Artigo, Flávio Quintela, Gazeta do Povo - Lula continua preso


Artigo, Flávio Quintela, Gazeta do Povo - Lula continua preso 

Ontem pela manhã, eu coloquei o lixo para fora. Lula não pode fazer isso.

Domingo passado, almocei com minha família num restaurante. Lula não pode fazer isso.

Aliás, antes de almoçar, fui jogar tênis com um amigo. Lula não pode fazer isso.

Na segunda-feira, fui à academia. Lula não pode fazer isso.

Ontem à noite, tive de ir à farmácia comprar um remedinho para minha filha. Lula não pode fazer isso.

Hoje cedo, depois de deixar meu filho na creche, levei o carro para lavar. Lula não pode fazer isso.

De vez em quando eu vou até a geladeira, abro as portas e não acho nada que me apeteça. Lula não pode fazer isso.

Um dia desses meu primo me ligou pra bater papo. Lula não pode fazer isso.

Confesso que fiquei meio decepcionado quando soube que Lula ocuparia uma celinha mais chique, com banheiro separado do quarto e até mesmo uma televisão. Afinal, quando a gente imagina alguém preso no Brasil, vêm logo aquelas imagens de 40 detentos dividindo uma única cela (muitos deles com uma ficha criminal menos extensa que a do petista). No caso de políticos como ele, nos lembramos também da Papuda, muito aquém em conforto e amenidades do que a atual morada do etílico ex-sindicalista. Mas, em se tratando de Lula, não dá para não comemorar. Sua prisão trouxe algum sentimento de justiça a milhões e milhões de brasileiros.

Prisão é o cessar da privacidade, é o fim da liberdade de ir e vir, é o confinamento de uma vida até então sem limites geográficos a uma saleta solitária. O preso não escolhe o que vai comer e nem o que vai vestir. O preso não telefona, não olha Facebook, não recebe mensagem em grupo de WhatsApp (pelo menos não deveria), não bate papo com o frentista, não come pão na chapa no balcão da padaria, não pede pizza para entrega. O preso não abraça e não é abraçado, não recebe cafuné, não tem ninguém a quem contar uma piada. O preso quase não fala, porque não há quem ouça.

Você já deve ter ouvido alguém dizer que os políticos corruptos podem até desfrutar de seus crimes, mas que bom mesmo é colocar a cabeça no travesseiro e dormir o sono do justo. Acontece que psicopatas como Lula não sofrem com as desgraças que causam. Esse tipo de ser humano não deixa de pegar no sono porque acabou com a vida de alguém – isso é inerente à psicopatia. A única maneira de conter um psicopata e puni-lo por seus crimes é a prisão. E é por isso que o Brasil se tornou um lugar melhor quando Lula passou sua primeira noite na cama fria da cela: um psicopata a menos nas ruas.

Não sou do tipo que se faz de santo quando alguém como Lula sofre um revés desses. Jamais usarei o discurso piegas e politicamente correto de não tripudiar de bandidos. Lula fez por merecer cada dia que passar preso, cada minuto que passar calado, cada refeição que fizer sem a cachaça de que tanto gosta. Sua vida foi pautada pelos vícios e suas virtudes foram usadas para o mal. Ele defendeu bandidos, ajudou ditadores e cercou-se de gente reprovável. Passou a vida sugando as riquezas da sociedade brasileira, e está chegando ao fim dela com arroubos de megalomania, julgando-se divino.

Vou terminar este parágrafo, dirigir-me ao meu banheiro e tomar um banho gostoso de chuveiro. Depois, colocarei meu filho na cama, contarei uma história para ele, e ficarei ao seu lado até que pegue no sono. Na sequência, deitarei com minha esposa e veremos um pouco de televisão, provavelmente o último capítulo da quarta temporada de Bosch. E, finalmente, dormirei sobre um colchão aconchegante e macio, sabendo que amanhã cedo o sol brilhará lindo por trás das cortinas, e que eu poderei abrir a porta e sair de casa quando em bem entender. Lula continua preso, e tudo isso lhe é vedado. Que continue assim por muito tempo.

