Este artigo é do Observatório Brasil Soberano
Cresce em um setor que se diz de direita a aceitação à dosimetria, como se fos se uma saída pragmática para os perseguidos políticos. Essa tendência ignora o preço alto: a dosimetria reduz penas, mas mantém fichas criminais sujas, con denando exilados, presos do 8 de janeiro e o ex-presidente Jair Bolsonaro – sen tenciado a 27 anos e 3 meses em regime fechado – a uma exclusão perpétua. A memória de Clezão, preso pelos atos de 8/1 que morreu na Papuda apesar de laudos médicos alertando para risco iminente de morte, torna essa proposta ainda mais inaceitável. Aceitar dosimetria é normalizar censura e perseguição política como elemento rotineiro de uma suposta democracia. Michel Temer, Aécio Neves e Paulinho da Força, remanescentes da velha política, lideram a articulação para converter o PL da anistia em dosimetria, negociando com o centrão e travando a pauta da verdadeira anistia. Eles prometem "pacificação", mas entregam apenas um paliativo que contribui para uma máquina persecutória ativa. Diferente desses dinossauros, deputados e senadores eleitos pela direita – muitos erguendo a Bíblia nas campanhas como símbolo de valores inegociáveis como liberdade e justiça – capitulam a esse acordo frouxo. Senhoras com Bíblia na mão, presas por atos pacíficos de protes to, recebem redução de pena e ficha suja em troca? Isso é covardia e traição com aqueles que confiavam na firmeza moral dessa renovação política. A esquerda oferece o exemplo que a direita deveria seguir, sem hesitação. Em 1979, ela lutou unida e conquistou a Lei da Anistia (6.683/79), que perdoou am pla, geral e irrestritamente assaltantes de bancos, guerrilheiros do MR-8 e ALN, sequestradores de embaixadores como o de sequestro do embaixador ameri cano Charles Elbrick em 1969. José Dirceu, Dilma Rousseff e outros terroristas voltaram do exílio com fichas limpas, ocuparam ministérios e Presidência da Re pública sem mancha criminal. A esquerda não barganhou migalhas; mobilizou ruas, Congresso e opinião pública até vencer, pavimentando seu caminho ao poder. Hoje, essa mesma esquerda resiste à anistia, mas a lição histórica é clara: quem luta com convicção colhe a vitória plena. Enquanto isso, mais de 200 exilados políticos espalhados pelo mundo enfren tam condições subumanas, longe de casa por medo de prisão arbitrária. Pre sos do 8 de janeiro, muitos em regime fechado desde 2023, rejeitam a dosi metria em 81% das famílias consultadas, sabendo que ela enterra a pauta da anistia para sempre. Veículos de imprensa e influenciadores que se autointitulam de direita alimen tam essa narrativa da dosimetria como "o possível", repetindo mantras vazios de um suposto realismo político como desculpa para o inaceitável. Pode haver interesses por trás dessa defesa? Pode, mas não seria surpresa. O tempo dirá. A tal dosimetria não pacificará nada; pelo contrário, aprofundará a desconfiança em instituições, perpetuará divisões e seguirá ignorando o humanitarismo real. Aceitar isso é abrir mão de restaurar a democracia plena, limpando nomes e per mitindo reintegração social sem estigmas. Senhoras com Bíblia na mão recebem dosimetria e ficha suja eterna, enquanto guerrilheiros da esquerda viraram presidentes com anistia total? A esquerda lu tou pelos seus assaltantes e sequestradores sem medo; a direita abandona os seus para acordo com centrão. Isso não é pragmatismo, é covardia histórica. E certamente a conta chegará para aqueles que se curvaram em aceitar um palia tivo para uma democracia que caminha para um estado terminal.
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