Os pagamentos de propina em contas suíças pertencentes ao
casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura seriam responsabilidade de
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma.
As informações são da Folha de hoje, conforme ampla reportagem que você pode ler a seguir:
Foi essa
relação que tentou traçar a defesa do também ex-ministro petista Antônio
Palocci, preso em Curitiba por ordem do juiz Sergio Moro, ao destacar datas de
pagamentos e afirmações da delação de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da
empreiteira que leva seu nome e condenado pela Lava-Jato. As informações
são jornal Folha de S.Paulo.
A tese faz parte das alegações finais de Palocci no
processo em que é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de cometer os
crimes de corrupção passiva (uma vez) e lavagem de ativos (19 vezes). O
documento, protocolada pelos advogados Alessandro Silverio, Bruno Vianna e
Sylvio Silveira Filho, é a última manifestação da defesa antes da sentença de
Moro.
Embora não tenham citado nominalmente o ex-ministro da
fazenda, os defensores de Palocci traçaram relação indireta a Mantega
destacando trechos de depoimento de Marcelo Odebrecht.
"Importante ressaltar que os valores constantes da
planilha "Italiano" não eram destinados ao acusado, mas sim ao
Partido, de forma que, após Antônio Palocci deixar o governo, o montante passou
a ser gerido por terceira pessoa, como resta claro do interrogatório de Marcelo
Odebrecht"
Os advogados reproduziram ainda outra afirmação do
empresário, de que a propina paga pela empreiteira não como destino nenhum dos
dois ex-ministros, mas sim o PT, e ressaltaram datas dos repasses indicando que
Palocci já havia saído do governo. Dessa forma, a defesa indica que a
responsabilidade por esses pagamentos teria ficado com Mantega.
"Não por acaso, todos os pagamentos realizados em
favor dos corréus Mônica Moura e João Santana no exterior foram realizados a
partir de 19.07.2011, período em que o acusado já não mais exercia cargo
público algum, e durante o qual o crédito existente a favor do Partido dos
Trabalhadores por ele já não era mais gerido, segundo o próprio corréu Marcelo
Odebrecht", diz trecho das alegações finais de Palloci.
Os advogados afirmaram não haver provas quanto à suspeita
de que Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, buscasse dinheiro de propina
na sede da empreiteira. A acusação contra Kontic foi feita por Fernando
Migliaccio, que atuava no setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – o
departamento de propina da construtora –, em delação premiada.
Para rebater Migliaccio, que afirmou em depoimento que
Kontic buscava dinheiro em espécie em mochilas, nas quais "dependendo das
notas, cabem até uns R$ 2 milhões, R$ 3 milhões", a defesa de Palocci
fez referência a um "ex-deputado flagrado com mala de R$ 500 mil",
sem citar o ex-assessor especial do presidente Michel Temer Rodrigo Rocha
Loures (PMDB-PR).
"O colaborador Fernando Migliaccio foi desmascarado
pelos recentes fatos envolvendo um ex-deputado federal do Paraná, que teria
sido flagrado portando uma mala com R$ 500 mil, como é fato público, notório e
amplamente divulgado na mídia. Note-se: no episódio envolvendo o deputado,
havia uma mala contendo R$ 500 mil", narra a defesa no documento.
"Ora, como se sabe agora, R$ 500 mil ocupam o volume
de uma mala média. Mas, de acordo com o delator, Branislav Kontic fazia caber
em uma mochila - com aproximadamente um terço ou pouco mais da capacidade da
mala carregada pelo deputado paranaense - nunca menos do que o dobro do valor
contido em uma mala média. A falácia contada pelo réu colaborador salta aos
olhos", acrescentaram os advogados.
A defesa de Palocci ainda argumentou que, em razão de
Petrobras ser uma empresa de economia mista e não uma estatal, o processo não
deveria ser julgada na esfera federal. Na tentativa de evitar que o caso seja
decidido por Moro, em Curitiba, os advogados também argumentaram que a sede da
petrolífera fica no Rio de Janeiro.
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