Os nada saudosos governantes petistas, sempre que eram
questionados a respeito de suas ações e obras, elencavam os valores investidos
no empreendimento A, os bilhões gastos no projeto B e assim por diante. Ao
serem perguntados o que haviam feito, de fato e por exemplo, no campo da saúde,
respondiam sempre de pronto “investimos X bilhões na saúde no ano tal, 50% a
mais do que o governo anterior”. Era sempre assim: milhões aqui, bilhões acolá.
Se alguém perguntasse algo do tipo “OK, mas, de fato, o que está sendo feito
com esse enorme orçamento mencionado? ”, ficava invariavelmente com respostas
evasivas, quando não agressivas pois, para os petistas, o valor pecuniário era
sempre mais importante do que as obras em si. A diferença – ainda que precária
– se dava nas campanhas eleitorais, onde apareciam algumas obras que deveriam
ilustrar ou desvendar o destino dos recursos. As lacunas de verdade se davam
nestes “esclarecimentos” também precários a respeito de obras que até hoje, em
grande parte, estão ou inconclusas ou sequer ainda saíram do papel.
Esse método - lidar com os montantes como se bastassem
para que as coisas se tornassem reais ou de divulgar valores como se esses
fossem fruto da generosidade petista - além de enormemente irresponsável,
escondia a estupenda incompetência gerencial petista, bem como sua inapetência
para o trabalho efetivo. Os tais bilhões de dólares para a duplicação de uma
rodovia era, para eles, o trabalho em si. A rodovia? Ora, quem se importa? O
jeito petista de não-fazer e “gargantear”, como se diz aqui no RS é responsável
pelo estado a que chegou o país, com obras inacabadas e cofres raspados, com
contratos aditados e obras por concluir. A “mecânica” de fazer negócios do
petismo encerrava no rápido espaço de tempo entre a entrevista coletiva para
anunciar somas enormes de dinheiro público e a propina que chegava a partir do
pagamento da primeira parcela de cada obra.
No petismo, época macabra em que foi gestada e parida a
mais violenta hecatombe econômica de um país inteiro, o “presidencialismo de
coalizão” (expressão criada pelo cientista político Sérgio Abranches em 1988),
virou sinônimo de conchavos com dupla intenção: primeiro, atrair partidos para
fazerem parte da gestão, a título de mantê-los silentes e fiéis às orientações do
governo e, em seguida para, de modo sistêmico, subjuga-los não por conta de
metas ou objetivos de gestão do estado, mas para aquietar eventuais diatribes
com farto dinheiro público. O grande balão de ensaio do presidencialismo de
coalizão à moda petista foi o Mensalão. Logo em seguida, a ampla dispersão de
“lotes” da máquina pública para todos os partidos aliados gerou apenas uma
enorme e desconexa colcha de retalhos, com zero eficiência e altíssimos custos
para o país. O resultado está aí para quem quiser ver.
Agora, no governo Temer, observa-se que vários partidos
fazem, novamente, parte da máquina gestora governamental, mas com uma pequena
e, ao mesmo tempo, gigantesca diferença: Os partidos aliados terão de
“entregar” seu trabalho, terão de planejar, apoiar o plano de governo, terão de
FAZER as coisas realmente acontecerem com menos, muito menos recursos do
Tesouro. Eis aí o “presidencialismo de coalizão” em seu estado natural e
virtuoso, sem o pejorativo acoplado pelo petismo. A diferença com o estilo petista
é enorme e notável. Se os partidos aliados não conseguirem, por seus méritos,
estabelecer e agregar valor, serão ejetados da coalizão, o que será péssimo
para suas imagens e de seus líderes.
Não dá mais para errar: A coalizão terá de ser em nome do
Brasil, de metas estruturantes, da solução de problemas enormes sem
desperdício, sem corrupção, sem roubalheira.
Não podemos mais nos dar ao luxo de errar, de
desperdiçar, de sermos roubados. Não podemos mais nos dar ao luxo de revivermos
o petismo.
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