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Artigo, Astor Wartchow - O inimigo público número 1
Advogado
O conflito poder x corrupção x ética é um tema permanente em todos os níveis da
sociedade e nas organizações públicas e privadas. Logo, não se trata de um
problema de exclusividade do setor público.
Além da comprometedora imagem negativa, a corrupção nas empresas tem
determinado aumento nos custos dos produtos e se constituído em fator de
perda de competitividade no conjunto das relações comerciais, notadamente
internacionais.
Aliás, não à toa, ultimamente, o combate a corrupção tem sido objeto de
legislações extraordinárias, especiais e repressivas em vários países, com
graves repercussões nos atuais e futuros tratados e acordos comerciais.
Historicamente, a ocorrência de eventos de corrupção está diretamente
relacionada aos níveis de relações sociais e comerciais, em termos de
organização estatal. Quanto mais “fechada” uma nação, maior a incidência.
Mas, basicamente, corrupção é uma problema comportamental. Logo, na plenitude
não se resolve com modificações legais, ainda que as leis possam-na
combater e amenizar.
Infelizmente, importa afirmar que nosso país aparece sistematicamente na lista
mundial dos países com maior índice de corrupção. À conta de nossa história e
práticas sociais, a maioria do povo é dependente do estado. Ou pensa e se
comporta como dependente. Razão pela qual acredita que sua incorporação e
melhoria social passa pela ação do estado.
Faz sentido, por isto, que nosso povo espera bons exemplos dos governantes.
Porém, na exata dimensão em que não ocorrem os atos de gestão que viabilizem
estas perspectivas, o marasmo e a hipertrofia perpassam a sociedade,
ridicularizando conceitos de ética e honestidade.
Resulta que a prática corruptiva no ambiente e função estatal transcende a tudo
e a todos, comprometendo conceitos éticos fundamentais para constituição
de uma verdadeira sociedade e para a superação de suas diferenças
estruturais.
Selecionar um corrupto por semana e exibi-lo em rede nacional de TV não tem
diminuído a corrupção nacional. Trata-se, pois, de um problema que exige
um tratamento sistêmico, cujos pressupostos essenciais são a transparência, a
democratização dos níveis de ação e decisão, a desconcentração das estruturas
de poder, a quebra de monopólios públicos e privados, e, principalmente, uma
eficaz ação policial e julgamento judicial, com repercussões punitivas. Cadeia!
Repito, a corrupção é uma praga social, sem distinção de classe e nível social,
de atuação econômica ou funcional. Sem esquecer que a corrupção é como algumas
danças, “é preciso haver dois para dançar!”
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