Lula fala com Paulo de Tarso Vannuchi
Em conversa gravada na manhã de 27 de fevereiro, o
ex-presidente Lula fala com Paulo de Tarso Vannuchi, que foi ministro
da Secretaria de Direitos Humanos no governo dele.
A Polícia Federal diz que a conversa dos dois trata do
então vice-procurador-geral da República e hoje ministro da Justiça, Eugênio
Aragão.
Lula: O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que
comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe? Eu as vezes fico pensando até
que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela p*, porque o Aragão
parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo "olha..."
Lula e Rui Falcão conversam
Às 22h34 daquele mesmo dia, Lula conversa com o
presidente do PT, Rui Falcão. O diálogo dos dois acontece seis dias antes
de Lula ser conduzido coercitivamente para depor. Os investigadores dizem que
essa e outras conversas interceptadas indicam que Lula sabia que seria alvo de
uma Operação da Polícia Federal e que atuou para tentar atrapalhar a Lava Jato.
Lula: Eu tô esperando segunda-feira a operação de busca e
apreensão na minha casa, do meu filho Marcos, do meu filho Fábio, do meu filho
Sandro, do meu filho Cláudio.
Rui Falcão: É, eu vi esse noticiário aqui.
Lula: Na casa do Paulo Okamoto. Eu vou pensar amanhã se
eu convoco alguns deputados...
Rui Falcão: Sei.
Lula: Pra surpreendê-los.
Em outro diálogo, gravado minutos depois, Lula informa ao
senador Lindbergh Farias, do PT, que o deputado federal petista Wadih Damous
teve acesso a informações contra um procurador que investigava o suposto
tráfico de influência de Lula no BNDES. O procurador era acusado de
agredir e torturar a mulher dele. A Polícia Federal suspeita que Lula e Lindbergh
pretendiam usar o caso para constranger o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, por ele ser o chefe do procurador. Ao lado do senador Lindbergh
Farias, acompanhando o telefonema, estava a deputada Jandira Feghali, do PCdoB.
Lula: Agora o companheiro Wadih Damous tem a história do
promotor de Rondônia, que pegou um caso meu agora, que a mulherada tem que ir
para cima dele. Terça-feira tem que "trucar" o Janot e
"triturar".
Lindberg: Ele está falando do promotor de Rondônia e
Roraima, que as mulheres têm que ir para cima dele, aquele maluco... A
Jandira tá dizendo que vai pegar esses dados também presidente. Nós adoramos,
presidente! Nós vamos para guerra!
Lula: Tá bom, querido. Um abraço.
O senador Lindbergh Farias disse que não houve qualquer
ilegalidade na conversa.
Lula e Dilma conversam por telefone
Em uma gravação de 4 de março, Lula conversa com a
presidente Dilma Rousseff sobre a operação de busca e apreensão na
casa dele e em endereços ligados à família dele, na manhã daquele mesmo dia. E
reclama da existência do que ele chama de “República de Curitiba”.
Lula: Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada,
nós temos uma Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um parlamento
totalmente acovardado, somente nos últimos tempos é que o PT e o PC do B é que
acordar e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara f*, um
presidente do Senado f*, não sei quanto parlamentares ameaçados, e fica todo
mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se
salvar. Eu, sinceramente, tô assustado com a "República de Curitiba".
Porque a partir de um juiz de 1ª instância, tudo pode acontecer nesse país.
Dilma: Então era tudo igual o que sempre foi, é?
Lula: Era, a mesma coisa. Hoje eles fizeram uma coisa
coletiva. Foram na casa do Paulo Okamoto em Atibaia, eu nem conversei com Paulo
ainda, foram na casa da Clara. Eu tô pensando em pegar todo o acervo, eu vou
tomar a decisão, e levar, jogar na frente do Ministério Público. Eles que
enfiem no c* e tomem conta disso.
Dilma: O acervo, de quê?
Lula: Dilma, é um monte de container de tranqueira que eu
ganhei quando eu tava na Presidência.
Dilma: Ah, dá pra eles! Eu vou fazer a mesma coisa com os
meus, viu?
Lula: Então, é o seguinte: "ô, ô", uma hora
gostaria de conversar pessoalmente porque eu acho que nós precisamos mudar
alguma coisa nesse país.
Dilma: Você pode? Quando é que você vai?
Lula: Ontem eu disse o seguinte, a única pessoa... Como é
que pode um delegado da Polícia Federal dar uma declaração contra a mudança de
ministro? Como é que pode?
Dilma: Eu nunca vi isso, eu também nunca vi isso!
Lula conversa com Jaques Wagner
Em outro diálogo, Lula pede para que o então
ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, converse com a presidente Dilma a
respeito do que Lula chama de o "negócio da Rosa Weber".
