Artigo, Renato Sant'Ana - O aparelhamento das escolas e o desafio para os pais

A quem os pais estão confiando a formação dos filhos? O que concluir do recente flagrante de "violência pedagógica" da Escola Avenues?

Para aniquilar moralmente um garoto que ousou divergir da pregação ideológica que se impunha aos alunos, o professor e militante de esquerda Messias Basques falou: "Isso é ciência. No dia em que você quiser discutir conosco, traga seu diploma e sua opinião, fundamentada em ciência. Aí sim poderá discutir com um especialista em Harvard."

Ele iniciara a "violência pedagógica" com um argumento de autoridade, o que é sinal de insegurança: "(...) respeite-me, porque sou doutor em Antropologia. Não tenho opinião, sou especialista em Harvard."

Esse "não tenho opinião" pretendia dizer que ele é todo ciência, nada de crenças, o que é falso. Pior! O jornalista Guilherme Baumhardt, do Correio do Povo, apurou que ele não é especializado em Harvard coisa nenhuma! Ou seja, para constranger um adolescente, o professor blefou!

Os fatos se deram na Escola Avenues, com alunos da classe média alta de São Paulo, durante palestra com Sônia Guajajara, militante comunista que acredita na luta de classes e na revolução proletária.

E uma das facetas mais aterradoras do evento foi a massa de alunos ter aplaudido o desbragado autoritarismo do professor, reprovando, por extensão, a fala de um colega, que, aliás, foi elegante e ponderado.

Depois de ouvir Guajajara satanizar o agronegócio, o adolescente pediu a palavra e disse: "Quando você falou em democratizar as terras dos proprietários, penso que se equivocou. A democracia é um modelo de governo, mas tirar algo de alguém não é. Isso é roubo de propriedade privada. Você poderia melhorar isso na próxima vez."

O garoto ainda argumentou: "Você disse que os agrotóxicos estão destruindo a mata. Concordo. Estão mesmo. Apenas três tipos de agrotóxicos estão sendo usados no Brasil, porque os partidos que você apoia não liberam os outros, menos tóxicos. Isso impede o desenvolvimento da agricultura."

Em nota assinada por Andy Williams, a direção da escola pegou pesado com o aluno, classificando a sua conduta como "desrespeitosa", e pegou leve com o seu funcionário, suavizando ao dizer que "um professor corrigiu o aluno de uma maneira que também foi inapropriada".

A maioria dos pais não sabe, mas a atitude do sedizente especialista em Harvard e a covardia da direção da escola seguem um ideário movido a ódio, o que é indisfarçável na seguinte fala de Marilena Chauí, só digna de registro pela influência que ela exerce sobre professores e afins.

"(...) eu odeio a classe média! A classe média é o atraso de vida! A classe média é estupidez! É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista! É uma coisa fora do comum, a classe média! (...) A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista. Ela é uma abominação ética, porque ela é violenta. E ela é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante."

Acreditem, todo esse obscurantismo (baseado em ódio e preconceito) saiu da boca de uma pessoa que ostenta o título de filósofa.

Substituam na fala de Chauí a expressão "classe média" por "militância de esquerda" e, aí sim, o texto fará pleno sentido.

Matéria da Revista Oeste assinada por Edilson Salgueiro informa que as famílias pagam R$ 10 mil de mensalidade para um filho estudar na Avenues. Saberão os pais o que é que de fato estão financiando?

Mas o da Escola Avenues é só um flash do que ocorre Brasil afora. Em 2018, por exemplo, professores do Colégio Rosário (com alunos de classe média de Porto Alegre) simularam um júri cujo réu era (pasmem!) a burguesia - condenada, claro, antes mesmo de a farsa começar!

Ora, é fácil manipular adolescentes, sobretudo os que não trazem de casa valores bem afirmados, isto é, a maioria, que fica à mercê da ação de professores regidos por um ideário que prevê eliminar a influência da família e substituí-la pelo Estado nos moldes dos regimes totalitários.

Aí, abraçando as bandeiras salvacionistas dos "influencers" a que se reduziram certos professores, jovens culpam os pais pelas injustiças do mundo - mas sem abrirem mão, claro, do tablet, da torrada com geleia no café da manhã, da escola paga e outros confortos (vide Colégio Rosário).

