Artigo, Marcelo Aiquel - Um desabafo em favor da ética

UM DESABAFO EM FAVOR DA ÉTICA

                Nasci, cresci e fui educado, numa família de advogados que sempre respeitou a ética acima do sucesso ou do ganho financeiro.
                Formei-me advogado numa universidade tradicional e tive a alegria, a sorte, e o prazer, de receber lições de mestres renomados, todos juristas de mão cheia. Posso citar alguns, como Hermann Homem de Carvalho Roenick, Ruy Rosado de Aguiar, Ney Fayet, Mario Aurvalle, Oscar Gomes Nunes, Maria Amália Dias de Moraes, Fernando Schneider, Luiz Carlos Lopes Madeira, João Antonio Pereira Leite, entre tantos outros ícones do direito estadual e nacional.
                E, quanta saudade eu sinto da advocacia de outrora.
                Não que antes não existissem maus profissionais. Como em todos os setores, havia sim.
                Mas – com certeza – era apenas uma minoria que ignorava a ética.
                Depois – e assim ocorre até hoje para alguns colegas – a ética na advocacia passou a se assemelhar ao comportamento profissional das mulheres “de vida fácil” que, quando trabalhando nos bordéis, miram unicamente um maior faturamento ao final do turno, a qualquer custo. Ou seja, aquela atitude respeitosa com relação à verdade e, principalmente, quanto aos colegas advogados, infelizmente acabou. Ou foi substituída – por estes alguns – pelo crescimento das suas contas bancárias; pela farta exposição na mídia; ou ainda, por um suposto relacionamento afetivo (de amizade ou interesses).
                Que saudade de um tempo em que os profissionais da advocacia tratavam seus oponentes com respeito e fidalguia.
                Todos aqueles que não agiam deste modo naquela época recebiam o desprezo geral e, com rapidez, criavam má fama.
                Tá certo que o número dos operadores de direito existentes era bem menor, e os que eventualmente “pisavam na bola” podiam ser facilmente identificados. Mas, ao contrário de agora, ÉTICA era ÉTICA. E ponto final!
                Hoje nos deparamos com gente que está mais preocupada em “mostrar serviço” ao cliente pagador, do que respeitar o direito e a justiça.
                Nesta semana o Brasil pode assistir aos impertinentes, arrogantes e inoportunos defensores do ex-presidente Lula da Silva, que, de tanto afrontarem ao magistrado que dirigia a audiência na Justiça Federal de Curitiba, levaram uma “chamada” do emérito Professor Doutor René Ariel Dotti. O octogenário jurista viu-se obrigado a ensinar – do alto da sua longa experiência – como deveriam se comportar os advogados, especialmente o “almofadinha” que é o porta-voz dos advogados de Lula.
                O mesmo CARADURA   que logo após o infeliz show do energúmeno ex-presidente, teve a coragem de declarar que o depoente obteve sucesso no interrogatório, quando – na verdade – além de inúmeras e graves contradições, ainda foi obstado pelo digno Juiz da audiência a fazer do ato um palanque eleitoral.
                Tá certo que a turma do Lula quis armar um CIRCO na capital do Paraná. Convocou simpatizantes e, na falta destes, não teve pudor nem vergonha de levar à Curitiba um bando de pelegos pagos que, por não saber sequer porque estavam lá, acovardaram-se diante da polícia local.
                E assim correu o depoimento: o “bufão” foi dominado pela seriedade do Juiz Moro; e seus marionetes confinados (e bem comportados) a uma praça.
                Só os antiéticos advogados tentaram aparecer, mas estava lá um velho professor para lhes mostrar o caminho da boa conduta.

                Oxalá tenham aprendido a lição!

Um comentário:

  1. Fabuloso artigo. Assisti indignado ao desrespeito dos advogados do "bufão" para com o Juiz Sérgio Moro. Senti-me realizado quando da intervenção do Dr. René Ariel Dotti passando uma compostura num desses Caraduras.Espero que tais cenas não se repitam.

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