Rosa Weber é a ministra do Supremo que analisava o pedido
da defesa de Lula para as investigações do Ministério Público de São Paulo e da
Operação Lava Jato, em Curitiba, sobre o triplex de Guarujá e o sítio de
Atibaia. Os investigadores suspeitam que o sítio e o triplex pertencem a Lula.
Rosa Weber terminou rejeitando mais tarde o pedido.
Lula: Mas viu querido, "ela" tá falando dessa
reunião. Ô, Wagner, eu queria que você visse agora, falar com "ela",
já que "ela" tá aí, falar o negócio da Rosa Weber, que tá na mão dela
pra decidir. Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o
que os homens não fizeram.
Jaques Wagner: Tá bom.
O ministro Jaques Wagner disse, em nota, que não chegou a
transmitir a mensagem de Lula sobre falar com Rosa Weber a Dilma,
porque já tinha terminado seu encontro com a presidente.
Jorge Viana fala com Roberto Teixeira
Na noite de 4 de março, um homem que a Polícia Federal
identifica apenas como Jorge sugere a Roberto Teixeira, advogado de Lula, uma
estratégia para o ex-presidente se transformar em preso político.
Nesta quinta-feira (17), o senador Jorge Viana, do PT do
Acre, admitiu que a voz é dele.
Jorge Viana: Talvez seja a única oportunidade que o
presidente tem de por fim à essa perseguição, essa caçada contra ele. Se numa
segunda-feira, por exemplo, reflitam sobre isso, ele chamar uma coletiva e
comprar e estabelecer uma relação, um diálogo com seu Moro pela, ao vivo. Moro,
promotores, delegados, dizendo que ele não aceita mais que ele persiga a
família dele porque ele tá agindo fora da lei, os promotores fulano e sicrano
estão agindo fora da lei, os delegados fulano e sicrano e quem age fora da lei
é bandido e que se ele quiser agora vir prendê-lo, que venha, mas não venha
prender minha mulher, prender meus netos, nem meus filhos.
Roberto Teixeira: Perfeito
Jorge Viana: Não vai aceitar mais, em hipótese nenhuma,
se rebelar, greve de fome, alguma situação, você tem também alguma
insubordinação judicial, não aceito mais ser investigado por esse bando que tá
agindo fora da lei e querendo alcançar minha família, minha mulher, meus filhos
e meus netos. Não aceito mais. Me prendam. Se prenderem ele, aí vão prender e
tornar um preso político, aí nós fazemos esse país virar de cabeça pra baixo.
Em nota, Jorge Viana diz que a conversa gravada servia
para apontar que Lula estava sendo perseguido.
Lula conversa com Sirmaringa Seixas
Numa gravação de 7 de março, Lula conversa com o
ex-deputado federal do PT Sigmaringa Seixas, que também é advogado. Os
investigadores da lava-jato dizem que os dois combinam a divulgação de uma
petição para constranger o procurador-geral da república, Rodrigo Janot,
de quem Lula diz faltar gratidão. Janot era o primeiro da lista dos três mais
votados entre os procuradores federais que foi levada para a presidente Dilma
Rousseff escolher o indicado. Ela o escolheu para chefiar a PGR em 2013.
Lula: Eu não sei o que eu pedi para você de manhã. Mas
era, era uma coisa simples, que não precisava de formalidade.
Sigmaringa: Não, mas simples, ele vai dizer, não. Não vai
receber. Eu conversei com gente só.
Lula: É porque ele recusou quatro pedidos de investigação
ao Aécio e aceitou a primeira de um bandido do Acre contra mim.
Sigmaringa: Pois é. Mas se fizer uma petição...
Lula: Essa é a gratidão... Essa é a gratidão dele por ele
ser procurador.
Sigmaringa: Pois é, mas ele se tiver...se a gente
formalizar, inclusive, jogando para a imprensa, ele vai ficar constrangido. Se
for lá conversar, ele diz não, e pronto. Ou não diz, né.
Lula: Então, conversa com o Cristiano.
O ex-deputado Sigmaringa Seixas afirmou que se trata de
uma conversa correta, com uma orientação de que qualquer reclamação a Rodrigo
Janot deveria ser dirigida formalmente ao procurador-geral. Sobre a divulgação
dos grampos, chamou de “um absurdo inominável”.
Lula conversa com Nelson Barbosa
Em conversa com o ministro da fazenda, Nelson Barbosa,
que é chefe da Receita Federal, Lula reclama da investigação da Receita
envolvendo o Instituto Lula. Os investigadores da Lava Jato afirmam que
Lula tentou usar sua influência para constranger os auditores da Receita
Federal.
