A gente fica meio assim, encabulado, tímido,
introspectivo. Às vezes nem comenta, porque já está até chato, mas fica ali
matutando, com o assunto na cabeça. Tem sido assim nesse nosso país já faz mais
de ano, parece que entramos numa espiral
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Qual vai ser a próxima? Qual será a frase que nossa
presidente dirá e que passaremos a semana inteira ironizando e sacaneando? Será
que ela vai citar de novo a volátil mosquita?
Quem vai aparecer da tumba, para não morrer deitado, e
virá com mais revelações picantes de caráter pessoal? A famosa Rose, do Lula?
Daria tudo para conseguir essa entrevista, nesse momento o poço dourado dos
jornalistas que cobrem política. Se pudesse estaria no rastro dela - instinto
de repórter na veia.
Mesmo se eu não a encontrasse, tenho certeza que boas
pistas no caminho não falhariam. Guerra é guerra e está visível que nesse
momento está deflagrada uma fantástica batalha de ódio e comunicação, uma
interessante maratona para ver quem consegue levar o Barba à linha de chegada,
aliás, para bem além dela. Ou encontrar quem consegue anular a prova.
Será que essa semana, além do constrangimento de ver o
senador Delcídio do Amaral, o preso-solto-morto-vivo, adentrar o Senado, vamos
ter o Japonês da Federal lá dentro para buscar algum outro? Ou será que o
Japonês da Federal vai ter o ego subindo pra cabeça e vai voltar lá só para
fazer selfies, inclusive posando pimpão com os investigados?
Pode ser que na nossa tevê apareça algum comercial novo,
vindo da lama, como se a lama envenenada já não falasse mais alto a cada dia
que passa; comercial variado e com outros funcionários sorridentes, bonitinhos,
assumindo a culpa e a desculpa. Não tem jeito: você também ainda vai ter de ouvir
a propaganda de um vampiro de tez bem branca falar que não devemos aceitar
propaganda enganosa dos partidos, e que o dele é que é legal. (!)
Por falar nisso, quantas criancinhas não estão comendo
nem o lanche que atrai para a educação, porque alguém está abrindo a lancheira
no caminho para surrupiar o leitinho, morder a maçã, quebrar o biscoito?
Quantos olhinhos cabisbaixos eles mostrarão jurando que não, que merenda
escolar é sagrada e aliás eles nem sabiam que existia, como é que iriam
roubá-la? O que mais não vamos poder saber enquanto não se passarem 50 anos?
Inovador: governo inventa Cápsula do Tempo. Um buraco, as informações dentro de
uma caixa, e que só daqui a 50 anos será aberta. Imaginando, né? - a grande
importância que coisas deste governo medíocre terão daqui a 50 anos. Ou mesmo
hoje.
Vergonha.
Nós nos rebaixaremos tanto que mostraremos os fundilhos
ao mundo que nos observa, num misto de pasmo com curiosidade? Quanto mais se
abaixa, diz o provérbio português, mais o fundilho se lhe vê. Aliás, não é
exatamente fundilho a palavra que usam. Nem mesmo muitos brasileiros temos
ainda capazes de encantar. Jogadores também nos envergonham, e era uma de
nossas artes.
Que números mostraremos às mães? Quantas serão as
crianças doentes? Que acontece que somente agora viram o que a mosquita
carregava em seus voos, sem ser incomodada por nada, nem fumaças, nem
autoridades sanitárias, ou outra autoridade qualquer, e a lista aumenta,
ameaçando severamente a nós todos? Qual bobagem dirá o ministro, se é que ele
não vai precisar ir até ali por algumas horas participar de alguma votação
importante - para ele?
Vergonha. Se não chove, não tem água. Se chove, acaba a
luz. O lixo entope os bueiros, água sobe, as árvores caem, as pessoas se
desesperam e nada acontece e assim por diante já sabemos o que vai acontecer
assim que o céu ruge.
Que faremos? Se de um lado nos divertimos com os
Trapalhões, de outro temos de ver como substituir esse espetáculo dantesco, e o
que se vê diante de nós é tosco demais, filme-B, Z.
São Paulo, 2016, sonhos de uma noite de verão
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