Artigo, Igor Oliveira, Zero Hora - A união nem sempre faz inovação


No dia 9 de abril, foi lançada uma iniciativa conjunta de inovação entre as três principais universidades de Porto Alegre. Isso é uma boa notícia? Creio que sim, porque qualquer iniciativa é melhor do que nada. O risco que corremos é de ficarmos perto demais do nada.

Inovação é um fenômeno tão complexo que poucas analogias dão conta de explicá-lo. Uma das mais usadas é a da banda de jazz que se reúne para improvisar. No caso das universidades gaúchas, o que vemos é um contrato entre três tímidos, porém competentes, contrabaixistas que se comprometem em tocar alguns temas no mesmo tom.

É uma banda formada apenas por contrabaixistas, que normalmente assumem o papel de entender e fornecer a matemática por trás da música, ou seja, o conhecimento que sustenta a inovação. Pode resultar em coisa boa, mas não é a formação que costuma funcionar.

Assim como na música improvisada, o que faz a diferença em ecossistemas de inovação é o padrão de interação entre os agentes. Por influência de nossas experiências pessoais, é comum pensarmos que a união é o melhor padrão de interação. Em inovação, não costuma ser assim, porque concorrência, divergência e clusterização, entre outros padrões de interação difíceis de mapear, são muito importantes.

Uma das anedotas mais famosas sobre inovação no século 20 é a da Apple. Um capítulo marcante é a apresentação de Steve Wozniak no Homebrew Computer Club, realizada em Stanford. Eram vários empreendedores (ou trompetistas) tocando na casa de um só baixista. Wozniak percebeu ali outros empreendedores tão avançados quanto a Apple na cruzada pelo primeiro computador pessoal. Mais tarde, seu sócio Steve Jobs conseguiu realizar uma venda para um varejista local, o que os colocou na dianteira novamente. Quem já tocou em banda sabe quão difícil é achar um baterista, aquele cliente importante ou investidor que dispõe do mais volumoso instrumento, e que determina com seu capital o ritmo do desenvolvimento.

O que se aprende com essa narrativa é a importância da fluidez dessas relações entre os diferentes componentes de um ecossistema de inovação. Se não fosse a informalidade de Stanford (oposta à pompa do anúncio entre as universidades gaúchas) e o fácil acesso ao varejista, talvez não tivesse surgido a Apple. Fica meu apelo por mais fluidez no Rio Grande.

Nota de Ana Amélia


Nas minhas manifestações não há qualquer crítica à TV Al Jazeera, com sede no Catar! Minha crítica foi exclusivamente ao manifesto da Presidente do PT por ter denegrido a imagem do Judiciário, do Ministério Público e da imprensa brasileira. Em nenhum momento emiti qualquer opinião sobre a comunidade árabe. Basta ler ou ouvir as minhas manifestações feitas no Senado. Ao contrário, integro a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, onde os temas internacionais são rotineiros e variados e o respeito aos povos é um princípio básico.

Por oportuno informo que hoje assumi a presidência do Grupo Parlamentar Brasil-Reino da Arábia Saudita. No Rio Grande do Sul, que tenho a honra de representar no Senado, a comunidade árabe começou a ser formada com a chegada dos imigrantes sírio-libaneses, no século 18 e mais tarde vieram os palestinos colaborando intensamente com o desenvolvimento econômico, social e cultural, especialmente nas regiões de fronteira com Uruguai e Argentina. No ano passado integrei a comitiva do Ministério da Defesa em missão oficial no Líbano na visita à United Nations Interim Force in Lebanon (Unifil).

Em outra oportunidade, também em caráter oficial, visitei Ramalah (Palestina). Quaisquer avaliações diferentes dessas são, portanto, tentativas de má fé para inverter os fatos, desconstruindo a realidade com notórios fins políticos, às vésperas do processo eleitoral brasileiro.