Você já teve aquela sensação, quando criança, de ir todos
os dias na geladeira e pegar um Danoninho? Você vai de novo e de novo e sempre
quando abre a porta, seus olhos brilham diante do Danoninho em abundância.
Então, algo incomum acontece, você abre o refrigerador com toda convicção e,
pimba, não há mais Danoninho lá. A primeira sensação é de vazio, a próxima, de
revolta. Ao ser informado que as coisas estão mudando dentro de casa e não
haverá mais Danoninho porque a justiça, digo, seus pais interromperam seu
“esquema” com o refrigerador, seu sentimento de revolta vai aumentar sob uma
indignação inconsolável gerada pelo “desmame” de Danoninho. Afinal, ele sempre
esteve lá, era tão natural e fazia parte do seu modus operandi desde sempre.
Você, então, vai tentar qualquer coisa para reverter essa desconfortável
condição.
Portanto, The Intercept representa toda essa gente
abstinente de Danoninho, digo, de porcentagens, desvios, comissões e propinas.
The Intercept são todas as “vítimas” do desmame que a lava Jato tem produzido
nos últimos anos. Um autêntico exército de órfãos da velha corrupção sistêmica
ainda incrédulos que seus naturais esquemas os estão levando em cana e, pior,
fazendo devolver a grana. The Intercept são todos aqueles que apertam a teta
que não dá mais leite. The intercept é o stablishment consolidado nos últimos
trinta anos de “democracia madura”, The Intercept é o medo da cadeia, é o
deputado que você votou, é o juiz de tribunal superior indicado pelo crime
organizado, The Intercept é a grande mídia que viu seus recursos bilionários
secarem em publicidade, The intercept são os lobistas, empresários,
atravessadores, doleiros assistindo sua demanda suprimir, The intercept são
todas as vítimas do desmame esperneando. Uma máfia interessada em enterrar a
maior operação anticorrupção do mundo moderno.
Então, The Intercept é robusto e vai desde o vereador da
sua cidade até os canalhas mais clássicos da república desejando o caos
institucional a fim de reestabelecer seus cartéis lucrativos. Em contrapartida,
The Intercept, não representa os milhões de pequenos e médios empresários,
prestadores de serviço e trabalhadores que que funcionam 5 meses por ano pra
manter a roda girando, temendo pela segurança e saúde de seus familiares. Mas
se todos sabemos quem, de fato, é The Intercept, cabe saber se vamos permitir
nos entregar de novo à nefasta “democracia de coalizão”, do toma lá cá, dos
meios de comunicação cheios de verbas públicas propagandeando as “fake News” do
governo, da indisciplina fiscal, de Lula, Temer, Cunha, Sarney, FHC, Aécio e
quem mais quiserem.
Pare de protestar no seu grupo fechado de whattsapp,
comece a pensar em expressar um apoio massivo ao combate à corrupção. Se você
não gosta de se envolver, pelo menos, faça pelo seu filho antes que The
Intercept lhe engula pela segunda vez. Pense sobre sair do casulo, pois, é isso
que The Intercept mais teme...
* Cirurgião-Dentista e Professor.
** Publicado originalmente na Gazeta do Sul de
Santa Cruz e no Facebook do autor
Absolutamente verdadeiro.
ResponderExcluirParabéns pelo belo texto. Perfeito!
ResponderExcluir