Alex Pipkin, PhD
O que eu costumo ouvir de muitos: “Alex, tu escreves muito bem, mas teus textos são longos demais”. E eu apenas aceno positivamente. Ninguém lê quase mais nada. Todo mundo quer o fragmento rápido, a frase de efeito, o vídeo de cinco segundos. É assim que se forma a percepção de mundo atual; superficial, imediata, emocional.
Recentemente, escrevi um artigo. Uma jovem me respondeu não com argumentos, mas com instintos. Ela enxergava apenas a ponta do iceberg, como se aquilo fosse o todo. Mas a ponta é só reflexo, consequência. O que sustenta o iceberg está submerso; as causas, estruturas, esteios, conhecimento acumulado, lógica das relações de causa e efeito. Sem isso, tudo se reduz à percepção rasa, reação instintiva, emoção imediata.
Perguntei a um jovem de vinte e poucos anos quantos livros havia lido no último ano. Ele disse poucos, mas, segundo ele, “aprende muito” nas redes sociais. Esse é o retrato do nosso tempo.
Mas a verdade não é isso. A verdade é conhecimento estudado, testado, que resistiu ao tempo e produz efeitos reais, consistentes, resultados virtuosos. Fora dela, tudo se reduz a aparência, percepção fugaz, sensação transitória.
E então surgem os influenciadores. Não precisam conhecer nada, apenas parecer que conhecem. Não estudam; ensaiam a retórica, calibram o gesto, a entonação, para arrancar aplausos virtuais. Seus seguidores não pedem fontes, não verificam nada. Um influenciador vira a própria verdade. E, nessa direção, desaparece a noção de certo e errado. O que gera efeitos comprovados se perde; o que não produz resultados, mas é narrado como verdadeiro, se impõe como falácia.
O One Man Show não informa, apenas confirma sentimentos; não esclarece, apenas reforça identidades; não conduz à verdade, apenas transforma emoção rasa em dogma e aparência em autoridade. Desafortunadamente, essa cultura é a cultura dos sofismas enganadores. Mas essa turma provavelmente nem sabe o que significa “sofismo”.
Ele não leu, não estudou, não tem lastro, porque nunca construiu conhecimento profundo nem experienciou o rigor da reflexão.
Sua força não vem do conteúdo, mas da performance, da aparência de autoridade, da capacidade de seduzir superficialmente, capaz de ganhar aplausos e likes sem jamais conhecer de fato aquilo que opina como “especialista de verdade”.
Essa quimera contaminou tudo. As universidades abandonaram os clássicos, os esteios da civilização que tiraram milhões da pobreza econômica e intelectual. No lugar, oferecem sentimentalismo progressista e superficialidade. Os jovens caminham como náufragos em um mar de imagens digitais, à deriva, flutuando sem rumo em ondas de aparências que não sustentam nada.
Nesse vácuo, vence a voz mais alta, a imagem mais bem produzida, a desinformação mais criativa. As pessoas escolhem seus ídolos digitais como escolhem um time ou uma marca. Tudo que eles dizem se torna dogma, insight, profecia. E eu me pergunto: para onde vamos? Que futuro pode existir sobre essa areia movediça de aparências e sentimentalismos tóxicos?
É hora de reverter a direção. Desligar o show do influenciador. Voltar ao que é sólido, enraizado, comprovado. Recuperar a leitura, os clássicos, a razão, a experiência histórica. Retomar os hábitos sagrados do pensamento, que geram a capacidade individual de crítica e discernimento, que a era digital, pelo excesso, vem devastando. Só assim escaparemos do teatro tribal do One Man Show e reencontraremos o que sustenta a civilização.
O que a sustenta? Elementar, meu caro amigo: a busca incansável pelo que é real, pelo que é verdadeiro.