As vendas do comércio varejista restrito1 cresceram 0,5%
em termos reais na passagem de março para abril, descontada a sazonalidade, de
acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada hoje pelo IBGE. O
resultado veio em linha com as expectativas do mercado e ligeiramente abaixo da
nossa estimativa, as quais apontavam crescimentos de 0,5% e 0,7%,
respectivamente, segundo coleta da Bloomberg. Na comparação interanual, houve
recuo de 6,7%.
Setorialmente, três dos oito segmentos apresentaram
variação positiva no período, com destaque para outros artigos de uso pessoal e
doméstico, cuja alta de 2,8% na margem reverteu o recuo de 1,9% observado no
mês anterior. Além disso, o volume de vendas de combustíveis e lubrificantes
ficou estável no período. Já o setor de equipamentos e material de escritório,
informática e comunicação registrou queda de 4,9% em abril, sucedendo elevação
de 6,3% ocorrida em março (vale destacar que essa série é bastante volátil).
Os níveis das vendas reais já sinalizam alguma
estabilidade da atividade varejista nos quatro primeiros meses deste ano.
Quando analisamos o crescimento semestral anualizado, a receita nominal, por
exemplo, avançou 6,0% no período, sugerindo alguma retomada do consumo das
famílias à frente. Na margem, a alta foi de 1,2%, após a leve retração de 0,2%
verificada em março.
Entretanto, o volume de vendas do comércio varejista
ampliado, que contempla todos os setores, recuou 1,4% na margem em abril, também
excetuados os efeitos sazonais. O desempenho inferior ao do varejo restrito se
deveu às fortes contrações de 6,6% e 4,0% dos segmentos de veículos e motos,
partes e peças e material de construção, nessa ordem.
De modo geral, os sinais advindos da PMC desde o início
do ano se somam aos apresentados por diversos indicadores antecedentes e
coincidentes já divulgados, reforçando nossa expectativa de alguma
estabilização da atividade econômica no segundo trimestre deste ano. A melhora
recente da confiança dos consumidores e a redução do ritmo de crescimento da
taxa de desemprego nos próximos meses deverá impulsionar, em alguma medida, a
elevação do consumo das famílias à frente.
Dessa forma, projetamos estabilidade do IBC-Br em abril
(proxy mensal do PIB calculada pelo Banco Central), tendo em vista inclusive a
modesta alta de 0,1% da produção industrial no período. Cabe ressaltar que os
dados do setor de serviços, a serem divulgados amanhã, ainda podem alterar o
nosso número.
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Octavio de Barros
Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos -
BRADESCO
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