Sílvio Lopes, jornalista, economista e palestrante.
Estudando os princípios da Psicologia e lendo alguns livros de mestres nesse campo do conhecimento humano, aprendi a singela distinção entre personalidade e caráter. Ambos denotam traços que moldam cada um de nós, os humanos. A personalidade, em sua essência, é individual e específica( pessoa introspectiva, racional, inquieta, assertiva ou não, coisas dessa natureza); já o seu caráter, o indivíduo vê florescer, desenvolver e consolidar no seu relacionamento social e diante da estrutura moral da sociedade em que vive ( honestidade, integridade, honradez, entre outros atributos ). Eis a questão. Ambos os aspectos interagem no meio social, dela recebendo influência, mas também exercendo a sua. Pergunto: na escolha do líder de uma nação qualquer, o que deveria pesar mais na decisão do eleitor: a personalidade ou o caráter do candidato? Aqui entre nós: é fácil responder, não é mesmo? Mas o que fazemos, muitas das vezes, no campo da prática eleitoral, hein? Ou por outra: foi ou não foi o crasso e indesculpável erro que cometemos na eleição presidencial de 2022? Justo no momento em que a sociedade observava, com renovadas esperanças, o necessário, embora ainda tímido, início do desmoronar de um sistema corrupto que lhe vem subtraindo, a décadas, sonhos, projetos e razões de amar esta bendita pátria, decidimos na urna( até prova contrária), condenar a personalidade tosca e poiticamente incorreta de um candidato, mas de caráter íntegro, escolhendo o que simboliza e representa o caráter do que há de mais nojento e corrupto na história da civilização humana. Somos e colhemos os frutos de nossas escolhas...Uma vez mais o mantra espiritual escancara nossa insensatez e irresponsabilidade, seja conosco, ou com nossos irmãos e a nação toda, condenada ( embora seja, potencialmente, a mais rica entre todas) , à miserabilidade e à escravidão por uma elite podre, arrogante e, sim, genocida e desumana. O mais degradante de tudo é ver gente se jactanciando de sua escolha, como se não houvesse o amanhã. E instituições públicas, antes sérias, devastadas em sua integridade e moralidade postas a serviço da destruição de toda uma nação. Como diz o velho ditado turco: "se um porco assume o Estado, não vira rei; mas o Estado se transforma num chiqueiro". Pobre Brasil.