Capital de giro é a principal necessidade dos pequenos negócios, diz pesquisa do Sebrae do RS

A pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios na Crise realizada semanalmente pelo Sebrae RS aponta que o capital de giro não apenas continua liderando entre as principais necessidades, como a sua carência é crescente. No sexto período do levantamento, realizado entre os dias 10 e 19 de maio, este item teve um aumento de três pontos percentuais e chegou a 64%. A isenção de impostos e taxas aparece como segunda necessidade (37%), seguida por alternativas para diversificar produtos/serviços (29%), carência para pagamento de impostos e taxas (25%) e consultoria para readequação do negócio (22%).

Obter capital de giro é fundamental para a empresa operar regularmente, pois permite alocar os recursos na sua administração e operação, garantindo a sua sobrevivência no longo prazo. “Tendo em vista os reflexos da crise provocada pelo novo coronavírus, para além da operação do seu negócio, os empreendedores se viram obrigados a buscar outras formas de obtenção de capital de giro como, por exemplo, as linhas de financiamento com instituições financeiras privadas e oficiais, e isso não tem sido tarefa fácil”, diz o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy. Desde o início da crise do coronavírus, o governo já anunciou diversas modalidades de apoio financeiro a pequenos negócios, mas apenas 4% chegaram aos empreendedores, segundo pesquisa do Sebrae Nacional e da Fundação Getúlio Vargas.

O monitoramento realizado Sebrae RS aponta que 34% dos empreendedores entrevistados buscaram empréstimo para manter o seu negócio após o início da crise. Porém, entre estes, apenas 37% conseguiram efetivar a operação, 40% não conseguiram e 23% estão com o pedido em análise pela instituição. Esta semana o Governo Federal sancionou lei que cria nova linha de crédito para os pequenos negócios atingidos pela crise. Para Godoy, a boa notícia é que o Pronampe permite que Fintechs e Cooperativas de Crédito também operem essa linha de crédito. “Acredito que essa pode ser uma solução facilitadora da chegada desses recursos ao empreendedor, tendo em vista que, majoritariamente, essas organizações têm na pequena empresa o seu público alvo, e portanto, entendem suas dores e necessidades, aumentando as chances de concessão de financiamentos”, afirma o dirigente.

Realidade nacional
O problema de falta de capital aflige empreendedores em todo o País. De acordo com pesquisa nacional realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e divulgada esta semana, cresceu em oito pontos percentuais a proporção de empresários que buscou crédito entre 7 de abril e 5 de maio. Entretanto, 86% destes empreendedores tiveram o empréstimo negado ou ainda estão com seus pedidos em análise.

Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, apenas 14% daqueles que solicitaram crédito tiveram sucesso. A procura de crédito foi direcionada aos bancos públicos (63%), bancos privados (57%) e cooperativas de crédito (10%). Entretanto, avaliando a taxa de sucesso desses pedidos, o estudo do Sebrae Nacional mostrou que as cooperativas de crédito lideram na concessão de empréstimos (31%) e, na sequência, aparecem os bancos privados (12%) e os bancos públicos (9%).

Fampe
Para apoiar o empreendedor neste momento mais delicado economicamente, o Sebrae está trabalhando para ampliar o volume de instituições parceiras para a operação do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), que já conta com 12 organizações, entre bancos públicos e privados, cooperativas de crédito e agências de fomento. Em pouco mais de 10 dias de operação do convênio firmado com a Caixa Econômica Federal para a concessão de crédito assistido com recursos do Fampe, foram realizadas 5.074 operações e concedidos R$ 432,5 milhões em crédito para pequenos negócios (até 19/5), com um ticket médio de R$ 85,2 mil por operação. "São essas iniciativas que podem dar fôlego aos empreendedores, irrigando o fluxo de caixa e ajudando-os a superar progressivamente essa crise econômica", destaca Godoy.

