Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais, está
certo: ele não desrespeitou lei alguma ao se valer, ontem, de helicóptero
oficial para resgatar seu filho que passara a noite do réveillon em animada
festa em condomínio às margens do lago de Furnas, tradicional balneário do
Estado.
Em nota divulgada pelo Facebook, Pimentel afirma que o
uso da aeronave é regulamentado por decreto publicado em 2005. À época, o
governador de Minas era o hoje senador Aécio Neves (PSDB), que voou de
helicóptero e de jatinho oficiais para cima e para baixo, emprestando-os,
inclusive, a amigos necessitados.
Portanto, assim como Aécio, Pimentel tinha o direito,
sim, de voar em helicóptero comprado com dinheiro público e mantido com
dinheiro público, para ir passar o domingo com o filho onde bem quisesse, como
ele alegou ter sido sua ideia original. Ou para simplesmente ir buscá-lo porque
o garoto parecia indisposto.
O que a lei não proíbe é permitido. E, se ainda por cima,
ela regulamenta o que a outros horroriza, fim de papo. Mudemos de assunto. Se
um dia Pimentel for deposto, certamente não será por uso indevido de
equipamento do Estado. Poderá ser por uso de dinheiro ilegal em campanha, mas
essa é outra coisa.
Sérgio Cabral governou o Rio de Janeiro por oito anos.
Usou helicóptero oficial até para transportar o cachorrinho da família nos fins
de semana. Usou jatinhos de empresários e de fornecedores de serviços ao
governo para voar de férias ao Caribe. E nada disso configurou crime. No
máximo, falta de vergonha na cara.
Minas Gerais é um Estado quebrado como o Rio? É. Seria um
despropósito cobrar de quem o governa moderação extrema com gastos supérfluos?
Não. Faltou moderação a Pimentel. E também vergonha na cara. Se lhe sobrasse
vergonha, deveria no mínimo pedir desculpas aos mineiros e ressarcir o Estado
do gasto desnecessário.
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