Eu não tenho problema algum com quem gasta mais de 40 mil reais em uma cama ou colchão.
Guilherme Baumhardt
Eu não tenho problema algum com quem gasta mais de 40 mil reais em uma cama ou colchão. Ou com aqueles que desembolsam quase 100 mil na compra de dois sofás italianos. Só não quero pagar esta conta, com o meu dinheiro, fruto do meu suor. Ah, e claro, não tenho mais paciência para aguentar a verborragia petista, que tritura a coerência, mas arrota virtude.
No ano passado, em meio aos debates sobre a disputa pelo Palácio do Planalto, o atual presidente aprontou mais uma das suas. Em um ataque verborrágico, desandou a falar mal da classe média, algo bastante comum – quem esquece a prócer petista Marilena Chaui destilando raiva contra a classe média? Entre tantos absurdos, Lula disse que, no Brasil, a parcela motriz de qualquer sociedade evoluída adora “ostentar”. E citou exemplos do que seria a tal ostentação. Para o sujeito que há décadas só viaja em jatinho particular de “amigo” ou em avião da FAB, ter mais de um televisor em casa é um capricho da classe média.
Ter dois aparelhos de TV em casa, felizmente, não é mais exclusividade da parcela que pode não ser rica, mas também não vive na pobreza ou miséria.
Famílias mais humildes já vivem essa realidade. Comprar um eletrodoméstico depende apenas do esforço das pessoas, que trabalham para pagar as prestações do televisor, da geladeira ou da máquina de lavar. Em compensação, o esgoto que corre a céu aberto na porta da casa é atribuição do Estado, que falha miseravelmente há décadas no cumprimento da missão. E, se depender de Lula, tudo continuará como está, com esgoto passando na porta da casa humilde, que tem um televisor na sala e outro no quarto.
A grana torrada em móveis (quase R$ 200 mil) é mais um capítulo do senhor que tudo pode. Lula pode torrar o dinheiro do pagador de impostos bancando o próprio luxo e fica tudo bem. Lula, sem prova alguma, pode dizer a asneira que bem entender, como no caso da operação da Polícia Federal que desmontou um plano do PCC para sequestrar, tortura e matar Sergio Moro (para o presidente, mais “armação” do ex-juiz). Lula pode dar guarida ao bandoleiro MST, que invade, depreda e mata, e o alto astral permanece. Lula pode afrontar a lei e colocar em xeque o presidente do Banco Central, garantido no cargo por força de mandato, e nada acontece. Lula pode ter ministro devendo mais de R$ 1 milhão para o próprio governo e mesmo assim ter uma cadeira na Esplanada. Lula pode tudo.
Ah, claro, a esta altura do campeonato, o leitor está se perguntando: “E o escândalo das joias da Arábia Saudita, que pesa contra o Jair Bolsonaro?”. Eu respondo: não paguei as joias, não foram compradas com meu dinheiro (até segunda ordem) e, honestamente, até agora espero o final da história. Qual? A pergunta para a qual ainda não temos resposta: o presente foi uma espécie de retribuição por vantagens concedidas aos árabes pelo ex-presidente? Quem seriam os beneficiários, como foram as empreiteiras, no caso da Lava Jato? Se isso, de fato, existir, deixo aqui a minha opinião: repugnante e inaceitável.
Enquanto a choradeira for sobre presentes de uso classificado como “personalíssimo” e que todos os presidentes da República recebem, estamos diante apenas de uma absurda tentativa da esquerda de igualar moralmente Lula e Bolsonaro. Comparar escândalos como Mensalão e Petrolão ao tal colar é algo que não espanca apenas a matemática, mas tortura também o bom senso.
Zero surpresa, diante da desonestidade intelectual vigente