A lavagem cerebral resultante dessa doutrinação neomarxista, que, do ensino fundamental à universidade, hoje é presença hegemônica no ambiente escolar, significa verdadeiro "crime de lesa cognição".

Resta aos pais assumirem o papel de adulto, o que implica abandonar a fantasia de ser fofo, liderar a família e orientar os filhos.

Mas será que os alunos da Avenues que aplaudiram o abuso do professor vão ter em casa adultos aptos a orientá-los e levá-los a entender que elegeram o autoritarismo e desprezaram a pluralidade de ideias?

 

 

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

E-mail:  sentinela.rs@outlook.com

As fake news de quem combate as fake news

 “O projeto de lei 2.630/20, apelidado de projeto das “fake news”, busca criminalizar a produção e disseminação de notícias falsas. Seu caráter de urgência foi descartado por uma pequena margem, mas continua tramitando e pode virar lei. Há alguma simpatia à ideia de se criminalizar informações falsas entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como se vê pela continuidade e endosso ao “inquérito das fake news”. Até o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil defende o inquérito. Mas essas autoridades não são imunes a acreditar em "fake news", nem a usá-las em suas decisões.


Na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26, julgada entre fevereiro e junho de 2019, uma maioria de oito ministros do STF equiparou homofobia e transfobia ao racismo. Divergiram os ministros Ricardo Lewandowsi e Dias Toffoli, por considerarem que a questão é de responsabilidade do legislativo, e o ministro Marco Aurélio, por entender que o legislativo não estava se omitindo, como alegava a ação.


A decisão do julgamento, buscando justificar a equiparação, fala em racismo “compreendido em sua dimensão social (...) enquanto manifestação de poder”. Alegar que o racismo é uma questão de “poder” lembra bastante a ressignificação de racismo da “teoria crítica” e do atual identitarismo que insiste em “racismo estrutural”, vertentes do pensamento de esquerda.


Na parte em que alega que a liberdade religiosa não é ferida com essa criminalização, a decisão diz que os clérigos são livres para dizer o que pensam da homossexualidade e da transexualidade, contanto que não seja “discurso de ódio”. O termo “discurso de ódio” também coincide com o vocabulário da militância identitária de esquerda.


Estatísticas falsas desmascaradas

No fim de 2018 e início de 2019, enquanto o STF julgava a ação, um grupo de cinco pesquisadores, incluindo o autor desta reportagem e Camila Mano, Daniel Reynaldo, David Ágape e Vanessa Bigaran, se debruçaram sobre os números de mortos por homofobia divulgados anualmente no Brasil. Quem produz esses números é principalmente um amicus curiae (“amigo da corte”) no julgamento, a organização não-governamental Grupo Gay da Bahia (GGB). Os “amigos da corte” são partes da sociedade convidadas pelo STF para falar contra ou a favor de uma ação.


O relatório da checagem foi publicado em 1º de maio de 2019 no site da Liga Humanista, associação que também já foi amicus curiae em outras ações do Supremo para as quais mandou o mesmo advogado mandado pelo GGB no julgamento da ADO 26. Dos mais de 300 casos de supostos mortos por homofobia que o GGB colheu na imprensa referentes ao ano de 2016, a checagem conseguiu confirmar apenas 31. Além disso, os checadores mostraram que a ONG usava de raciocínio circular para definir o que seria “homofobia estrutural”: a inclusão de seis mortes acidentais seria justificada pois há uma estrutura homofóbica na cultura do país, e a ONG sabe que existe essa estrutura porque esses mesmos dados assim mostrariam.


"Campeão mundial" de mortes

À parte os sinais verbais e conceituais de unilateralidade ideológica que o STF herda da academia, o que chama a atenção no caso da pressão pela criminalização das notícias falsas é que os próprios ministros da corte fizeram uso de falsidades em seus votos no julgamento da ADO 26: as fake news anuais do GGB sobre mortos por homofobia no país.


