Por Facundo Cerúleo
Quem vencesse passaria para a final da Libertadores. Mas estava empatada a partida entre Palmeiras e Boca Juniors. Aí, já nos descontos, o palmeirense Rony acertou uma belíssima bicicleta. Porém, Sergio Romero, o fantástico goleiro do Boca, que já tinha feito uma profusão de milagres, defendeu! Impediu a derrota! Levou para os pênaltis e... Pegou dois pênaltis! Foi São Romero que classificou o Boca!
O mais incrível é que o Boca é finalista da Libertadores sem ter vencido uma única partida na fase do mata-mata: havendo só empatado, ganhou todas nos pênaltis. O fator decisivo chama-se Sergio Romero! Goleiraço!
Parece que nem todo mundo entende, mas é uma verdade do futebol: Quem tiver pretensões de título, que dê jeito de contar com um goleiro que faça a diferença. Um grande time começa por um grande goleiro.
Mas a noite no Allianz Parque, casa do Palmeiras, teve muito mais. O dono da casa jogou mal o primeiro tempo. Mudou no segundo: o técnico, Abel Ferreira, colocou em campo dois moleques de 17 anos (17!), Kevin e Endrick, que entraram como feras, desassombrados, a enlouquecer a defesa do Boca, mudando radicalmente o cenário. Entretanto, apesar da mudança, o Palmeiras não conseguiu mais do que o empate nos 90 minutos. E houve então a bicicleta do Rony, que parou nas mãos do maldito Sergio Romero!
Registre-se que também no Boca Juniors apareceu um garoto de 17, Barco, que arrebentou! O que há por lá que não há por aqui? Por que é que, nesta província de São Pedro, parece vigorar uma lei proibindo o ingresso de garotos na equipe principal? Ou será que é só no Grêmio que tem essa discriminação negativa?
Volto aos goleiros. Times vencedores têm goleiros de alto desempenho, que não só fazem defesas garantidoras de resultados, mas igualmente dão confiança ao setor defensivo da equipe: zagueiros não ficam preocupados em dar segurança ao goleiro, mas recebem dele a necessária segurança.
O super-time do Internacional da década de 1970 tinha o Manguita. Já o Grêmio multicampeão da década de 1990 tinha Danrlei. Antes, o Grêmio teve, em 1981, o excelente Emerson Leão; em 1983, Mazarope. Os três do Grêmio mostravam uma característica por demais valiosa: liderança com personalidade forte e perfil psicológico de vencedor.
Bueno, não tenho como não tocar assuntos que irritam os gremistas. Indo direto, pergunto: há um planejamento para que garotos da base subam para a equipe principal do Grêmio? Vimos atacante improvisado como volante mesmo em partidas contra equipes fracas, enquanto o garoto Ronald, por exemplo, promissor volante (um patrimônio do clube), ficava no banco.
Resta um assunto delicado. Gabriel Grando, arqueiro do tricolor, precisa adquirir mais autoconfiança. Não sei como anda por lá o treinamento de goleiros. Sabe-se que o aprimoramento técnico depende da autoconfiança. E é mais ou menos unânime entre os "analistas" que ele se vê muito bem "debaixo dos paus": uma virtude. É extremamente necessário, pois, dar uma força ao menino para que ele reconheça o próprio potencial.
Agora, o que irrita é saber que o Grêmio teve a chance de contratar um goleiro excelente, com experiência, mas não o fez. Por quê?
O ótimo Sergio Rochet foi oferecido ao tricolor. E é sabido que estava ao alcance do limitado orçamento do clube. Por que foi rejeitado? Nem vou falar que, dos três goleiros que havia ao início do ano, foram embora os dois que estavam mais preparados.
A torcida tricolor viu Rochet reforçar o arqui-rival. É pouco? Quem e por que toma decisões tão equivocadas? Parece que as decisões são tomadas por quem tem a inteligência de uma estátua, isto é, nenhuma...
É assim no futebol como na vida. Uma parcela "das gentes" não raciocina, mas reage por simpatia ou antipatia; não toma decisões racionais, mas faz escolhas por favoritismo irrefletido. E assim a humanidade caminha a passinhos de formiga. E esse treco tem nome: estupidez.