Surpresa baixista com o resultado do IPCA de novembro foi
explicada pela maior deflação dos preços de alimentação. Análise da equipe de economistas do Bradesco, sexta-feira, dia 8 de dezembro.
O IPCA registrou alta de 0,18% em novembro, conforme
divulgado hoje pelo IBGE. O resultado foi inferior à nossa projeção (0,25%) e à mediana das expectativas do mercado
(0,27%), de acordo com as projeções coletadas pela Bloomberg. Com isso, o
índice desacelerou em relação ao mês anterior, quando havia subido 0,26%. Em
relação ao nosso número, a surpresa baixista se concentrou no menor avanço dos
preços de alimentação fora do domicílio e na maior deflação de gasolina. Assim,
o IPCA acumulou elevação de 6,99% nos últimos doze meses, abaixo da alta de
7,87% observada anteriormente.
Cinco dos nove grupos contribuíram para a desaceleração
do índice no período, com destaque para o item de alimentação e bebidas, que
saiu de uma deflação de 0,05% em outubro para outra de 0,20% no mês passado. No
mesmo sentido, os artigos de residência também ampliaram a queda, ao recuarem
0,16% (ante -0,13%). Também merece atenção a forte descompressão do grupo de
transportes, que oscilou de uma alta de 0,75% para outra de 0,28%, influenciado
pela deflação de gasolina. Em contrapartida, o item despesas pessoais subiu
0,47%, bastante superior à modesta alta de 0,01% registrada em outubro.
Os indicadores de inflação subjacente também registraram
menores elevações em novembro, reforçando nossa expectativa de continuidade do
processo desinflacionário nos próximos meses. Os preços de serviços, por
exemplo, avançaram 0,41%, ante elevação de 0,47% em outubro. No mesmo sentido,
os preços de serviços subjacentes desaceleraram de 0,45% para 0,43%, acumulando
alta de 6,49% nos últimos doze meses. Na mesma linha, o índice de difusão caiu
de 59,0% para 57,1%, seguindo abaixo da média histórica. Por fim, o núcleo de
inflação por exclusão apresentou praticamente o mesmo ritmo de alta do mês
anterior, ao subir 0,35%.
Para dezembro, o IPCA deverá mostrar alta de 0,50%,
diante da menor deflação dos preços de alimentos e dos reajustes de combustíveis
anunciados nesta semana. Na variação em doze meses, acreditamos que o índice
continuará desacelerando, especialmente por conta da atividade econômica
enfraquecida, que vem favorecendo a descompressão da renda nominal.
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