O editorial a seguir é do jornal Zero Hora de hoje. Intitula-se "Violência extrema".
O Rio Grande do Sul viveu um final de semana semelhante
ou até pior do que o vivido rotineiramente por países envolvidos em conflitos
bélicos. Entre as dezenas de pessoas que perderam a vida de forma violenta, da
madrugada de sábado à manhã de segunda-feira, 39 foram vítimas de homicídio,
incluindo-se aí a tentativa de roubo que resultou no brutal assassinato da
funcionária pública Eliane Stedile Busellato, de 48 anos, na noite de domingo,
em Caxias do Sul. Eliane, morta com dois tiros no pescoço pelo delinquente que
tentou assaltá-la, dá rosto, nome e comoção à trágica estatística que já se
incorporou no cotidiano dos gaúchos. É doloroso, revoltante e estúpido
constatar que uma trabalhadora, mãe de dois filhos e cidadã respeitada teve a
vida interrompida desta forma, quando simplesmente saía da casa dos pais em seu
carro.
O Estado vive um momento de violência urbana tão
extremada, que já se reflete na expectativa de vida da população. Estudo da
Fundação de Economia e Estatística (FEE) estima que o gaúcho poderia viver, em
média, mais 2,71 anos se não fossem os assassinatos e acidentes de trânsito que
dizimam parte da população todos os dias. O número recorde de homicídios na
Capital e nas cidades da Região Metropolitana no último fim de semana é um
atestado inequívoco do fracasso das políticas de segurança pública de
sucessivas administrações, mas é da atual que os cidadãos têm que cobrar
providências imediatas e diferenciadas. A situação é desesperadora, as pessoas
não têm mais tranquilidade para sair de casa mesmo durante o dia. O Rio Grande
pede socorro — e já nem se sabe direito a quem deve ser dirigido esse apelo.
O governo estadual, a que compete a responsabilidade pela
segurança dos gaúchos, parece ter esgotado o seu repertório de soluções, todas
pífias, incluindo-se aí a pouco perceptível presença da Força Nacional de
Segurança no Estado. Não passa semana sem que um plano novo seja anunciado, mas
as providências anunciadas raramente têm efeito prático. O que a população
precisa neste momento de terror, acima de tudo, é da presença ostensiva de
policiais nas ruas, para inibir a ação dos delinquentes e prevenir danos
irreparáveis aos cidadãos. Sempre, mas principalmente nesta antevéspera de
Carnaval, período de grande movimentação de pessoas e propício à ação dos fora
da lei.
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