação dos brasileiros, a corrupção subiu para o segundo lugar (21%). Só perde para a saúde (26%).

Está bom ou quer mais?

Quase 80% dos entrevistados acreditam que Dilma sabia da corrupção na Petrobras. Para 52%, sabia dos desvios de dinheiro e deixou que continuassem.

Pouco menos de 50% a consideram desonesta, além de falsa (54%) e indecisa (50%). Seis em cada 10 entrevistados acham que Dilma mentiu para vencer.

Estelionato eleitoral? É disso que se trata. Chega! Basta! Fora!

Fora? Talvez exagere.

Mas quando começou o falatório pedindo o impeachment de Fernando Collor, o PT negou que fosse golpe.  Collor caiu.

O PT negou que fosse golpe a tentativa de derrubar Fernando Henrique Cardoso quando ele se reelegeu.

Ora, o impeachment está previsto na Constituição. Outro dia, nos Estados Unidos, falou-se em impeachment de Obama. Como antes no de Bill Clinton. Ninguém rebateu dizendo que era golpe.

Collor ganhou acusando Lula de estar decidido a confiscar parte da poupança dos brasileiros se vencesse.

Fernando Henrique se reelegeu garantindo que não desvalorizaria o real.

Dilma está de volta depois de ter dito que seus adversários fariam a infelicidade do povo, adotando medidas que ela jamais adotaria.

Collor confiscou a poupança. Fernando Henrique desvalorizou o real. Dilma está fazendo o contrário do que disse.

O que eles têm em comum?

Confiscaram a verdade.

Em 1986, o então presidente José Sarney lançou o Plano Cruzado, que congelou salários e preços. Quase virou santo.

Naquele ano, o PMDB e o PFL de Sarney elegeram 23 governadores em 23 possíveis, 40 de 43 senadores e 378 de 487 deputados federais.

Alguns dias depois, Sarney acabou com o congelamento. De passagem pelo Rio de Janeiro, dentro de um ônibus com a sua comitiva, foi apedrejado por uma multidão.

Lula diz que há um golpe em marcha para depor Dilma. Bobagem!


O golpe já foi dado. Por ele, Dilma e o PT ao encenarem a farsa eleitoral do ano passado.

Artigo, Luís Milman - A ideologia da destruição

A Ideologia da destruição

As catástrofes políticas, sociais e econômicas que caracterizam todos os regimes comunistas estão delineadas nos escritos de Marx. Porém, o marxismo não é uma doutrina insepulta, mas uma forma de religião ativa que provoca um pandemônio cognitivo, inviabiliza o senso crítico e devasta os padrões morais do sujeito que adere a ele. Para Marx, a força das ideias era puramente destrutiva e seus efeitos deveriam ser sentidos em todos os aspectos da vida: destruir a economia de trocas livres, devastar a noção de indivíduo, destroçar as formas de organização política e social, pulverizar os costumes e a religião. Tudo está ao alcance do mainstream ideológico marxista, que o crente no materialismo dialético passa a professar depois de ter se convertido a esta confissão.

Os regimes marxistas ruíram na Europa depois de quase um século de opressão e miséria. Sua vertente catocomunista da Teologia da Libertação impregnou, no entanto, a Igreja da América Latina e penetrou na política partidária do continente, com a ajuda da Universidade e de intelectuais devotados à causa, como os seguidores dos frankfurteanos, dos pós-modernistas e dos descontrucionistas. E essa vertente culturalista foi bem sucedida. No plano teológico, a caridade, a filantropia e a salvação da alma deram lugar ao apoio à luta armada no campo e à luta de classes. Já a percepção dominante no mundo ocidental tornou-se relativista e permissiva. Padrões estéticos foram redefinidos para dar abrigo à vulgaridade e à banalidade alegadamente de extração popular da arte pop e da indústria do entretenimento, cuja referência é a destruição de valores milenares. A cultura no sentido estrito deu lugar, por um lado, ao lixo esquerdista presunçoso produzido por intelectuais orgânicos nas cátedras acadêmicas de humanidades e, por outro, ao vale-tudo que, em nome da mitificação do gosto das massas, circula nos meios de comunicação.

A criminalidade, a depravação e a drogadição tornaram-se fetiches na música e nas artes cênicas. A publicidade comercial e a propaganda política fazem descer a inteligência do público ao nível do retardo patológico. É difícil aceitar que uma criança normal possa aceitar ser exposta à promiscuidade da programação diária de TV. Mas isto ocorre em larga escala. A família, que já havia sido alvo dos ataques  de Marx, foi transformada em vilã num enredo que apregoa a sua substituição pela promiscuidade. Anarquistas como Foucault, marxistas como Marcuse e hedonistas como Lacan transmutaram a sexualidade em exercício de taras, em nome de uma liberação feminina e da luta contra a dominação do macho. A sexualidade foi despida do encanto, do pudor e do recato, passando a ser praticada como parte essencial da luta politica contra a opressão que está, segundo a ideologia destrutiva, em todo lugar.

