ENTREVISTA
Deputado Jones Martins, PMDB do RS
O senhor é membro da Comissão da Reforma Trabalhista. Há quem não queira reformar nada. É isto ?
Há uma tendência a estigmatizar o debate entre patroes e
empregados. Deputados se contaminam pois querem manter suas relações
eleitorais.
Mas tem que fazer a reforma ?
Temos que
fazer algo na relação entre capital e trabalho. Sim, cabe ao Estado proteger o
trabalhador, mas esta relação está distorcida pela prática do dia a dia. Para
haver a relação, deve haver o capital, e o capital está cada vez menor.
O que mudou ?
A constituição de 1988 previu um crescimento econômico que não aconteceu. Vivemos uma
dicotomia: os operadores do direito, enxergam o que diz a lei e os economistas
que olham no mais real, nos desafios diários. Os operadores do direito não podem mudar nada, pois não
podem ir contra o que está escrito. Os economistas e a sociedade vivem na
aflição.
E os políticos ?
Nós, políticos, que dependemos do voto para legitimidade
popular, estamos no meio disso tudo, sem poder dar respostas, pois o debate
está contaminado.
Por que razão ?
Há uma luta entre sindicatos patronais e de trabalhadores, ao mesmo
tempo em que os legisladores encolheram a capacidade de pensar no geral. Ficamos com
discursos para agradar aqui ou ali, sem a capacidade de pensar no geral. Os
operadores do direito devem mudar a cultura interpretativa, fazê-las mais
extensivas, serem mais ousados e avançar. Juízes, Ministério Público encaram o ativismo judicial.
Isto deve ser estendido aos operadores do direito. Este devem ser mais
sensíveis.
Legislador sofre pressão diária, corredor-polonês nos
aeroportos, com cobranças de sindicalistas.
A
judicialização está em toda a parte, na saúde, na educação. E nas relações de
trabalho. Poder Judiciário, promotores, advogados, façam sua parte, no sentido
de mudar a cultura , dêem uma interpretação mais convincente com a realidade.
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