O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do terceiro
trimestre, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), apresentou uma revisão para
baixo nos diversos cenários de projeções de inflação. No cenário de referência,
que contempla juros constantes em 14,25% e taxa de câmbio estável em R$/US$
3,30, a inflação projetada fica abaixo da meta tanto em 2017 quanto em 2018:
4,4% e 3,8%, respectivamente. Já no cenário de mercado (que leva em conta as
hipóteses de juros e câmbio da pesquisa Focus), a inflação projetada é de 4,9%
e 4,6%, na mesma comparação. Adicionalmente, o BC apresentou dois cenários
“híbridos”, que combinam as duas hipóteses do cenário de mercado e de
referência. No cenário 1, contempla-se a queda de juros do cenário de mercado
(de cerca de 325 pontos para 2017) e o câmbio do cenário de referência (R$/US$
3,30). Já no cenário 2, ocorre o inverso: a Selic fica constante em 14,25% e
câmbio projetado é o do cenário de mercado (R$/US$ 3,40 e R$/US$ 3,60 para o
final de 2017 e 2018, respectivamente). No cenário híbrido 1, que nos parece
mais interessante no contexto atual, a inflação projetada é de 4,8% para 2017 e
de 4,5% para 2018. Entendemos que o principal sinal emitido pelo BC é de que já
há condições suficientes para iniciar o ciclo de corte de juros em outubro. De
fato, esperamos queda de 50 pontos tanto na reunião de outubro quanto na de
novembro, e a Selic deverá encerrar este ano em 13,25%. Por outro lado, a
autoridade monetária ponderou que as incertezas sobre a velocidade de
desinflação do setor de serviços e a aprovação e implementação dos ajustes
fiscais permanecem e não permitem, por ora, trabalhar com cenários de quedas de
juros mais intensas do que o já projetado pelo mercado. Em resumo, na nossa
visão, diante da (i) melhora das expectativas de inflação para 2017; (ii) queda
das projeções nos diversos cenários elaborados pelo BC (referência, mercado e
híbridos 1 e 2) e (iii) melhora da composição da inflação de curto prazo, o BC
já possui elementos suficientes para iniciar o ciclo de queda de juros na
próxima reunião, em outubro. Entendemos, adicionalmente, que à medida em que a
incerteza sobre o ajuste fiscal diminuir, o ciclo de queda de juros poderá ser
mais intenso do que o previsto pelo mercado. Nosso cenário base é de taxa Selic
de 13,25% ao final de 2016 e de 10,25% ao final de 2017.
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