Maior negócio realizado no país até então, a venda do
grupo gaúcho Ipiranga em 2007 passou por acertos de bastidores que incluíram
compromissos assumidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silv. porDiçlma
Roussef, na época ministra de Minas e Energia, també,m presidente do Comnselho
de Administração da Petrobrás,e pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, com a Odebrecht. Desde antes da eleição de
2002 haveria a garantia de que um futuro governo do PT não impediria a
privatização e a concentração da petroquímica no país.
Relatos sobre esse episódio estão nos depoimentos do
empresário Emílio Odebrecht e do ex-diretor de relações de institucionais da
empresa Alexandrino de Alencar a procuradores da Lava-Jat, ambos
apresentadosontem a noite pelo Jornal Nacional.
A intervenção de Lula no caso do RS foi em 2005, quando o
então presidente teria agido para que a Petrobras, por meio do seu braço no
segmento, a Petroquisa, não comprasse a Ipiranga Petroquímica (IPQ) – um dos
negócios do grupo gaúcho, que também tinha postos de combustíveis e uma pequena
refinaria.
A Braskem tinha unidades no polo petroquímico de Triunfo,
assim como a IPQ, e as duas, com a Petroquisa, eram sócias na Copesul, central
de matérias-primas do complexo. Se a Petroquisa adquirisse a IPQ, também
controlaria a operação mais importante do polo.
– Ficaríamos capengas na Copesul e isolados em Camaçari
(sede do polo petroquímico baiano). Do ponto de vista de estratégia de negócios
e logística, seria um desastre – diz Emílio em um dos vídeos gravados com sua
delação.
O empresário conta que esteve com Lula "para
alertá-lo dessas manobras e a Petrobras acabou por não adquirir a Ipiranga, o
que permitiu, em 2007, à Braskem, adquirir os ativos petroquímicos do grupo
Ipiranga", narra em um dos anexos de seus depoimentos.
Alexandrino de Alencar faz relato mais incisivo. O
executivo não situa a data, mas afirma que "antes do primeiro mandato de
Lula" se encontrou com o então candidato e Antonio Palocci no apartamento
de Pedro Novis, em São Paulo. Emílio também estaria presente.
"Na oportunidade, deixamos claro ao candidato Lula
que o setor petroquímico era prioritário para a Odebrecht, considerada 'a joia
da coroa' para o grupo", relatou Alexandrino.
Alexandrino lembra o episódio da Ipiranga. Relata que, em
2006, a Odebrecht usou sua influência para barrar os planos da Petrobras.
"A solução encontrada pela companhia foi incluir o assunto na pauta das
reuniões com o presidente Lula e Antonio Palocci, para que nos auxiliassem a
convencer a Petrobras a adquirir a Ipiranga em parceria conosco e com o grupo
Ultra, o que efetivamente ocorreu a partir de 2007", diz um dos anexos do
depoimento do executivo com forte atuação no Estado.
No mesmo ponto, Alexandrino prossegue afirmando que, como
contrapartida ao apoio de Lula e Palocci, afirma ter conhecimento "de
relevantes doações em 2002 e 2006 a Palocci". Em 2006, lembra Alexandrino,
foram US$ 650 mil à campanha do ex-ministro, afirmando terem sido feitos
provavelmente por caixa 2 por serem valores bem acima do que a Odebrecht
costumava contribuir para candidatos a deputado federal.