Em dois anos, tudo pode acontecer, até não acontecer nada.
Assim, a indagação que se estende para 2018 refere-se a quem será o adversário
do Lula no segundo turno das eleições presidenciais. Porque, de início, não se
cogita de acabar com o sistema de votação em dois turnos, um com todos
candidatos, outro apenas com os dois primeiros, ficando o vencedor obrigado a
apresentar a metade mais um dos votos.
Apesar da torcida que fazem os principais partidos, mais
boa parte do eleitorado, das elites, das forças conservadoras e da mídia, a
verdade é que o ex-presidente será o candidato do PT e forças afins, mais a
maioria dos sindicatos e a legião dos temerosos beneficiados dos
programas sociais hoje ameaçados. Dúvidas inexistem de que a campanha do
Lula já começou, e mais se acentuará após as eleições municipais.
Do outro lado, a incógnita prevalece: o segundo colocado
será Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra, Marina Silva, Ciro Gomes,
Henrique Meirelles, Ronaldo Caiado, Jair Bolsonaro ou, hipótese em
aberto, Michel Temer? Um deles será forçosamente convocado a terçar armas
com o primeiro-companheiro, por maiores esforços que façam seus adversários
nessa frente ampla temerosa de mais uma derrota.
Torna-se necessário praticar aquela regra tão simples no
jornalismo, ainda que combatida ao máximo por parte da população: é impossível
brigar com a noticia. E a noticia, hoje, como ontem e talvez amanhã, dá ao Lula
lugar garantido no primeiro turno das eleições presidenciais, abrindo-se o
leque das especulações sobre quem ocupará o segundo lugar.
O resto são dúvidas: o ex-presidente encontrará
forças para, na hora da decisão, superar a frente ampla certamente
organizada contra ele? E já entrado nos setenta anos, estará fisicamente
preparado? Encontrará meios para retomar as propostas que realizou pela metade,
nos seus dois primeiros governos?
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