Nota sobre o argumento ad hominem
Dentre todas as imposturas retóricas utilizadas por
difamadores, destaco como das mais comuns e eficazes a falácia ad hominem ou
contra a pessoa. Essa posição, em um debate, pode ser assumida por quem não tem
o preparo intelectual requerido ou revela uma condição de opinador para
assuntos para os quais não possui a menor qualificação, o que é muito
frequente. Mas, sobretudo, é um expediente próprio de ideólogos patifes e
propagandistas movidos por uma causa que julgam acima de questão. O difamador
sabe que não pode atacar nem a validade nem a verdade do argumento que ele
pretende contestar, daí ataca a pessoa que elabora o argumento, tentando
diminuí-la, vinculando-a a interesses secretos, comprometendo seu passado, suas
preferências ou suas relações pessoais. Ataca até mesmo sua origem, religião ou
procedência nacional.
Isto é uma tática deliberada dos infames para, a um só
tempo, desviarem-se do cerne do assunto escrutinado e mancharem a reputação dos
que defendem posições opostas às deles. O expediente é eficaz, muitas vezes,
porque desloca a discussão do plano lógico para o plano emocional. Em várias
ocasiões, este desolocamento faz com que recaia sobre o debatedor
intelectualmente honesto o ônus da prova de sua decência e, quando isto
acontece, o debate fica contaminado por questões psicológicas laterais ao
assunto que importa. Esta é uma das
razões pelas quais é impossível discutir com um fanático. Na história política
recente, a falácia foi exaustivamente utilizada pelos nazistas para
desconstituir tudo que era, segundo eles, “judaico”. Também pelos comunistas,
que, até hoje, marcam tudo o que não está de acordo com sua visão de mundo, com
a palavra “fascista”.
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