O resultado, no Ocidente pós-II Guerra, foi o surgimento de uma mentalidade emasculada em todos os setores da vida, delineada pela hipertrofia de comportamentos bizarros e extravagantes e pelo apelo a super-direitos abstratos. Por outro lado, nada do que se alicerça nos valores judaico-cristãos pode dar, nessa perspectiva, origem ao belo ou ao justo. Tudo que provêm da tradição deve ser destruído. A naturalidade com que se reproduzem, na mídia e na escola, clichês infanto-juvenis sobre opressão, igualdade e diversidade infesta a concepção contemporânea de mundo com um cavalar complexo de culpabilização do ego e faz com que mesmo a forma mais inocente de se expressar seja alvo de autopoliciamento. Na história do Ocidente, nunca tantos foram vítimas de exclusão, opressão, preconceito e ódio como são os gays, os muçulmanos, os negros, os índios ou os latinos de hoje. A vitimização tornou-se norma de conduta e os neologismos formados com a palavra "fobia" injetam, na vida social, o sintagma de combate de estudantes profissionais e de seus modelos, os psicóticos nihilistas.


É preciso sempre opor-se com energia a esse contra-Renascimento, a essa era de trevas na qual a maioria das pessoas é convidada, pela cultura degenerada difundida pela mídia e circulante entre sociólogos do engajamento, ao exercício da autopiedade e ao nihilismo. A resistência à hegemonia do obscurantismo materialista e à emasculação que dele decorre deve mobilizar todos os assuntos da vida, porque a luta é pela reconquista da alta cultura e da prórpia condição humana, por quem ainda não se deixou contaminar pela ideologia da desesperança e da destruição. 

Seguranças e bandidos trocam tiros no shopping Iguatemi, Porto Alegre

Clientes do restaurante Coco Bambu chegaram a se atirar no chão durante o tiroteio.

Mais uma cena de violência abalou os porto-alegrenses ontem a noite, quando dois bandidos e seguranças do novíssimo shopping Iguatemi, o maior da cidade, trocaram tiros em pleno estacionamento.

Foi as 22h10min, depois que os bandidos sequestraram uma moça, horas antes, combinando o resgate com a família, que ocorreu no shopping. A operação toda foi coordenada pela Polícia Civil.

Os dois ladrões foram baleados depois do resgate e um foi preso na hora.

Artigo, César Herkenhoff, ES Hoje – 50 tons de cinza

Confesso meu desconforto com a intolerância de alguns amigos, inclusive, que literalmente têm partido para o ataque frontal aos que ousam criticar o governo do Estado e o governador Paulo Hartung, como se fossem entidades acima do bem e do mal.

Estão tentando resgatar um dos episódios mais tristes de vida democrática brasileira, quando militantes e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores partiram para o enfrentamento aos que se mostravam indignados com a corrupção generalizada: todos coxinhas fascistas.

Agora, na crise instaurada na segurança pública capixaba, há uma nova tentativa de marginalizar os que simplesmente não concordam com o atual modelo de gestão – de caráter nitidamente autoritário.

Nunca é demais lembrar que a história política de Paulo Hartung foi construída na crítica, na discordância, no enfrentamento à ditadura militar. E quem trabalhou nas redações capixabas no início dos anos 80 sabe o preço que nós pagamos para defender bandeiras em que acreditávamos.

“Ah, vocês deviam das graças a Deus pelo governador que têm. Recebem os salários em dia”, dizem os arautólogos pós-graduados em bajular o poder, coimo se pegar em dia fosse um favor imensurável, e não apenas um dever do governante.

Nunca é demais lembrar que os Estados da Federação em situação de insolvência foram exatamente os dois em que os governantes mais saquearam os cofres públicos: Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sérgio Cabral, preso. Fernando Pimentel, inexplicavelmente, solto.

Não foram os servidores públicos cariocas e mineiros que quebraram seus Estados. Foram governantes corruptos, ladrões, que colocaram interesses particulares acime dos interesses públicos. Construíram fortunas incalculáveis em cima do sacrifício da população.

No Espírito Santo, felizmente, não se tem notícia de desmandos dessa natureza. A situação do Estado é razoavelmente estável se comparada a outras unidades federadas.

Mas mantenho a percepção de que o governador Paulo Hartung continua focado em seu projeto nacional que, a essa altura dos acontecimentos, parece ter naufragado.

A TV Antagonista veicula hoje, com o título “Hartung deu tiro no pé”:

“O peemedebista Paulo Hartung reclama que não tem meio bilhão para honrar o aumento dos salários dos policiais, mas abriu mão de R$ 4,3 bilhões em impostos com uma série de renúncias fiscais que são questionadas até no STF.

Hartung beneficiou alguns grupos econômicos com isenções consideradas ilegais, na mesma linha do que fez Sérgio Cabral no Rio. Resta saber se o governador teve alguma contrapartida”.

Quero crer que não houve contrapartida, pelo menos nos moldes de Sérgio Cabral e Fernando Pimentel. Imagino que, no máximo, doações para campanha eleitoral, com recursos de caixa dois, caixa três, diabo a quatro. Mas esse é a regra geral, não um privilégio do governador capixaba.

Agora há pouco postei no Facebook uma nota que pretende refletir apenas meu sentimento pessoal, embora eu tenha a imodéstia de falar em nome da sociedade capixaba:

“Para se chegar à verdade é preciso conhecer as diversas versões de um mesmo fato.

Está é mais uma versão para ser ouvida e analisada sem passionalismo e sem a vocação desmedida de imputar culpas.

A responsabilidade primeira é do poder público.

Não é legítimo jogar o peso e as consequências sobre a sociedade.

É hora de todas as forças políticas envolvidas renunciarem à arrogância e à prepotência.

Não queremos governo e PM medindo forças. O povo capixaba exige diálogo já”.

Os hartunguistas não gostaram porque acham suficiente o governo estar com salários em dia. É muito pouco. E o resto da população?

Não foi Odorico Paraguassu quem disse, mas Evelyn Beatrice Hall, mas é sempre um conceito a que não devemos renunciar:

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”.