Confira os dados da pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios:
Impacto nos pequenos negócios
Negócios afetados negativamente
75% (primeira semana)
71% (segunda semana)
77% (terceira semana)
70% (quarta semana)
73% (quinta semana)
70% (sexta semana)

Negócios afetados positivamente
16% (primeira semana)
20% (segunda semana)
16% (terceira semana)
24% (quarta semana)
19% (quinta semana)
20% (sexta semana)

Faturamento: redução
90% (primeira semana)
86% (segunda semana)
89% (terceira semana)
91% (quarta semana)
80% (quinta semana)
78% (sexta semana)

Faturamento: alta
3% (primeira semana)
3% (segunda semana)
1% (terceira semana)
3% (quarta semana)
5% (quinta semana)
9% (sexta semana)

Perda no faturamento
53% maior do que 50%
18% de 41 a 50%
15% de 31 a 40%
6% de 21 a 30%
3% de 11 a 20%
1% de 6 a 10%
2% até 5%

Expectativa dos negócios nos próximos 30 dias
49% pretende manter
24% pretende reposicionar
11% pretende expandir
10% reduzir
6% pretende encerrar

Necessidades
64% capital de giro
37% isenção de Impostos e taxas

Financiamento
34% buscaram empréstimo
66% não buscaram empréstimo

Dos que buscaram empréstimo
37% conseguiu
23% está em análise
40% não conseguiu

Motivos por não conseguir empréstimo
32% taxas de juros alta
21% falta de garantias ou avalistas
16% empresa não possui capacidade de pagamento suficiente
11% empresa ou sócio com restrições cadastrais
11% empresa possui alto endividamento
11% não sabe

Artigo, J.R. Guzzo, Gazeta do Povo - Ministério Público virou um sindicato, e com todos os vícios do sindicalismo

De todas as desgraças que aconteceram na Justiça brasileira nos últimos 30 anos, é provável que nenhuma se compare em toxidade com a sindicalização do sistema judiciário como um todo – juízes, procuradores e tudo o que têm em torno de si. O Ministério Público — seja o da União, que engloba Brasília, seja o dos 26 estados — é a parte pior.

Por via da Constituição destrutiva que desde 1988 condena o país ao atraso eterno, o MP, um monstro com cerca de 14 mil procuradores e 45 mil funcionários, não está subordinado a nenhum dos três poderes legais da República, não presta contas a ninguém e nenhum dos seus membros precisa ser eleito pelos cidadãos para exercer a autoridade do cargo. Eleições, ali, só as “internas”, entre eles próprios – e cada vez que se olha para isso é simplesmente um horror.

O fato é que, ao longo do processo de degeneração que vem passando desde a sua criação, o MP transformou-se num sindicato ilegal (sob o disfarce de “associações”), com todos os vícios do sindicalismo. Esses sindicatos não representam, de fato, o conjunto dos procuradores federais e estaduais que há no Brasil. É claro que não: desde quando um sindicato brasileiro, qualquer que seja, representou de verdade a categoria de trabalhadores que representa?

No MP é pior ainda. Suas eleições são armadas para impedir a expressão da maioria dos procuradores e o resultado óbvio é que as “associações” que falam e agem em nome de todos são, na verdade, controladas por facções políticas antidemocráticas. Estão empenhadas em três coisas: arrancar do contribuinte salários, vantagens e privilégios cada vez mais agressivos, fazer militância ideológica e excluir da direção da “categoria” qualquer possibilidade de outras opiniões.

O último retrato desde naufrágio são as eleições para o Conselho Superior do Ministério Público Federal, ou CSMPF, uma espécie de CUT dos procuradores da União: mais uma vez, suspeita-se a existência de fraude, como acontece normalmente no mundo sindical.

Uma comissão formada para acompanhar os trabalhos adiou por um mês a eleição ao descobrir numa auditoria que os donos da “categoria” usavam para organizar a votação uma “plataforma eletrônica” interna (um negócio chamado “Valum”) que não pode garantir objetivamente a honestidade da eleição. É essa mesma central sindical, em eleições deste tipo, que faz as “listas tríplices” para a escolha das grandes chefias do MP.

Não pode dar certo, nunca deu e nunca dará. Mas vai continuar assim, porque o Brasil é cada vez mais um cartel montado para mandar no Estado e no erário público."