Artigo, especial - A parábola do homem e do Estado embriagado

Alex Pipkin, PhD em Administração

Novembro chegou.

O ano se aproxima do fim, e mesmo que o tempo seja apenas uma convenção, nos força a refletir sobre o que fizemos, sobre a liberdade que possuímos e sobre os propósitos que escolhemos cultivar.

O homem nasce para fazer, fazer-se, transformar esforço em realizações úteis, dar sentido à vida, contribuir de verdade para si e para os outros.

Ele nasce para ser corajoso, sustentar o que precisa ser mantido, dizer e realizar aquilo que vai ao encontro de seus propósitos mais altos.

A força que constrói civilizações é a coragem de agir, de criar, de transformar esforço em realizações úteis, vida em significado.

A história do mundo é a história de indivíduos que ousaram agir. O agricultor que cultivou a terra, sem esperar ajuda estatal; o comerciante que arriscou, sem proteção oficial, sem favores; o professor que ensinou, sem manipular ideologicamente, apenas guiando mentes; o artista que criou, sem a ânsia de politizar a beleza, apenas expressando a verdade de sua visão; o empresário que produziu, sem compadrio, transformando esforço em soluções para todos.

A civilização cresce pela coragem, pela autonomia, pelo compromisso com a realidade e com o útil, não pelo decreto, pelo assistencialismo ou pela ideologia de poder.

Mas, com o tempo, surgem vozes sedutoras… “Não precisas andar sozinho; o Estado caminhará por ti”…

O homem, seduzido pela promessa de proteção, pelo “dar-se bem”, entrega-se.

Essas vozes falam em igualdade, justiça, progresso, mas escondem o vício antigo de substituir a liberdade pela obediência.

Prometem que todos podem “ser quem quiser”, basta sentir, desejar, declarar-se — e o mundo obedecerá.

A realidade dura e pragmática é ignorada; o esforço se torna supérfluo; espera-se dos outros.

O chamado progresso “progressista” transforma-se em utopia autoritária, que retira a alma dos propósitos individuais e substitui a virtude espontânea pela coerção moral.

É uma farsa sustentada por dogmas, não por resultados; por ressentimento, não por razão; por poder, não por verdade.
Então surgem os engenheiros da alma alheia, embriagados de arrogância e certeza moral.
Julgam-se iluminados, portadores de inteligência messiânica — um messianismo ideológico que os faz alinhar-se, com igual fervor, a utopias, sectarismos e extremismos, como se o mundo precisasse do eco de fanatismos para se afirmar.
São artífices do delírio social, que desprezam a sabedoria da experiência real.
Civilizações florescem pelo esforço dos indivíduos, não por decreto ou tutela estatal.
Esses engenheiros não suportam o acaso nem a autonomia.
Querem planejar a felicidade coletiva, regimentar comportamentos, definir o bem e o mal de forma arbitrária. Como todo embriagado, tropeçam na própria arrogância.
Em nome da “justiça”, confiscam; em nome da “igualdade”, nivelam por baixo; em nome da “inclusão”, dividem negros contra brancos, pobres contra ricos, homens contra mulheres, crentes contra descrentes.
A unidade que pregam é apenas disfarce de um velho desejo, evidente, o controle.
No Brasil, a parábola se torna drama.
O Estado, embriagado de poder e de discursos messiânicos de raízes marxistas, distribui migalhas e exige gratidão.
Na lógica ilógica desse progresso “progressista”, os terroristas, bandidos e traficantes são tratados como virtuosos, enquanto os indivíduos justos, produtivos, os que seguem suas vidas com honestidade, são vistos como vítimas ou obstáculos a serem controlados.
O indivíduo, anestesiado pela propaganda do partido do mídia e espoliado por impostos escorchantes, agradece ao algoz e desconfia da sua capacidade e do mérito.
A dependência vai sufocando a coragem; a inveja substituindo a admiração; e o ressentimento se torna virtude.
Quanto mais o Estado promete cuidar, mais escraviza.
Ainda assim, quando nasce um indivíduo, a centelha divina resiste.
Ela insiste em brilhar, apesar de tudo.
Há algo na alma humana que não se curva. Não. Permanece acesa a vocação para a liberdade, o impulso de criar, a força de ser dono do próprio destino.
Talvez um dia, cansado das ilusões “progressistas”, dos salvadores da pátria, o homem desperte.
Ele perceberá que o bem comum não nasce do comando, mas da liberdade; que a prosperidade não é dádiva, mas conquista; e que o verdadeiro progresso vem de baixo, do esforço individual, da sabedoria prática, não das nefastas teorias de poder.
Esse dia há de chegar. E, nesse dia, os engenheiros da alma alheia verão seu império de ilusões desabar, e ainda assim, continuarão a marchar, cegos, alheios à liberdade que jamais poderão dominar.
O homem livre, contudo, seguirá seu caminho, com coragem, autonomia e propósito, transformando esforço em realização, vida em significado.
Por que o homem, com seus propósitos individuais e coletivos, existe para realizar, para concretizar o seu destino sobre o mundo real.

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