"FOI PURA POLÍTICA POR CAUSA DAQUELE
DEPOIMENTO", AFIRMOU O ZELADOR
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O zelador José Afonso Pinheiro, do Condomínio Solaris, no
Guarujá (SP), e uma das testemunhas da investigação sobre o tríplex que seria
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi demitido na quinta-feira, 7,
segundo a Promotoria de São Paulo.
Pinheiro depôs ao Ministério Público do Estado no
inquérito que apura se Lula é o verdadeiro proprietário do apartamento 164-A,
do Solaris, no litoral de São Paulo - o que é negado taxativamente pelos
advogados do petista.
"Foi pura política por causa daquele
depoimento", afirmou o zelador nesta sexta-feira, 8. "As pessoas
nunca dão motivo (para a demissão). O motivo foi que estavam me dispensando
porque não precisavam mais do meu serviço, mas a gente sabe o que está
acontecendo aqui. Depois de eu ter dado o depoimento, a engenheira da OAS disse
que eu tinha falado demais. O síndico mesmo disse que eu tinha falado demais. O
pessoal deixa esfriar um pouquinho e acaba sobrando para a gente que é menos
favorecido", afirmou.
Para o promotor Cássio Conserino, que investigou o
petista, "há fortes indícios de represália diante do teor do testemunho
absolutamente esclarecedor que ele prestou durante as investigações".
Em 9 de março, a Promotoria denunciou criminalmente Lula
no caso do tríplex por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica ao
supostamente ocultar a propriedade do imóvel - oficialmente registrado em nome
da OAS.
São acusados também a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o
filho mais velho do casal, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e mais 13
investigados. Na lista estão o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o
empresário Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, amigo de Lula, e ex-dirigentes da
Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop).
José Afonso Pinheiro nasceu no Paraná está no Guarujá há
30 anos. O zelador afirma que há três anos trabalhava no Solaris.
As declarações de Pinheiro foram prestadas em 23 de
outubro de 2015. O zelador disse aos promotores Cássio Conserino, Fernando
Henrique Araujo e José Carlos Blat que a ex-primeira-dama Marisa Letícia,
mulher de Lula, "chegou a frequentar o espaço comum do edifício indagando
sobre o salão de festa, piscina, áreas comuns".
A declaração do zelador dizia que, "os familiares do
ex-Presidente chegavam com um Passat preto e um carro, prata" e que
"eles chegavam com um corpo de seguranças, três ou quatro".
Em seu depoimento, Pinheiro narrou que os seguranças
prendiam "o elevador enquanto a família presidencial estava acomodada no
tríplex e isso, obviamente, gerava muitas reclamações". Relatou, ainda,
que "o funcionário Igor, da OAS, pediu para que não falasse nada, ou seja,
de que o apartamento seria do Lula e da esposa, mas, sim, deveria dizer que é
pertencente a OAS". "Esse pedido aconteceu depois do carnaval de
2015", disse.
Na ocasião, Pinheiro afirmou ainda que "nenhuma
outra pessoa diversa de integrantes da família Lula, ou do próprio casal
presidencial, frequenta ou frequentou a unidade 164-A". O zelador não
soube dizer se o tríplex esteve à venda, mas afirmou que a unidade,
"diferente de outras, nunca foi visitada por qualquer pessoa acompanhada
de corretor ou corretora de imóveis".
"As pessoas fazem o que fazem e nós trabalhadores,
que somos verdadeiros, que falamos a verdade, somos punidos", reclamou o
Pinheiro nesta sexta-feira. "No fim, os únicos que acabam sendo
prejudicados somos nós, que somos o lado do trabalhador e que falamos a
verdade. Não pode falar a verdade das coisas. Fui chamado a atenção, porque
falaram que eu falava demais", comentou.
"Em nenhum momento eu falei fatos que não tinham
ocorrido. O pessoal acha que você não pode falar a verdade. Tem que omitir,
mentir", disse. "Como eu vou falar depois que não sei, não vi? Não
posso", continuou.
A reportagem entrou em contato com a OAS, que não havia
retornou as ligações ata às 11h desta sexta-feira. O espaço está aberto para
manifestação da empreiteira.(AE)
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