Quanto ganha um servidor?
Servidores da Universidade de São Paulo (USP) bloqueiam
entrada e saída pelo portão principal da universidade em greve durante esta
quarta-feira (6). Eles reivindicam melhorias na qualidade de trabalho, aumento
no salário é a não terceirização no hospital universitário.
Servidores da USP (Universidade de São Paulo) em greve
Os aposentados do Poder Judiciário federal recebem em
média R$ 25.659 por mês. Quem recebe pensão desses funcionários leva R$ 23.077
por mês, em média.
É muito? Para começar, o salário médio de quem está na
ativa do Judiciário, sem penduricalhos, é de R$ 17.629. Não faz sentido a
aposentadoria valer 45% mais que o salário da ativa. Isso é sinal de grossas
distorções no passado e de coisa pior.
Ainda assim, R$ 17 mil por mês é muito? No Executivo
federal, a média é de R$ 9.800. O rendimento médio do trabalho
("salário") dos brasileiros anda pela casa de R$ 1.985.
A comparação imediata é indevida porque, por exemplo, a
qualificação dos servidores do Executivo é maior. No Brasil, 13,5% dos ocupados
tinham mais de 15 anos de estudo (curso superior) em 2014 (Pnad mais recente).
Entre os servidores civis do Executivo, são 74,5%. Os com doutorado são 13,7%
do total.
A discussão é, óbvio, imensa e complexa.
Ainda assim, consideradas as diferenças de formação, a
disparidade salarial se justifica? A disparidade ainda maior entre
aposentadorias públicas e privadas é aceitável? As médias contam toda a
história? Não, não, não.
"Evidências anedóticas": o salário inicial dos
motoristas de certa autarquia é de R$ 5.176. O dos escreventes de polícia dos
ex-territórios Acre, Amapá, Roraima e Rondônia pagos pela União é de R$ 8.699.
Basta passar os olhos pelas tabelas de cargos federais para perceber injustiças
entre os servidores e a disparidade entre salários privados e públicos.
Para piorar, os salários médios de quem tem carteira
assinada no setor privado estão caindo ao ritmo de mais de 4% ao ano. No
funcionalismo (federal, estadual, municipal), crescem 2% ao ano. Nem se fale da
estabilidade no emprego.
Dadas as iniquidades, fica ainda mais difícil aceitar o
aumento para a elite do funcionalismo, ministros do Supremo, que querem R$ 39,2
mil (sem penduricalhos). Por tabela, haverá reajuste de salários do serviço
público pelo país todo.
Não há dinheiro. Será necessário cortar despesas de
investimento "em obras" ou fazer mais dívida pública, que paga juros
indecentes aos mais ricos.
Considere-se ainda a desigualdade. Pelos dados da Pnad de
2014, apenas 1,8% de quem trabalhava recebia na faixa de 10 a 20 salários
mínimos, o que na média daria hoje uns R$ 11.400; apenas 0,7% recebia mais de
20 mínimos. No funcionalismo federal civil, 20% recebem mais de R$ 11.500.
O valor médio da aposentadoria do INSS é de R$ 1.200. A
pensão média, de R$ 1.066. No Legislativo federal, o aposentado leva em média
R$ 28.587; o pensionista, R$ 21.491.
No INSS, 64% dos beneficiários recebem menos de dois
salários mínimos (R$ 1.742); 99,8%, menos de seis mínimos, cerca de R$ 5.226
por mês. Aliás, o teto atual de quem se aposenta pelo INSS é de R$ 5.147,38.
Sim, a despesa com o funcionalismo federal tem caído,
como fatia do PIB, da renda nacional. Baixou dos 5,5% do PIB de 1995 para 4,2%
do PIB, que, porém, cresceu bem nos anos antes de Dilma Rousseff. Como parcela
da receita do governo, essa despesa flutua em torno de 18% desde FHC 2.
Esses números, porém, contam pouco dessa história de
desigualdades e distorções. Vamos falar mais disso nos próximos dias.
Fonte: fetraconspar.org.br
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