O déficit em transações correntes chegou a US$ 3,3 bilhões em outubro, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco Central.
Os economistas do Bradesco produziram detalhada análise sobre os dados. Ela vai a seguir:
O resultado deficitário ficou em linha tanto com nossa estimativa (de - US$ 3,2 bilhões) quanto com a mediana das expectativas do mercado (de - US$ 3,0 bilhões), segundo coleta da Bloomberg. O resultado registrado na conta corrente foi menos negativo do que o de - US$ 4,2 bilhões observado no mesmo período do ano passado. Acumulado em doze meses, o déficit saiu de US$ 23,3 bilhões (ou 1,3% do PIB) em setembro para US$ 22,3 bilhões (ou 1,25% do PIB) em outubro. Mantendo a tendência observada nas ultimas leituras, a balança comercial contribuiu positivamente para o resultado mensal, com um superávit de US$ 2,1 bilhões – acima dos US$ 1,9 bilhão registrados em outubro do ano anterior. Já a conta de serviços apresentou déficit de US$ 2,8 bilhões no mês, nível igual ao observado no mesmo período de 2015. Por fim, o déficit da conta de renda primária oscilou de US$ 3,5 bilhões para US$ 3,0 bilhões na comparação entre os meses de outubro de 2015 e de 2016, com forte influência do déficit consideravelmente menor registrado pelas remessas de lucros e dividendos, que chegou a US$ 1,6 bilhão, retração de 31% em termos absolutos em relação ao mesmo período de 2015. Já na conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) surpreendeu positivamente e apresentou entradas líquidas de US$ 8,4 bilhões em outubro, acima tanto da nossa projeção (de US$ 6,2 bilhões) como da mediana das expectativas do mercado (de US$ 6,5 bilhões). Esse resultado robusto pode ser explicado pelas operações intercompanhia, que acumularam US$ 3,7 bilhões no período, bem acima dos US$ 0,9 bilhão registrados no mesmo período do ano anterior e da média mensal de US$ 1,6 bilhão deste ano. Em doze meses, os ingressos líquidos de investimentos no país acumulam um superávit de US$ 75,1 bilhões, o que equivale a 4,2% do PIB – vale destacar que esse percentual é mais do que o triplo do déficit externo sob a mesma métrica. A taxa de rolagem da dívida externa mostrou fraco desempenho em outubro, chegando a 44% (menor que a taxa de 77% verificada no mês anterior), e ficou relativamente abaixo da média de 58% deste ano. A notícia negativa ficou mais uma vez por conta dos investimentos estrangeiros em carteira, que, em outubro, mostraram saídas líquidas de US$ 2,6 bilhões em renda fixa e entrada de US$ 1,6 bilhão em ações. De forma geral, os dados divulgados hoje evidenciam a continuidade do ajuste das contas externas. Ainda assim, à medida que a atividade econômica se estabilize, o ajuste externo se tornará menos intenso. Além disso, acreditamos que o Investimento Direto no País se manterá robusto pelos próximos meses.
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