Tenho acompanhado o desenrolar
das discussões sobre o projeto de lei “Escola sem Partido” e fico abismado com
a radicalização por parte da esquerda brasileira a respeito do assunto.
O quê há de tão tenebroso neste
projeto? Será que realmente atenta contra a democracia como defendem todos os
partidos de esquerda?
Assisto aos comentários na televisão
de expoentes do jornalismo como Ricardo Boechat que considera o projeto uma
palhaçada como já afirmou diversas vezes em seu comentário na Band News. Esta
qualificação do projeto por parte do Boechat se repetiu ainda ontem, 12 de
dezembro em seu comentário matinal. Assisti também os debates no parlamento e
no STF onde parlamentares e juízes da suprema corte consideraram uma violação
da liberdade de cátedra o Escola sem Partido.
Lanço um desafio a estes
especialistas e autoridades: peçam a um de seus filhos vestir uma camiseta com
a estampa do Bolsonaro ou do Trump e tentem entrar incógnitos em uma
universidade no Rio, em São Paulo, em Porto Alegre ou em Florianópolis para
escolher apenas alguns de nossos centros universitários. Se não forem
escorraçados pelos batalhões de seguidores do PT, do PCdoB e principalmente do
PSOL, dou o braço a torcer. Os inúmeros vídeos que pululam na internet provam o
contrário: quem não é de esquerda não entra. O cidadão não esquerdista
tornou-se “persona non grata” nos ambientes acadêmicos.
Exposições sobre os crimes do
nazismo ou da “ditatura militar brasileira” são comuns e corriqueiras, mas se o
tema for os crimes do comunismo, a miséria dos países socialistas não há a
menor chance de se concretizar. Não são admitidos.
Apresentar os terroristas dos
anos 60, 70 e 80 como heróis nacionais pode. Apresentar os militares como
torturadores, pode. Mas apresentar os vídeos de muitos ex terroristas como
Fernando Gabera ou Eduardo Jorge que falam que o objetivo da luta armada era implantar
a ditadura comunista no Brasil, não pode. Eduardo Jorge chega a afirmar que
teriam sido muito mais violentos do que os militares foram.
Enquanto isto, semianalfabetos
chegam às portas das universidades e por elas passam em função do sistema de
aprovação compulsória inundando o mercado de trabalho de jovens incapacitados
em ciências, mas especialistas em ideologia.
Suponhamos que Bolsonaro conseguisse
alterar a lei que permite a liberdade universitária e, desalojando os partidos
de esquerda que tomaram conta destas entidades, colocasse professores que pregassem
temas voltados para as ideologias de direita ou até mesmo de extrema direita.
Será que os esquerdistas continuariam a combater o Escola sem Partido ou mudariam
radicalmente de posição e passariam a defende-lo com unhas e dentes? O que fariam
se os cartazes de “Lula livre” ou de apoio aos governos de Cuba e da Venezuela
fossem substituídos por outros com dísticos como “America First’ ou “Brasil
acima de tudo e Deus acima de todos”? Será que Boechat iria tão ferrenhamente defender
a liberdade de cátedra ou viraria apoiador do Escola sem Partido?
Resumindo, o Escola sem Partido
não presta porque tenta cercear o proselitismo da esquerda. Provavelmente, em
se mudando a atual ideologia dominante nas universidades, ocorreria uma troca
de papeis e os mocinhos passariam a ser os bandidos e vice-versa.
Enquanto isto o Brasil continua
ocupando os últimos lugares no ranking da educação e em lugares equivalentes no
ranking da produtividade mundial.
O autor é CEO da Jacques -
Gestão através de Ideias Atratoras, Porto Alegre,