PLINIO.
Confesso, sinceramente arrependido, que logo que o
conheci não simpatizei com o Plinio Zalewski. Mas a convivência nos tornou
amigos e, mais do que isso, fiquei fã dele, invejoso dos textos bem
construídos, da argumentação consistente, das ideias que desafiavam o senso
comum, enfim, da erudição que o diferenciava dos jaguanés da escrita, como eu.
Sempre que podia pilhava ele e acho que ele gostava da minha tietagem. Nos
últimos meses, em função da campanha política, nossas relações se estreitaram e
a cada encontro eu me aproveitava, sem que ele se desse conta, e me encharcava
das suas teses, dos seus posicionamentos e das suas sugestões, sempre expressas
com a mansidão dos que não precisam berrar para se impor. Era incisivo só nos
seus artigos. Mas eu falhei miseravelmente com o Plínio. Falhei quando não
valorizei o artista sensível que ele, na verdade, era. E falhei mais ainda
quando não percebi a intensidade da angustia que o consumia nas últimas semanas
e nada fiz para impedir que ele se fosse de forma tão trágica. Nem a mais
importante das campanhas políticas vale a vida de um companheiro.
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