Lula: Ô, Nelson, te falar uma coisa por telefone, isso
daqui. O importante é que a Polícia Federal esteja gravando. É preciso
acompanhar o que a Receita tá fazendo junto com a Polícia Federal, bicho!
Nelson Barbosa: Não, é. Eles fazem parte.
Lula: É, mas você precisa se inteirar do que eles estão
fazendo no instituto. Se eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas,
resolvia o problema de arrecadação do estado.
Nelson Barbosa: Uhumm, sei.
Lula: Sabe? Tão procurando pelo em ovo. Eu acho. Eu vou
pedir pro Paulo Okamotto botar tudo no papel, porque era preciso você chamar o
responsável e falar: ‘que p* que é essa? Vocês estão fazendo o mesmo com a
Globo, com o Instituto Fernando Henrique Cardoso, o mesmo com a Gerdau, o
mesmo como SBT, o mesmo com a Record? Ou só com o Lula? Eu vou pedir pro Paulo
colocar.
Lula fala com Eduardo Paes
Numa das ligações interceptadas pela Polícia Federal, o
prefeito do Rio, Eduardo Paes, do PMDB, presta solidariedade a Lula depois que
o ex-presidente foi levado pela Polícia Federal para depor no Aeroporto de
Congonhas. Na conversa, o prefeito carioca brinca com Lula, se referindo ao
sítio deAtibaia, que está sendo investigado na Lava Jato. Investigadores
acreditam que Eduardo Paes dá a entender que o sítio pertence a Lula.
Eduardo Paes: O senhor não faz ideia de como eu tô
sofrendo.
Lula: Você ainda tá, é abençoado por Deus por causa dessa
Olimpíadas, viu, porque os outros...
Eduardo Paes: É verdade! Verdade. Mas, presidente,
segurar Olimpíadas com Vossa Excelência e com Sérgio Cabral é uma coisa.
Segurar com aquele bom humor da Dilma e do Pezão, sabe...
Lula: Não é fácil, querido.
Eduardo Paes: Agora, da próxima vez o senhor me para com
essa vida de pobre, com essa tua alma de pobre comprando "esses barco de
m*", "sitiozinho vagabundo". O senhor é uma alma de pobre. Eu,
todo mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no
Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse em
Maricá. É uma m* de lugar!
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, pediu
desculpas pelos comentários feitos com o então ex-presidente Lula.
“Pessoas que se sentiram ofendidas com isso, eu acho que
elas têm toda razão. É uma brincadeira de muito mau gosto, especialmente com a
população de Maricá. O que eu tentei fazer com o presidente Lula foram
brincadeiras. Algumas brincadeiras de mau gosto. Inclusive nesse aspecto,
brincando com a figura do governador Pezão, com a presidenta Dilma”, disse o prefeito
do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).
Lula fala com Alberto Carlos Almeida
Em outro diálogo, gravado no dia 8 de março, um homem que
a Polícia Federal identificou apenas como Roberto Carlos, mas que na verdade é
o cientista político Alberto Carlos Almeida, sugere que o cargo de ministro
serve como solução para os problemas de Lula na Justiça por dar a ele foro
privilegiado e aconselha o ex-presidente a ir para o ministério.
Alberto Carlos: Eu acho, tá, tem uma coisa que tá na mão
de vocês, é ministério, acabou. Agora, você tem uma coisa na tua mão. Você, o
PT, a Dilma... Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Numa boa, você resolve
outro problema, que é o problema da governabilidade. Você e Dilma, um depende
do outro. Pô, tá esperando o que? Que arranjo vocês estão esperando?
Lula: Não, não tô esperando nenhum arranjo não. Pra mim é
muito difícil essa hipótese. Na verdade, ela já ofereceu, sabe? Mas eu vou ter
uma conversa hoje, que, depois eu te ligo.
Tentamos falar com Alberto Carlos Almeida, mas nossas
ligações não foram atendidas.
Lula conversa com o irmão mais velho dele
Na sexta-feira passada, Lula conversou ao telefone com o
irmão mais velho dele, Genival da Silva, o Vavá, sobre as manifestações contra
o governo, contra o PT e contra ele, que estavam programadas para o domingo
seguinte.
Lula: Domingo eu vou ficar um pouco escondido porquê...
Vavá: Tá certo, é isso aí.
Lula: Porque, porque vai ter um monte de peão na porta de
casa pra bater nos coxinha. Se os coxinhas aparecer, vão levar tanta porrada
que eles nem sabem o que vai acontecer.
Vavá: É verdade, mas deixa aí, deixa essas caras. Esses
caras são uns babacas.
Lula: Mas eu, eu vou te ver, querido!
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