O ministro Celso de Mello endossa as estatísticas do GGB (p. 37), destacando que seus relatórios “demonstram” que o Brasil é “o campeão mundial desse tipo de crime”. Alegações da ONG, como de aumento ou diminuição nos homicídios motivados por homofobia, são citados pelo juiz sem crítica, bem como o relatório mundial da ONG Transgender Europe, que alega junto ao GGB que o Brasil é o topo também em assassinato de transexuais. A única ressalva feita por Celso de Mello é que os dados são “imprecisos” e que isso seria reconhecido pela própria ONG, mas a aposta de ambos é que há uma alta “subnotificação” e que, portanto, o número real seria bem maior. Ele faz também uma seleção de 13 casos noticiados na imprensa de pessoas maltratadas e mortas por terem comportamentos atípicos para seu sexo.


“Esses números assustadores que venho de referir autorizam e validam” a argumentação da petição inicial da ação, acrescenta Celso de Mello, dando grande peso à estatística falsa da ONG (p. 75).


Já o ministro Roberto Barroso sinonimiza homofobia e transfobia a “violência física ou psicológica” contra LGBT, quando seria mais modesto defini-las como preconceitos. Para ele, apesar de não haver programa governamental de coleta dessas estatísticas específicas, “os números ainda assim chamam atenção”. Barroso cita especificamente (p. 282) “343 mortes” coletadas pelo GGB referentes ao ano de 2016. Foram justamente essas as checadas pelos pesquisadores independentes, que só conseguiram confirmar 12% delas como mortes ocasionadas especificamente pelo preconceito contra LGBT. Ou seja, não houve 343 mortes por homofobia registradas na imprensa (fonte do GGB) em 2016, a informação é falsa. Barroso repete também a alegação da Transgender Europe de que o Brasil é campeão em matar transexuais.


O ministro Luiz Fux também cita a estatística de 2016 indiretamente, usando-a como base de comparação para o número de 2017 apresentado pela ONG e alegando “um aumento de 30%” (p. 422). Ele também cita a coleta de dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e alega que “o simples diagnóstico da gravidade da discriminação é suficiente para impor ao poder público o dever de adotar medidas mais eficazes de combate à  homofobia” (p. 423).


A ANTRA produz também um relatório anual inspirado no feito pelo GGB. Como mostrou a Gazeta do Povo, esse relatório tem graves problemas metodológicos como o do GGB, com o agravante de que a ONG ativamente esconde os dados, como o GGB também passou a fazer depois da checagem de 2019. Apesar disso, é possível mostrar que a alegação de que a “expectativa de vida” de transexuais no Brasil é de 35 anos é falsa. Essa falsidade também é citada no acórdão do STF pelo ministro Ricardo Lewandowski, que também cita as estatísticas do GGB, de forma indireta (p. 511). Gilmar Mendes repete o suposto aumento de 30% nas mortes alegado por Fux.


Até o ministro Marco Aurélio, que votou contra a ação por entender que não cabia ao Supremo acusar o Congresso de omissão neste caso, abre o parágrafo em que cita o GGB dizendo que “é tempo de voltar-se o olhar para a realidade” e que a ONG “demonstra a ocorrência” das mortes por homofobia em seus números (p. 548). Também repete o mito de que o Brasil seria “campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais” e que os números da ONG indicam “cenário de barbárie”.


Antes da checagem dos dados brutos em 2019, a alegação de que o Brasil é o que mais mata LGBTs por serem LGBTs no mundo foi checada por duas agências. A Agência Pública classificou essa alegação como “impossível provar” em 2018 e a Agência Lupa como “insustentável” no mesmo mês em que o STF começou a votar a ação. Os ministros, portanto, tiveram ampla oportunidade de não caírem em fake news de ONG. Preferiram repetir narrativa.

Eis o que escreveu Bolsonaro

Anitta usou seu perfil no Twitter na madrugada deste sábado, depois de se apresentar no Coachella –um dos principais festivais de música pop do mundo, realizado na Califórnia, EUA, de 15 a 24 de abril– vestida de verde e amarelo, para escrever a seguinte mensagem: 

“A bandeira do Brasil e as cores da bandeira do Brasil pertencem aos BRASILEIROS. Representam o BRASIL em GERAL. NINGUÉM pode se apropriar do significado das cores da bandeira do nosso país. Fim."

Foi isto.

A cantora se ofendeu.