A entrevista a seguir foi concedida pelo cientista político Rubens Figueiredo para Gabriel Manzano, Estadão de hoje:
Estadão: “Sua impressão e que Temer terá mais força e
influência do que tem hoje.
Rubens Figueiredo: Sim. E a aprovação de Temer,
daqui a seis ou oito meses, estará descolada dos resultados de seu governo.
Digo, o resultado será muito superior á sua aprovação pessoal. Então abre-se a
possibilidade, sim, de uma candidatura ainda não colocada. O que isso acarreta?
Também a possibilidade de uma articulação política para um candidato que terá
um grande tempo de TV.
Estadão: A estratégia de Lula e do petismo, de
radicalizar a disputa, parece um esforço para polarizar de novo com o PSDB e se
reafirmar. Poderiam fazer algo melhor?
Rubens Figueiredo: O PT, como oposição, vai muito
bem quando o Brasil vai mal. Foi assim que ele chegou ao poder. Mas neste 2018
tudo indica que o Brasil não vai mal. Está se recuperando. Em segundo lugar, o
PT perdeu sua credibilidade e sua capacidade de mobilização. O petismo que
mobilizava centenas de ônibus cheios de militantes da CUT, tudo pago com
dinheiro das centrais sindicais, isso não vai ter mais. Então o que
deveremos ter? Um eleitorado avaliando bem sua vida, querendo a continuidade, e
um PT com pouca capacidade de mobilização. O PT pode espernear, mas isso não
garante a adesão.
Estadão: Como explicar, então, a liderança de Lula, em
alguns casos folgada, em pesquisas do Ibope e do Datafolha?
Rubens Figueiredo: O Lula é um ídolo, um fenômeno.
Depois, há uma lembrança nostálgica do período Lula de quando pessoas de baixa
renda compraram celulares, viajaram de avião, de navio, ficou uma ideia de
“paraíso” daquela época. E na cabeça de grande parte dessas pessoas o Lula fica
fora do problema da corrupção, por manter a imagem de que, como político,
roubou como todos eles mas fez algo a seu favor. Assim, seria uma injustiça
puni-lo. Isso explica a intenção de voto que ele tem. O eleitorado típico de
Lula o que é? Uma senhora de 40 anos, que mora numa pequena cidade do Nordeste.
Esse pessoal não vai sair na rua. Ele tem voto mas não tem mobilização. É
improvável que esses dados virem tendência de maioria nacional.”
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