Argentina pós-eleição (27/10/2025)

Dagoberto Lima Godoy

Contra a torcida da esquerda e da mídia globalista, a eleição de ontem reforçou o mandato de Javier Milei, embora sem  lhe dar “cheque em branco” e mantendo muitos  “mas” no horizonte do governo. A La Libertad Avanza (LLA) venceu com pouco acima de 40% dos votos, à frente do peronismo, mas segue sem maioria própria. O governo ganha poder de agenda, mas continua dependente de coalizões variáveis (PRO e aliados regionais) para aprovar reformas. Em termos políticos, o resultado legitima o ajuste e dificulta bloqueios automáticos no Congresso, mas mantém a negociação como regra.

No eixo macro, o câmbio administrado é a peça central: reduz volatilidade e ancora expectativas, mas exige reservas e gera risco de apreciação do câmbio real se durar demais. Os 20 bilhões de dólares do Trump ajudam, mas não dispensam disciplina fiscal e monetária.

A inflação recuou para patamares mensais próximos de 2% graças à  âncora cambial,  ao aperto de liquidez e à demanda mais fraca, mas a  atividade ainda patina: melhora a renda real na margem, mas o investimento e o emprego reagem devagar.

Em resumo, a vitória foi de batalha, mas a guerra continua. Pela frente, Milei tem desregulação setorial, modernização trabalhista/tributária fatiada e marcos pró-investimento, tudo dependendo de votações ponto a ponto, onde cada concessão conta. O FMI sinaliza apoio à transição para maior flexibilidade cambial “quando as condições permitirem”, e cobra preservação de reservas, metas fiscais críveis e execução consistente.

Os riscos continuam: (1) câmbio administrado por tempo excessivo — perda de competitividade e/ou queima de reservas; (2) política fragmentada — vetar é mais fácil que aprovar; (3) tecido social frágil — qualquer repique inflacionário corrói ganhos; (4) dependência de apoio externo — sem reformas, o “colchão” se esgarça.

O resultado eleitoral  renovou o oxigênio político do governo, mas  o teste decisivo é converter esse respiro em reformas que sustentem crescimento, a fim de sepultar de uma vez por todas a praga do socialismo populista com  corrupção endêmica. E esperar que essa brisa de bom-senso chegue logo a o Brasil.


Um comentário:

  1. Se era para fazer um texto com tantas ressalvas, cheio de MAS, melhor teria sido escrever sobre os observadores de pássaros da Serra da Mantiqueira, e das máquinas de desentortar bananas.

    Godoy está querendo dar lições de economia sem deter fundamentos para tal.

    Não vejoi tudo!!

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