As vendas do comércio varejista restrito¹ recuaram 0,8%
entre setembro e outubro, descontados os efeitos sazonais, conforme apontado
pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada hoje pelo IBGE. O resultado
veio ligeiramente acima da nossa projeção (-1,0%) e em linha com as
expectativas do mercado, de acordo com coleta da Bloomberg. Na comparação
interanual, houve queda de 8,2%, acumulando retração de 6,8% nos últimos doze
meses.
O declínio das vendas no período foi explicado por três
dos oito setores pesquisados. Merece destaque a contração de 0,6% na margem de
hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, responsável por
aproximadamente metade das vendas do comércio restrito. No mesmo sentido,
combustíveis e lubrificantes intensificaram o ritmo de queda, ao recuarem 1,7%.
Por outro lado, o setor de equipamentos e materiais para escritório,
informática e comunicação mostrou alta de 7,1% no período (lembrando que a
série é bastante volátil).
No mesmo sentido, a receita nominal caiu 0,5% em relação
a setembro, também excetuada a sazonalidade, após recuar 0,4% no mês anterior.
Esses resultados interromperam uma sequência de cinco elevações consecutivas na
série. Dessa forma, diante da menor pressão inflacionária registrada nos
últimos meses, os dados sugerem fraco desempenho das vendas reais nos próximos
meses.
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que
também contempla os segmentos de veículos e materiais de construção, manteve
sua trajetória baixista, ao mostrar declínio de 0,3% na série dessazonalizada.
Apesar do comércio ampliado registrar queda menos intensa que a observada no
varejo restrito, os setores de veículos e motos, partes e peças e de material
de construção também tiveram desempenho negativo entre setembro e outubro,
recuando 0,3% e 4,0%, respectivamente.
Dessa forma, o resultado aponta para continuidade de
queda do consumo das famílias no quarto trimestre, de 0,3%. Acreditamos que o
enfraquecimento do mercado de trabalho, a desalavancagem das famílias e a perda
de fôlego da confiança dos consumidores deverão seguir impactando negativamente
o consumo à frente.
Projetamos, assim, retração de 0,1% do IBC-Br em outubro,
também refletindo o desempenho negativo da produção industrial no período. É
importante ressaltar, entretanto, que o resultado do setor de serviços, a ser
divulgado amanhã, ainda pode alterar a nossa expectativa.
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